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sábado, 18 de maio de 2013

A Rua Estreita


Quarta, 08 Maio 2013 12:23

A Rua Estreita

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Durante séculos, a principal porta de entrada do Rio de Janeiro foi o mar, pois, além de via de comunicação natural, ligada a outros pontos do território, era por onde passavam as riquezas extraídas da colônia rumo a Portugal. Além disso, a coroa só fazia obras que garantissem a continuidade da exportação, como as fortalezas. Quanto às estradas, eram usadas antigas trilhas indígenas, quase sem nenhuma melhoria.
 
Do primeiro porto da cidade, logo abaixo do Morro do Castelo, chamado inicialmente de Praia e Porto dos Padres da Companhia, em referência ao grande movimento rumo ao colégio dos Jesuítas, no alto do morro, a faixa litorânea logo foi ocupada, acompanhando a expansão ocorrida no século XVII na várzea, iniciando onde é a atual Praça XV. O trecho inicial chamou-se Marinha da Cidade, se estendendo na direção do Morro de São Bento. Nesse local a praia passou a se chamar de Brás de Pina, nome de um rico contratador da pesca da baleia que ali morava.

 
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A Rua Estreita de São Joaquim, vista da torre da igreja de mesmo nome, no
início do século passado.  À direita e ao alto pode ser vista a Candelária.

O crescimento e aproveitamento das terras junto a essa praia levou à abertura de ruas, e uma das primeiras foi a Rua dos Pescadores, hoje Visconde de Inhaúma. Não ia muito longe no começo, pois logo encontrava um dos habituais alagados da época, só chegando ao Largo de Santa Rita aproximadamente em meados do século XVIII. No final desse mesmo século, durante o governo do Conde de Resende, começava a urbanização do Campo de Santana, assim chamado após a construção da Capela de Santana em 1735, onde é hoje a gare da Central do Brasil.
 
O desenvolvimento dessa região ocasionou um aumento do tráfego de pessoas e mercadorias provenientes da região costeira, as quais eram obrigadas a passar por caminhos tortuosos, uma vez que não havia acesso direto. A praia dos Mineiros, antiga Brás de Pina, era nesse momento o principal porto de desembarque, onde chegavam inúmeros barcos provenientes de vários portos no fundo da baía, como os da Estrela, Iguaçu e Mauá, trazendo cargas e passageiros que haviam descido a serra em tropas de burros, vindos do interior, principalmente de Minas Gerais. Portanto, tornou-se necessária a abertura de uma via mais direta dos Mineiros até o Campo, e isso foi em parte resolvido com uma nova rua, chamada de São Joaquim, por conta da igreja de mesmo nome construída em 1758 onde fica o atual colégio Pedro II.
 
A rua possuía dois trechos distintos: entre o Campo de Santana e a Igreja de São Joaquim tinha grande largura, sendo daí chamada de Rua Larga de São Joaquim. Da igreja até a Rua da Vala (Uruguaiana) era estreita, e ficou conhecida como Rua Estreita de São Joaquim. Esta última foi aberta aos poucos, a partir do trecho conhecido como Ilha Seca, um terreno que ficava em nível pouco mais elevado que os alagados à volta, próximo à rua da Conceição, até finalmente alcançar a Igreja.
 
Tornou-se possível ir mais fácilmente do Cais dos Mineiros até o Campo de Santana, mas não de maneira direta, pois a Rua dos Pescadores (Visconde de Inhaúma) terminava no Largo de Santa Rita. Daí partiam dois caminhos: pegava-se um trecho da rua dos Ourives (Miguel Couto) até a rua da Violas (Teófilo Otoni), ou então a Travessa do João Batista, também terminando na rua das Violas, e daí à rua da Vala e finalmente alcançando a rua Estreita de São Joaquim.
 
Esse acesso, em uso por mais de um século, desapareceria a partir de 1904, época de grandes modificações na cidade, sendo uma delas o alargamento da Rua Estreita nas mesmas dimensões da Rua Larga ligando-a com a Visconde de Inhaúma no Largo de Santa Rita. A nova rua receberia o nome de Marechal Floriano, tornando-se uma das principais vias de comunicação do centro do Rio. Apesar de suas dimensões generosas, é um local no qual ainda é possível se sentir relativamente à vontade, diferentemente do que ocorre na Av. Presidente Vargas, obra de dimensões desnecessárias que criou um deserto urbano inóspito e selvagem.

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