A Praia da Saudade em 1908, com a famosa exposição ao fundo
04/08/2009 - 11:28
Enviado por: Paulo Pacini
JB
Durante séculos, o trecho da baía de Guanabara entre a enseada de Botafogo e o Morro da Urca permaneceu quase deserto, tendo como moradores alguns poucos pescadores, que dali saíam com seus barcos para tentar a sorte nas águas da baía e mais além.
Um dos primeiros atos de ocupação da área foi o início da construção, em 1698, do Forte da Praia Vermelha, pois o local era considerado extremamente vulnerável em caso de invasão.
O vice-rei Conde da Cunha (1763-1767) o reconstruiu, e o Marquês do Lavradio, anos depois, o transformou em quartel.
A instalação militar passou a gerar algum movimento, servindo de certo modo como pólo atrativo, o que viria a acontecer durante o século XIX, no governo de D. Pedro II, quando começaram a ser feitas as primeiras construções em um ponto tão privilegiado, de frente para o mar e com uma paisagem magnífica.
Em 1852, era inaugurado o Hospício, atual prédio da UFRJ, recebendo doentes mentais vindos da Santa Casa, no centro.
O novo imóvel mudou completamente o aspecto e o valor da área, sendo posteriormente seguido por outras iniciativas de destaque, como o Instituto Benjamim Constant, cuja obra, iniciada em 1872, só terminaria em 1896, e a desaparecida Escola de Medicina.
Na época, muito antes de receber o nome de Avenida Pasteur, o logradouro era conhecido como Praia da Saudade, pois de fato lá havia uma praia.
Não se sabe ao certo a origem do nome, mas, segundo algumas versões, devia-se ao fato de que dali ficava se olhando os navios partir, talvez levando um ente querido.
Mas a grande transformação da praia e suas adjacências aconteceu em 1908, quando da exposição de 1908, comemorativa ao centenário da abertura dos portos.
No intervalo de alguns meses, construíram-se vários pavilhões em alvenaria, que deixariam deslumbrados os felizes visitantes.
Surgia uma cidade encantada do dia para a noite, em terras anteriormente quase desertas.
Mais ainda, foi o início do bairro da Urca, formado pelos aterros iniciais e ruas abertas a partir da exposição.
A Praia da Saudade foi aterrada, sendo construída uma balaustrada de pedra ao longo da avenida, à beira-mar, mas ainda era usada como atracadouro para os pescadores.
A partir dos anos 20-30, a construção do Iate Clube ocupou o local da antiga praia, que na verdade, já não existia há algum tempo, tornando-se mais uma lembrança carioca, evocada nas páginas dos autores do passado.
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