Paulo Pacini
JB
Quando chegou ao Rio em 1769, o Marquês do Lavradio, novo vice-rei do Brasil, trouxe com suas bagagens uma série de boas intenções.
Almejava deixar uma marca perene na história da cidade, através de obras e de uma administração diligente. Ao conhecer a realidade, contudo, deu-se conta da enormidade da tarefa e da longa luta a travar contra condições desfavoráveis, que muito dificultavam as sonhadas reformas.
Após o choque inicial, entretanto, o Marquês conseguiu reunir forças e seguir adiante.
Grande área foi conquistada por ele drenando os alagados que se estendiam da Lapa à Cruz Vermelha e à Praça Tiradentes. Novas logradouros foram abertos, dentre eles o que o homenageia, a Rua do Lavradio, e uma nova via de comunicação entre o início da Rua do Riachuelo e a Lapa, só completada no século XIX, que é a Rua do Resende.
O trecho ligando o largo da Lapa à Rua do Resende, composto em seu início pela rua das Mangueiras (Visconde de Maranguape), só se completaria em 1805, através de um novo caminho que recebeu o nome apropriado de Rua dos Arcos, pois começava após o aqueduto e terminava na Rua do Lavradio.
Situada aos pés do Morro de Santo Antônio, foi prontamente ocupada por imóveis residenciais e comerciais, principalmente após as reformas feitas em 1859 e 1872, quando o pilar que ficava no meio da rua foi eliminado, criando-se um grande arco, por onde os diversos veículos podiam enfim passar livremente.
Durante o século XX, a rua manteve suas características, mesmo após a reforma de Pereira Passos de 1906, que eliminou as ocupações que existiam entre os vãos dos Arcos e prolongou a Rua dos Barbonos (Evaristo da Veiga) até a Ladeira de Santa Teresa.
A Rua dos Arcos fazia parte da região da Lapa, e compartilhou seu clima boêmio, que tanto marcou o conhecido bairro.
Mas sua inclusão no contexto da Lapa iria também selar seu destino, pois, a partir da destruição do morro de Santo Antônio, que terminaria nos anos 60, os imóveis foram progressivamente demolidos, o mesmo ocorrendo no lado direito da Rua do Lavradio. Em 1974, era dado o golpe final na Lapa, levando por tabela o que restava da Rua dos Arcos.
Deve-se destacar o esforço de quem lutou para preservar a Fundição Progresso, único e último prédio da antiga rua. Os sobrados, transformados em terreno baldio, fazem falta hoje em dia, quando o bairro renasce e escreve uma nova página em sua centenária história.
Segunda-feira, 29 de Junho de 2009 - 00:00
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