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sábado, 9 de junho de 2012

CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO E A HISTÓRIA EMPAREDADA ! . . .


História emparedada no convento de Santo Antônio


Durante restauração, arquitetos encontram os mais antigos confessionários do país

Publicado:


O convento de Santo Antônio: novas descobertas
Foto: O Globo / Marcos Tristão

O convento de Santo Antônio: novas descobertas O Globo / Marcos Tristão
RIO - Além de devolverem à cidade um importante bem tombado, as obras de restauração do conjunto do Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, estão revelando preciosidades arquitetônicas. Durante a prospecção da nave da igreja, arquitetos que trabalham na terceira fase das intervenções encontraram atrás da parede três antigos confessionários que datam da época da conclusão da construção (1628) e haviam sido cobertos por concreto numa das muitas reformas feitas no templo. Segundo os responsáveis pelo projeto, trata-se dos confessionários mais antigos do Brasil, já que, até então, só havia registro de peças semelhantes no Convento de Santa Teresa D’Ávila, em Salvador. As descobertas vão além: as equipes também acharam dois coruchéus (remate de uma coluna em forma de pirâmide) e o óculo (abertura para a entrada de luz) original da fachada, que permitirão a reconstituição do formato do antigo frontão do período colonial. Um painel com uma simulação de como ficará a nova (antiga) fachada foi colocado na frente da igreja.— Havia quatro confessionários na igreja que foram feitos na própria alvenaria, integrados ao muro. Isso nos permite dizer que são do século XVII. Até então, os mais antigos eram os do Convento de Santa Teresa D’Ávila, do século XVIII — conta o arquiteto Olínio Coelho, responsável pelo projeto de restauração arquitetônica. — Uma peça foi destruída com a abertura de uma parede para o convento. Encontramos os três restantes.
Um dos confessionários foi achado quando a equipe retirou o púlpito para restauração. Dentro do óculo, outro achado: partes de uma das esferas que ficavam sobre os coruchéus tinham sido usadas como enchimento. Com base no que restou da peça, explicam os especialistas, será possível calcular o raio da esfera e fazer uma réplica.
— Na entrada, encontramos ainda dois dos arcos que compunham a fachada original e um grande arco no lado esquerdo que era da galilé, espécie de varanda que fazia transição entre as áreas externa e interna da igreja. Com essas descobertas, poderemos devolver a fachada que a igreja tinha quando sua obra foi concluída, em 1628 — diz Felipe Borel, um dos arquitetos do projeto de restauração.
Segundo os responsáveis pela restauração, a maioria das reformas do prédio ocorreu no começo do século XIX. E muitas descaracterizaram a construção. O telhado do convento, por exemplo, foi elevado em cerca de um metro para receber as novas telhas, para garantir maior caimento.
Nas obras do convento também houve descobertas importantes na restauração das cinco capelas do período barroco, já em fase de conclusão. A retirada de várias camadas de tinta revelou tons de dourado, efeitos marmorizados e pinturas raras. Misturadas a imagens de madeira, foram encontradas peças de terracota, do início do século XVII, como as que retratam o nascimento e a morte de São Francisco.
— Somente na restauração das capelas levamos um ano. E ainda vamos finalizar uma delas. No altar-mor, a equipe de restauradores está neste momento devolvendo o brilho aos entalhes de madeira com folhas de ouro e aos portais, de lioz. Os trabalhos de restauração da igreja devem durar ainda dois anos — explica Felipe.
Dividida em quatro fases, as obras foram iniciadas em 2007. Esta terceira fase será concluída em 2014 e prevê a restauração da nave, do claustro, das celas e das capelas. Esta etapa está sendo feita pelo Centro de Projetos Culturais (Cepac), em parceria com o Iphan. Na quarta fase, serão restaurados o cemitério, os jardins e as lojas. As obras incluem a troca dos dois elevadores antigos e a instalação de mais dois elevadores panorâmicos. Até agora, já foram gastos R$ 19 milhões. Ao todo, a restauração custará R$ 45 milhões. O projeto é patrocinado por Vale, BNDES, Petrobras, Grupo Multiplan, Icatu Holding e ABC/Africa Publicidade.
Tombada pelo Iphan desde 1938, a construção completou 404 anos do lançamento de sua pedra fundamental (feito em 1608) no dia 4 deste mês. O historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti lembra que o convento abrigou um importante centro educacional no século XVIII. E que a chegada dos franciscanos revitalizou aquele pedaço da cidade:
— Quando aceitaram se instalar naquele morro, os franciscanos fizeram uma exigência: que fossem feitas melhorias no entorno e aberta uma rua (hoje São José) do morro até a orla.
Mesmo em obras, a igreja continua aberta: as missas foram transferidas para uma sala no convento e, partir do dia 13, haverá visitas guiadas (é preciso marcar pelo telefone 2210-5356).

sexta-feira, 8 de junho de 2012

DOM PEDRO II, ETERNAS LEMBRANÇAS ! . . .


Morte de Dom Pedro



Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, comprou de um colecionador carioca 50 jornais de 1891 — 45 brasileiros, quatro franceses e um argentino. Todos falam da morte de Dom Pedro II. 
Por pouco, os jornais não ficam aqui. O colecionador negociava as raridades com a Biblioteca do Congresso Americano. 

Arte roubada 

Darel, o gravurista, litográfo e pintor pernambucano de 86 anos, conta que lhe roubaram quase 200 gravuras. 

Algumas, diz, teriam aparecido num museu do Rio, onde vive. 


O MOSTEIRO DE SÃO BENTO


Quarta, 06 Junho 2012 13:03

O Mosteiro de São Bento

Escrito por

Há mais de quatrocentos anos, em 1589, chegavam ao Rio dois frades para se unir às fileiras de religiosos que aqui estavam em missão evangelizadora. Frei Pedro Ferraz e frei João Porcalho, contudo, eram os primeiros beneditinos na cidade, vindo somar a representação de sua ordem àquela dos jesuítas, presentes desde o início da colonização.
 
Sem muitas opções de hospedagem, pois a cidade havia sido criada há poucos anos, o governador Salvador Correia de Sá os encaminhou à ermida de N.Sª do Ó, que possuía um hospício anexo. A primitiva habitação situava-se onde é a atual igreja e convento do Carmo, com o mar quebrando a poucos metros, no meio da Av. Primeiro de Março. Os religiosos aceitaram de bom grado a oferta, mas ficariam por pouco tempo, pois receberam em doação uma grande área desmembrada da sesmaria pertencente a Manuel de Brito e seu filho, Diogo de Brito Lacerda. O terreno se estendia do atual Primeiro Distrito Naval até o Morro da Conceição, incluindo a Praça Mauá, e nele se encontrava um morro, chamado de Manuel de Brito, escolhido para a construção do mosteiro e igreja.
 
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Igreja de N.Sª de Monserrate, no Mosteiro de São Bento: patrimônio
secular preservado


No local já havia uma ermida, contudo, dedicada a N.Sª da Conceição, erigida por Aleixo Manuel e sua esposa, que foi doada aos beneditinos com a condição que estes realizassem os festejos da padroeira. Assim foi feito, e os dois frades se mudaram para o morro, que ficou conhecido como de São Bento. Outros companheiros se uniram aos pioneiros, logo a seguir. Alguns anos depois, contudo, em 1602, mudou-se a padroeira dos beneditinos de N.Sª da Conceição para de N.Sª de Monserrate, em gesto político, segundo Vieira Fazenda, para agradar o governador Francisco de Sousa, que era devoto da santa e que muito havia favorecido a ordem. N.Sª da Conceição iria para o morro em frente, que até hoje leva seu nome.
 
A antiga capela, porém, não atendia às necessidades da ordem, a qual havia crescido em importância, com seu patrimônio avolumado pelas doações de fiéis. Assim, decidiu-se por uma nova igreja, cuja obra iniciou em 1633. As pedras vieram do morro da Viúva, e foi concluída em 1642. O prédio é exatamente o mesmo de hoje, mas sua decoração interna, uma das mais ricas e artísticamente valiosas do Brasil, levaria bem mais de um século para se completar.
 
A igreja e mosteiro de São Bento foram parte integrante de todos episódios importantes da história carioca, especialmente durante o período colonial. Sofreu até mesmo ataques físicos, como o bombardeio feito pelo corsário francês Duguay-Trouin em 1711, que se apoderou da Ilha das Cobras e voltou seus canhões contra a bateria instalada no Morro de São Bento. O mosteiro, como toda cidade, acabou caindo nas mãos do invasor, e teve de pagar sua parte do resgate.
 
Figuras públicas de vulto freqüentaram os bancos de seu colégio, assim como grande número de profissionais, e a excelência de seu ensino, de fama secular, continua formando parte substancial da elite intelectual brasileira.
 
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A paz atemporal do claustro beneditino


A existência contínua por mais de quatro séculos do mosteiro de São Bento é uma dádiva cultural não só para a cidade do Rio de Janeiro, mas também para todo país, pois se trata de um monumento histórico e artístico de primeira ordem. Sua sobrevivência tornou-se possível pelo fato de que a Ordem teve força suficiente para se defender quer das investidas de vários governos, quer de especuladores, que trocariam sem pestanejar esse tesouro por dinheiro fácil e rápido. Em defesa do mosteiro certamente também se levantaram seus ex-alunos, muitos em posição de poder, para que este fosse conservado.
 
Muitas outras igrejas e ítens do patrimônio não tiveram essa sorte, e desapareceram para sempre, vítimas dos interesses velados ou ignorância dos governantes, ou nas mãos de aproveitadores. O mosteiro de São Bento mostra como poderia ter sido preservado e valorizado muito do que foi destruído, mantendo o legado da história da formação da cidade. A comparação entre o que foi mantido e o que se foi deve estar sempre presente nas mentes e corações daqueles que visitam São Bento, visita aliás obrigatória e imperdível, não só para turistas, mas para todo morador dessa cidade.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Implosão da História do Brasil !

Edgard Catoira

Rio de Janeiro

05.06.2012 16:26

Implosão da História do Brasil


Marcelo Roberto Ferreira, presidente da Associação Comercial e Empresarial da Cidade Nova (ACECN), região portuária do Rio de Janeiro, tem seu escritório ao lado da prefeitura. Defensor do patrimônio histórico da cidade, Ferreira cria caso onde encontra degradação de imóveis ou sítios históricos. E a Cidade Nova, agora centro de atenção da revitalização do porto, é rica em bens culturais das épocas do Brasil Colônia e Império. Com o início das obras, que realmente deixarão o bairro renovado e lindo, Ferreira circula, querendo evitar que se destrua qualquer vestígio importante de épocas passadas.
Pedaços de granito da casa demolida em 24 horas, em foto de Marcelo Roberto Ferreira

Foi assim que, no dia 30 de maio passado, ele soube que em escavações ao lado da prefeitura, foi encontrada uma casa inteira, construída entre final do século XIX e inicio do XX. Imediatamente ele conseguiu falar com o prefeito Eduardo Paes, que não tinha ainda tomado conhecimento da descoberta. Mas era tarde demais. No dia seguinte, porém, quando foi ver a casa, ela já tinha sido demolida. Ferreira ainda fotografou o que restava, lamentando ver imensas pedras de granito arrebentadas.
Quando ele me contou esse fato, procurei a vereadora Sônia Rabello (PV), que também tem inspecionado as obras do porto com a mesma visão de preservar o passado da História, que não é só do Rio, mas do Brasil.
Nesse mesmo dia, a vereadora, no plenário da Câmara Municipal, tentou evitar que fosse aprovado o projeto enviado pelo prefeito que autoriza o Banco Central a aumentar o gabarito do prédio que pretende levantar no local. Ela, inclusive, denunciou que o Banco Central sabe, mas não avisou, que no terreno existe importante acervo arqueológico, parte do antigo cais do Valongo, onde eram desembarcados os escravos, e o cais da Imperatriz, construído para receber Tereza Cristina, em 1843, que mais tarde seria imperatriz do Brasil.
Poucos vereadores apoiaram a solicitação de Sônia Rabello e resolveram, mesmo sem pesquisa mais apurada, aprovar o projeto do BC.
Cais do Valongo, documentado por Rugendas, e Mercado de escravos do Valongo, por Debret

O que ninguém sabia era que, naquele exato momento, o Ministério Público Federal abria inquérito para investigar se essas obras têm licença dos órgãos ambientais e arqueológicos. É claro que as licenças não existem: o próprio IPHAN ainda não tem conclusões sobre as pesquisas desses sítios arqueológicos.
O poder econômico, porém, mais uma vez prevaleceu. E as implosões para as obras começaram no sábado, dia 2 de junho.
Isto quer dizer que mesmo que o Ministério Público consiga tentar proteger o patrimônio, tudo já estará demolido. E Sônia Rabello diz que as “implosões levarão consigo o patrimônio arqueológico do Brasil”, lembrando que o Rio tem sua história revelada no porto, mostrando “como e por que a cidade se tornou capital de referência do país.”.
Assim, o presidente da ACECN pode continuar na sua luta inglória – todo o patrimônio histórico está sendo tratado como o casarão que ele tentou preservar. Implodidos.
Ficam no ar, as perguntas da vereadora:
Cais do Valongo e da Imperatriz, em foto de Sônia Rabello

Será que esta história vai ser revelada, como em Roma, ou será enterrada ou implodida para sempre? Quem são os responsáveis?
Volto a me lembrar de minha avó Manoelinha, quando dizia – “o negócio é se queixar para o bispo.” Sendo que, no caso do Rio, nem o bispo pode preservar nosso patrimônio.
Em tempo: também há uma semana, na Praça Antero de Quental, no Leblon, foram encontrados utensílios, moedas e um muro do século XVIII. Recolhidas as peças portáteis, o terreno foi liberado para a construção de um prédio. Não se sabe se o muro, parte da História do Rio, era tão desimportante assim.
Paro por aqui, porque descasos como estes estão acontecendo em todo o município há tempos.

AUTOMÓVEL CLUB, DEPOIS DA GRITA, O PREFEITO ACORDA ! . . .


Prefeito volta atrás e diz que não vai mais vender prédio do Automóvel Club


Edifício arrematado em 2004 entrou numa lista com outros 34 imóveis dos quais o município abre mão

Publicado:

Prefeitura desiste de vender o prédio do Automóvel Club
Foto: Carlos Ivan (Arquivo) / O Globo
Prefeitura desiste de vender o prédio do Automóvel ClubCarlos Ivan (Arquivo) / O Globo
RIO - O prefeito Eduardo Paes disse, na tarde desta segunda-feira, que vai retirar o prédio do Automóvel Club do Brasil, na Lapa, da lista de 35 imóveis da mensagem que encaminhou na semana passada para Câmara dos Vereadores pedindo autorização para que fossem vendidos. Paes admitiu que errou ao assinar o documento sem observar que o endereço citado na Rua do Passeio era a antiga sede do imóvel.
— O erro foi meu. Não sei como ele foi incluído na lista. A nossa ideia agora é fazer um Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Município. Também vamos oferecer para a presidente Dilma o imóvel para que ele possa ser a sede do Centro de Sustentabilidade da ONU, que é um projeto em discussão na Rio + 20 — afirmou o prefeito.
Após anunciar, nos últimos anos, uma série de projetos para transformar em centro cultural o antigo prédio do Automóvel Club do Brasil, na Lapa, a prefeitura acabou incluindo o imóvel, que arrematou de particulares num leilão em 2004, na lista. A casa é tombada desde 1965 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) pelo seu valor histórico e arquitetônico.
O prédio foi inaugurado em 1860 como um salão de bailes frequentado pela alta sociedade do império: o Cassino Fluminense. Em 1890, sediou uma Assembleia Constituinte da República recém-proclamada. Em 30 de março de 1964, entrou para a História como o local onde o ex-presidente João Goulart discursou antes de ser derrubado pelo golpe militar .
Ao longo dos últimos oito anos, a prefeitura estudou fazer no local um centro de memória da cidade, a nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), uma galeria para o acervo art déco do colecionador português José Bernardo, além da Biblioteca Central do Rio e um clube de jazz.
As declarações do prefeito foram dadas na saída do Hotel Sofitel em Copacabana, onde o COI está reunido detalhando os projetos para Olimpíada. O prefeito anunciou que em julho começam pelo trecho da Zona Norte as obras do corredor Transolímpico, que ligará Barra à Deodoro. O projeto final ainda não está pronto porque as desapropriações necessárias estão sendo revistas no trecho da Zona Norte.
Paes anunciou também que o Autódromo de Jacarepaguá só fechará em dezembro, mas que em julho começam intervenções incluindo a retirada de alguns módulos de arquibancadas.
— O autódromo será o futuro Parque Olímpico da cidade — disse Paes.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

REPÚBLICA: ONDE O MENOS, VALE MAIS ! . . .




Heroína da pátria
04 Jun 2012

Ancelmo Gois

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou, em caráter conclusivo, a inscrição do nome de Bárbara Pereira de Alencar (1760-1832) no “Livro dos Heróis da Pátria”.
Bárbara foi a primeira presa política do país, na Revolução Pernambucana de 1817, contra a coroa portuguesa.

PORTO MARAVILHA E O SEU TESOURO !


O tesouro encontrado nas escavações do Porto do Rio


Peças encontradas ajudam a contar a história da cidade

Publicado:

RIO - Transformada num grande canteiro de obras, a Zona Portuária do Rio se tornou um valioso campo de arqueologia urbana. Desde janeiro de 2011, pelo menos quatro equipes de especialistas vêm percorrendo cerca de 5 milhões de metros quadrados, num trabalho de garimpagem que precede as construções do projeto Porto Maravilha, de revitalização e remodelação. Até agora foram recolhidos — ou apenas registrados — pedaços de cerâmica, cachimbo, ossos de animais, moedas, pulseiras, colares, resquícios de muralhas e outros vestígios que revelam um pouco da história da ocupação da cidade nos séculos XVIII e XIX. Só de canhões, já foram contabilizados sete. Uma lista que, segundo o último levantamento, totaliza 80 mil peças, somente na área que está sendo pesquisada pela equipe do Consórcio Porto Novo, responsável pelas escavações na maior parte da região.

— É como montar um quebra-cabeças de milhares de peças que, aos poucos, vai revelando cenas, construções e costumes de diferentes épocas do passado do Rio. A partir do que estamos encontrando por aqui, diversas linhas de pesquisa vão aparecer para tentar contar um pouco da história da cidade nos últimos 500 anos — explica Erika Gonzales, chefe do programa de arqueologia do Consórcio Porto Novo.
O trabalho de arqueologia para monitoramento do solo da região foi divido em duas fases e está sendo realizado por equipes diferentes. Na primeira, que integra o pacote de obras de infraestrutura feito pela Secretaria municipal de Obras, o grupo é chefiado pela doutora Tânia Andrade Lima, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esta fase, iniciada em janeiro de 2011 e prevista para acabar até junho, compreendeu 27 vias, em cinco quarteirões, que incluíram as ruas Barão de Tefé, parte da Sacadura Cabral e a Avenida Venezuela, além do Morro da Conceição e a Avenida Rodrigues Alves. Na fase dois, as sondagens arqueológicas começaram há sete meses, coordenadas pela equipe de Erika, contratada pelo Consórcio Porto, a quem caberá a missão de vasculhar, pelos próximos quatro anos, 57 quilômetros de vias que não serão pesquisados pelo grupo da professora Tânia. Todo o trabalho arqueológico está sob a supervisionado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os últimos achados foram dois canhões, resgatados do subsolo da Praça Mauá e da altura da Avenida Primeiro de Março, na semana retrasada. Artilharia, que, pelos cálculos dos arqueólogos, parece datar dos séculos XVIII e XIX, e mede entre 2 e 4 metros. Lá também foram descobertas, em abril, três âncoras medindo entre 3,5 metros e 4,35 metros que estavam no subsolo da região e, de acordo com as primeiras avaliações, datam da mesma época dos canhões. Naquelas áreas também foi desenterrada, no dia 4 de maio, a pedra fundamental das Docas Dom Pedro II, lavrada em 15 de setembro de 1871 pelo engenheiro André Rebouças. As âncoras, os canhões e três balas de canhão, foram os objetos mais significativos recolhidos até o momento, na avaliação de Erika Gonzales.
O material, que está sendo classificado e pesquisado no Laboratório de Antropologia Biológica da Uerj, traz objetos que impressionam pelo bom estado de conservação, como um conjunto de três tinteiros ingleses de cerâmica, retirados intactos, durante escavações nos arredores da Praça Mauá. Num poço situado perto de um antigo arsenal da Marinha, as equipes se depararam com uma garrafa em perfeito estado, que acreditam ser do século XVIII. O acervo inclui, ainda, faianças inglesas do século XIX, cabos de colher, restos de sola de sapato de couro e pedaços de dentes de cavalos. Na Praça Mauá, foram prospectados principalmente peças do século XIX. Já na Primeiro de Março, alguns objetos do final do século XVIII. Nas proximidades da Avenida Primeiro de Março, esquina com a rua Visconde de Inhaúma, surgiu uma muralha de 50 metros de extensão, pertencente a uma artilharia da Marinha. Um outro pedaço de muralha foi desvendado mês passado. Segundo a prefeitura, até agora as escavações não provocaram atrasos nas obras do Porto Maravilha.
Os arqueólogos da Concessionária Porto Novo estão catalogando as peças e vão lançar em breve um museu virtual, onde o internauta poderá ver fotos e vídeos, além de um arqueoparque, que vai reproduzir em 3D alguns dos prédios e ruas dos séculos XVIII e XIX.