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quarta-feira, 30 de maio de 2012

RICO RIO DE JANEIRO . . . HISTÓRIA EM CADA ESQUINA E EM TODOS OS LUGARES !


Escavações revelam tesouros arqueológicos no Leblon


Cerca de 500 fragmentos dos séculos XVIII e XIX foram encontrados em área onde subirá um prédio

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As arqueólogas Jackeline de Macedo (sentada) e Ana Cristina Sampaio trabalham desde fevereiro na área, onde até o ano passado funcionava uma lavanderia
Foto: Ana Branco / O Globo
As arqueólogas Jackeline de Macedo (sentada) e Ana Cristina Sampaio trabalham desde fevereiro na área, onde até o ano passado funcionava uma lavanderiaAna Branco / O Globo
RIO - Num dos quarteirões do Leblon, onde o metro quadrado é um dos mais valorizados do Rio, a descoberta de um tesouro arqueológico promete trazer novas informações sobre a história da ocupação do bairro. Como noticiou a coluna Gente Boa, do GLOBO, escavações num terreno na esquina das ruas General Urquiza com Humberto de Campos revelaram aproximadamente 500 fragmentos de objetos dos séculos XVIII e XIX. Entre os achados estão pedaços de louças, ferramentas, ossos de animais e azulejos, além de parte de uma edificação provavelmente do século XVIII.
As arqueólogas Jackeline de Macedo e Ana Cristina Sampaio trabalham desde fevereiro na área, onde até o ano passado funcionava uma lavanderia. A pesquisa começou a pedido do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e da prefeitura, no processo de licenciamento para a construção de um prédio no local. Como o Leblon é Área de Preservação do Ambiente Cultural e a General Urquiza fica próxima à Rua Dias Ferreira — que, segundo historiadores, seria o caminho do Quilombo do Leblon — a pesquisa foi solicitada antes do início das obras no terreno.
— Começamos as escavações em fevereiro e logo achamos fragmentos de louças finas produzidas fora do Brasil, no século XIX. Isso estava de acordo com a história de povoamento do Leblon no século XIX, quando esse terreno foi adquirido pelo francês Charles Leblon. Logo depois começamos a achar objetos mais antigos, que indicavam uma ocupação anterior — explica Jackeline, coordenadora da pesquisa arqueológica.
Um dos exemplos que ilustra a ocupação anterior à de Charles Leblon é uma moeda datada de 1700.
— A moeda é portuguesa. Encontrar uma dessas no Centro do Rio não seria surpresa, mas, aqui no Leblon, foi inesperado — conta Ana.
Outro marco de ocupação no século XVIII são os vestígios de um muro no terreno.
— Pelas características, grandes pedras e uma espécie de argamassa com areia e conchas, tudo indica que seja uma construção do século XVIII. Provavelmente é parte de uma estrutura maior. Não tem características residenciais. Por isso, acreditamos que era usada como área de trabalho — acrescenta Jackeline.
Alguns objetos indicam que um dos bairros mais valorizados do Rio era uma área de difícil acesso nos séculos XVIII e XIX.
— Ossos e pedaços de vidro serviam de utensílios e ferramentas. Isso mostra a dificuldade para que as matérias primas chegassem ao Leblon, onde só se tinha acesso por mar ou pela Lagoa Rodrigo de Freitas — diz Ana.
Após o término das pesquisas, previsto para amanhã, a área deve ser liberada para a nova construção. As peças estão sendo levadas para o Iphan e parte delas poderá ser exposta em museus. Segundo a construtora responsável pelo empreendimento e financiadora da pesquisa arqueológica, as descobertas não alteraram o cronograma de obras. O prédio, de seis andares, começa a ser construído no segundo semestre.
Segundo o historiador Nireu Cavalcanti, nos séculos XVII e XVIII a cidade foi ocupada do Centro até o Vidigal, passando, dessa forma, pelo Leblon. A Câmara dos Vereadores distribuía terras e, nesses dois séculos, já havia chácaras no Leblon:
— O poder público também concedia casas a pescadores, desde que fossem construções temporárias.
A superintendente do Iphan no Rio, Cristina Lodi, ressalta que a pesquisa arqueológica em pontos de interesse histórico e cultural da cidade é fundamental.
— O Rio tem áreas com grande significado histórico e cultural. Nesses pontos, a pesquisa de solo se torna importante para desvendar as camadas sobrepostas. Por isso o Iphan pede uma pesquisa arqueológica antes de qualquer obra — explica Lodi, lembrando que as intervenções em outras regiões, como a da Zona Portuária, também contam com pesquisas arqueológicas —. Todo o material encontrado é propriedade da União e tem que ficar disponível para a continuidade dos estudos. O desafio do Iphan é fazer com que a pesquisa prossiga após as escavações.
Francês deu nome ao bairro
Um dos bairros cariocas mais conhecidos do país, por já ter servido como cenário de diferentes produções da TV, o Leblon foi oficialmente fundado em julho de 1919, pelo então prefeito do Distrito Federal, Carlos Sampaio. Antes disso, o bairro já era chamado pelo nome que carrega até hoje, herança do francês Charles Leblon, dono de umq chácara cuja área se estendia da Rua Visconde de Albuquerque até a Rua General Urquiza ,e da praia até a Rua Dias Ferreira. Após adquirir as terras, por volta de 1845, Leblon criou uma empresa que fazia a exploração da pesca de baleia. Na época, o óleo extraído do mamífero era utilizado como combustível no sistema de iluminação pública e na construção civil. Antes da chegada de Charles Leblon, a região abrigava chácaras e casas populares, sobretudo de pescadores.
Em 1857, Charles Leblon vendeu suas terras para Francisco José Fialho, que, por sua vez, distribuiu os terrenos entre alguns compradores. No início do século XX, o Leblon viu surgir a Companhia Industrial da Gávea, dos engenheiros Adolfo Del Vecchio, José Ludolf e Miguel Braga. O loteamento e a urbanização do bairro ganharam, então, grande dinamismo. É dessa época, por exemplo, a construção da Praça Dr. Frontin, hoje Antero de Quental, além das avenidas Ataulfo de Paiva e San Martin. Com a chegada do bonde, em 1914, o bairro ganhou não apenas em mobilidade como em acesso, passando a ter uma conexão bem maior com toda a cidade. Em 1919, sob o comando do engenheiro de Paulo de Frontin, houve a urbanização da Praia do Leblon paralelamente à abertura da Avenida Delfim Moreira.
Com a urbanização vieram as favelas, como a da Praia do Pinto, que sofreu grande incêndio, em 1968. Parte da população que vivia ali foi transferida para a Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional erguido em 1955, com recursos do governo federal, após ser idealizado por Dom Hélder Câmara. Com o IPTU mais alto da cidade, o bairro, além da praia, possui uma bela área verde: o Parque do Penhasco dois irmãos.

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