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domingo, 10 de março de 2013

O Chafariz do Aragão


Quarta, 09 Janeiro 2013 09:09

O Chafariz do Aragão

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A insegurança nas ruas não é fato recente no Rio de Janeiro, assim como na maioria das cidades do planeta. Antigamente, como hoje, passar à noite por certos lugares era extremamente arriscado, com grandes chances de ser abordado por um marginal e ter seus valores perdidos. Até a metade do século XIX, além da escassa vigilância, a rua era um verdadeiro breu, pontilhada a alguns intervalos com raros oratórios e lampiões, ambos alimentados a azeite de baleia, que, com a luz não se estendendo mais que poucos metros, mais serviam como balizas do que propriamente iluminação pública.
Tais condições ofereciam grande vantagem aos malfeitores, com grandes chances de escapar em caso de perseguição, desaparecendo no meio da noite. Com a vinda da côrte portuguesa, em 1808, alguma coisa precisava ser feita, cabendo a iniciativa ao intendente de polícia de D. João, Paulo Fernandes Vianna. Seu cargo lhe oferecia poderes bastante amplos, equivalentes aos de um prefeito atual, e uma das providências, fora da esfera policial própriamente dita, foi o aumento do número de lampiões, o que não foi exatamente uma solução, só inibindo um pouco os criminosos.
chafariz_aragao

Chafariz do Aragão, de 1845, na esquina da Rua dos Araújos com
Conde de Bonfim, na Tijuca, alimentado pelas águas do
Rio Maracanã
O sucessor de Paulo Vianna, Francisco Alberto de Aragão, se esforçou para aumentar a segurança, perseguindo todo tipo de criminosos, e procurando também melhorar ainda mais a iluminação. Essas medidas, contudo, na avaliação do novo intendente, apesar de positivas se mostraram insuficientes, e ele optou por uma atitude radical, a imposição do toque de recolher. Fato comum durante a Idade Média, foi por ele aplicado na cidade da seguinte forma: às 9 horas da noite no inverno e às 10 no verão, um sino em São Bento e outro na igreja de S. Francisco de Paula anunciavam a hora de sair e desaparecer das ruas. Quem fosse pego seria revistado, e escravos sem um bilhete de seu dono iriam para a cadeia. Para a maioria, as medidas foram realmente draconianas, mas para os caixeiros foi uma bênção que os livrava da exploração dos patrões, pois normalmente trabalhavam até tarde da noite, sem hora certa de ir para casa. O sino da igreja de S. Francisco se tornou famoso na cidade, passando a ser chamado de "Aragão" ou "Sino do Aragão".
Outra lembrança do antigo intendente foi um chafariz que, ao que tudo indica, recebeu popularmente seu nome. Construído em 1845, era alimentado pelas águas do rio Maracanã, e estava localizado na esquina da rua dos Araújos com Conde de Bonfim, na Tijuca, bairro de residência de Francisco Aragão. Era composto por um corpo quadrangular, tendo na parte superior uma coluna separada em duas seções com uma bacia em seu topo. Duas longas bicas jorravam sobre um tanque de pedra, disponibilizando o líquido tanto para pessoas quanto animais. Obra simples mas bela, desapareceu há muito, e caso tivesse a sorte de ser preservada, poderia ser hoje mais uma peça de valor do patrimônio histórico carioca.

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