Fazendas no Vale do Café que servem de cenário para novelas investem no turismo histórico
FABÍOLA ORTIZ
Colaboração para o
UOL Viagem
As fazendas históricas que viveram o auge do ciclo do café no século 19 na
região conhecida como Vale do Café, no Rio de Janeiro, durante o período do
Brasil Império, resistem ao tempo e hoje se destacam como grandes polos de
atração para o turismo cultural. Os atuais proprietários investem no turismo
histórico e no romantismo para seduzir visitantes de todas as partes do
Brasil.
Conheça as fazendas no Vale do Café (RJ)
Foto 23 de 33 - Fazenda
União oferece espaço na cavalaria para locação de cavalos ou hospedar os animais
levados por seus hóspedes Mais
Fabíola Ortiz/UOL
Na região fluminense, existem 220 fazendas remanescentes do período café, mas
apenas 30 estão abertas à visitação e somente algumas se tornaram hotéis
fazendas e criaram pacotes convidativos para os apaixonados por turismo
histórico. Valença, Rio das Flores, Vassouras e Barra do Piraí são os principais
municípios no Vale do Paraíba Fluminense que concentram o maior número de
atrativos turísticos.
OPÇÕES DE PASSEIO EM CONSERVATÓRIA
Casa de Cultura | Uma das fachadas mais bonitas da cidade, o vistoso sobrado
teve como morador o padre João Pedron. O local abriga exposições permanentes e
itinerantes de esculturas e pinturas, de artesãos, tapeçarias, música ao vivo,
palestras. Hoje a Casa abriga o maior acervo de músicas de serestas do país e
serve como um dos grandes motivadores da tradição da música na
cidade. Rua Monsenhor Paschoal Librelloto, 307 Tel: (24) 2438-1316 / 2438-1993 |
Museu Silvio Caldas, Gilberto Alves, Guilherme de Brito e Nelson Gonçalves | Foi construído há cerca de 10 anos, com o objetivo de tentar
reproduzir fielmente um sobrado do século 19. O acervo reúne documentos,
fotografias, discos e objetos pessoais desses músicos. Lá estão a carteira
profissional de Guilherme, o chapéu panamá de Nelson, o violão que Juscelino
Kubistcheck ofereceu a Silvio Caldas em 1957 entre outros objetos. Rua Dr. Luiz de Almeida Pinto, 44 |
Museu Vicente Celestino e Gilda Abreu | O espaço abriga vasto material pessoal de Vicente Celestino e
sua esposa Gilda de Abreu. Conta com discografia do artista, figurinos de filmes
e roupas do casamento. Há também uma Galeria dos Imortais, com acervo de outros
artistas, e uma sala de pesquisa da MPB, com mais de 2000 fotos, títulos,
recortes de jornais e revistas. Rua Oswaldo Fonseca, 63 Tel: (24) 2438-1134 |
Museu de música | Inaugurado em 2000, em parceria com a prefeitura de Valença,
conta com acervo doado pela filha de Silvio Caldas, pela filha de Nelson
Gonçalves e amiga de Gilberto Alves. R. Luiz Almeida Pinto, 44 Tel: (24) 2438-1134 |
Museu Sacro da Matriz de Santo Antônio | O museu localiza-se no interior da igreja matriz de Sto.
Antônio e está instalado na capela de N. S. das Dores e Senhor dos Passos. O
espaço reúne peças sacras onde o visitante poderá observar castiçais de madeira
do século 18 e um estandarte do sagrado coração de Jesus, do século 19, todo
trabalhado em filigranas, entre outras peças. Praça Getúlio Vargas, s/nº Tel: (24) 2438-1316 / 2438-1993 |
Estação Ferroviária | O prédio da Estação Rodoviária Dr. Jair Nóbrega está situado no centro de Conservatória. A antiga Estação da Rede Mineira de Viação foi inaugurada por D. Pedro II em 21 de novembro de 1883. Com a extinção do trem em 1961, foi transformada em rodoviária. A atual rodoviária teve como material de construção, no térreo, as pedras retiradas da escavação do Túnel que Chora. No segundo pavimento foram utilizados tijolos vindo da França. |
Serra da Beleza | A Serra da Beleza é um maravilhoso ponto turístico onde, de
seu cume, já se avista o Estado de Minas Gerais. Seu ponto mais alto é o pico do
Piris com 1.300m e o pico do Cavalo Russo com 1.295m. É procurada por ufólogos
como ponto de Acontecimentos Extraterrenos (os OVNI's). Tel: (24) 2453-2972 |
Balneário Municipal João Raposo - Cachoeira da Índia | O balneário é conhecido como Cachoeira da Índia por ter no
meio do lago formado pela cachoeira uma escultura em bronze, que evoca uma
mistura de índia com sereia. Formada por dois pequenos saltos do Rio dos Índios,
está localizada em área ampla e urbanizada, devido à implantação de um balneário
composto de restaurante, bar, sanitários, campo de futebol society e quadra de
vôlei. Tel: (24) 2438-1188 |
Próximo à vila de Conservatória, no distrito de Valença, a Fazenda Florença
pertencia à família Teixeira Leite de origem portuguesa e hoje oferece 35
quartos e mais duas suítes de 130 metros quadrados para hospedagem. De 1852, a
fazenda com 110 hectares serviu como set de gravação para a novela da Rede Globo
“Escrava Isaura”, em 1976, e dez anos depois serviu de cenário para “Sinhá
Moça”. Em 1986, a extinta Rede Manchete também aproveitou a fazenda para gravar
“Dona Beija”. A última novela a ter gravações na Florença foi “Paraíso”, em
2009.
“As fazendas do século 19 no estado do Rio têm a singularidade de terem sido
preservadas na sua arquitetura e no seu mobiliário. As fazendas começaram a se
firmar no ciclo do café a partir de 1830 e apresentam requintes arquitetônicos”,
disse Paulo Roberto dos Santos, proprietário há 14 anos da Fazenda Florença.
Em ótimo estado de conservação, o casarão de Florença, hoje transformado em
museu, guarda em seus 30 cômodos móveis de madeira, armários, prataria, louças
de cristal, luminárias e objetos decorativos do século 19. As paredes da casa de
800 metros quadrados guardam ainda esta história viva do glamour que viveu a
região no auge do ciclo do café.
No casarão Florença, aberto à visita guiada tanto para hóspedes quanto para
turistas que agendam, é possível percorrer as salas de estar, de jantares,
quartos e alcovas e sentir o clima de 1800 em pleno século 21. E para completar
o fim de semana, o espaço abriga apresentações de música instrumental na capela,
seresta e sarau histórico aos fins de semana, além dos tradicionais atrativos de
hotel fazenda como ampla área de lazer, quadra de tênis, campo de futebol e
piscina térmica.
A Fazenda Florença também integra pela terceira vez a programação do Festival
Vale do Café 2011, que ocorrerá entre os dias 22 e 31 de julho de 2011. Desde a
sua criação, o festival já recebeu mais de 600 mil pessoas pelas dezenas de
fazendas que abriram suas portas para realização de saraus e concertos de música
instrumental brasileira. No festival, estão previstos também shows em praças
públicas e cortejos de tradições populares locais.
O sarau histórico que a Fazenda Florença está preparando para os visitantes
será uma novidade que promete emocionar. Marcado para o dia 31 de julho, o sarau
teatral com música vai contar a vida do barão de Guaraciaba, o único barão negro
do império. Na performance estarão representados o Conde d’Eu (marido da
Princesa Isabel), figuras como o Visconde da Gávea, Chiquinha Gonzaga e o
Capitão da Guarda Imperial. Após a apresentação, será oferecida aos visitantes
uma degustação de gastronomia francesa, portuguesa e brasileira com pratos
típicos.
Já a Fazenda União, localizada em Rio das Flores, é datada de 1836 e hoje é
considerada uma das mais luxuosas e de mais alto padrão de preservação do
patrimônio histórico deste período. Lá o visitante tem a oportunidade de
mergulhar na história da região e dormir em quartos mobiliados com objetos
verdadeiros do tempo do império.
O casarão de 900 metros quadrados que pertencia ao Visconde de Rio Preto
abriga coleções de arte sacra e peças do século 19 que pertenceram à Imperatriz
Leopoldina ou à Dom João IV, e oferece dez quartos decorados e adaptados dentro
da casa-museu para hospedar turistas. Além de aposentos dentro do casarão com
mobiliário de época, há quartos remodelados no espaço que antigamente era a
senzala. São seis quartos temáticos e assinados pelo decorador carioca Chico
Gouveia.
- A Casa Museu da Fazenda Florença está aberta à visita tanto para hóspedes quanto para turistas
Com pista para pouso de helicóptero e espaço para locação na cavalariça, a
Fazenda União aposta no diferencial da convivência e interação dos hóspedes no
ambiente histórico. A fazenda oferece serviço de cavalgada para turistas que
desejam conhecer a região com direito a piquenique, assim como um passeio de
Ford de 1929 (um dos primeiros modelos de carros a chegar ao Brasil) na virada
do século 20. A igrejinha está sendo reconstruída e poderá realizar batizados e
casamentos.
E num ambiente repleto de verde e montanhas, atrativos ecológicos como
caminhadas, arvorismo e vista do mirante também estão em alta. A fazenda está
próxima de inaugurar o "Balneário da Baronesa" com piscina térmica, casa de
banhos, saunas e espaço para tratamento estético com produtos feitos à base de
café.
A gastronomia é desenvolvida a partir de receituários das fazendas do século
19, assinados pela historiadora Ana Roldão, atual diretora da Fazenda
União. Após passar por um longo período de restauração e reformas, tendo sido
aberta ao público há cerca de cinco meses, a União integrará pela primeira vez
o circuito de apresentações do Festival Vale do Café.
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