Rio antigo - São José, igreja e rua
Paulo Pacini
JB
A escolha do Morro do Castelo como núcleo da colonização da cidade do Rio de Janeiro, em 1567, deu-se principalmente por razões de segurança, pois era um ponto a partir do qual os inimigos podiam ser facilmente avistados, viessem eles por terra ou mar.
Além disso, tinha terreno seco, quando a maior parte da várzea encontrava-se alagadiça. Apesar das vantagens do lugar, pouco tempo depois começava a ocupação das terras baixas, na inevitável expansão urbana.
Em uma época em que a devoção religiosa era um dos maiores alicerces da existência, a fé dos colonizadores frequentemente se materializava em ermidas, oratórios ou capelas, alguns dos quais tornaram-se embriões dos grandes templos hoje conhecidos.
Foi assim que, provavelmente no ano de 1608, foi construída a ermida de São José, próxima a um trecho do litoral entre as chamadas praias de Manuel de Brito e Piaçaba ou Pina Sapé.
Ficava na extremidade da segunda rua da cidade, a Rua da Misericórdia, que só perdia em antiguidade para a ladeira de mesmo nome, que fez parte da fundação da cidade.
A incerteza quanto ao ano de seu surgimento é devida à invasão francesa de 1711, quando seus livros foram destruídos. A velha ermida prosperou, transformando-se já no século 17 em igreja. Nessa época, pretendeu-se transferir a Sé da igreja de São Sebastião, no alto do morro, para a de São José, para evitar a cansativa subida quando das cerimônias religiosas naquela que foi a primeira igreja do Rio. A mudança acabou não ocorrendo.
A igreja original de São José, apesar de sua popularidade, estava em más condições, ao final do século XVIII, fazendo-se necessária uma verdadeira reconstrução. A reforma radical iniciou no ano de 1808, prolongando-se até 1842, e o templo que conhecemos data desta ocasião.
Ainda no século XVII, foi aberto, a partir da igreja, um trecho de rua que se unia com a antiga rua de Antônio Nabo, que foi um caminho indo do final da ladeira do Castelo até a Ajuda (Cinelândia). A nova via ampliada receberia, é claro, o nome de Rua São José, que perdurou até nossos dias.
Esta rua, e o templo que lhe emprestou o nome, possuem um rico passado, que remonta aos primeiros tempos da colonização, lutando para conquistar, palmo a palmo, a terra firme de onde germinaria a cidade que conhecemos, resultante de um desenvolvimento jamais sonhado pelos fundadores.
Segunda-feira, 25 de Maio de 2009 - 00:00
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