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domingo, 10 de março de 2013

O Marco da Cidade


Quarta, 06 Fevereiro 2013 12:33

O Marco da Cidade

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Em 1583, eram finalmente transferidos os restos mortais de Estácio de Sá da antiga Vila Velha, primeira aldeia construída pelos portugueses no Rio de Janeiro em 1565, quando a região ainda era dominada pelos franceses. A morte de Estácio ocorreu durante a batalha que levou à derrota do invasor em 20 de janeiro de 1567, quando foi atingido por uma flecha no rosto, vindo a falecer um mês depois, em 19 de fevereiro.

Com a conquista do território, Mem de Sá, tio de Estácio, tratou de fundar nova povoação em local mais bem posicionado para defesa, tanto de ameaças vinda pelo mar quanto de índios hostis do interior. Escolheu uma colina na região do atual centro da cidade, chamada inicialmente de Descanso, em alusão à relativa paz que se seguiu ao trabalho e às lutas experimentadas até a vitória sobre os franceses.

igreja_ssebastiao

Igreja de São Sebastião, no Morro do Castelo. À direita, junto ao vértice,
pode ser visto o marco de fundação da cidade.
O corpo de Estácio, contudo, havia permanecido na chamada Vila Velha, entre o Pão-de Açúcar e o morro Cara de Cão. A razão de não ter sido transportado em 1567, pois em agosto desse ano a maioria dos colonos já havia mudado para a nova cidade, foi que a igreja onde seus restos mortais seriam depositados ainda estava em construção. Dedicada a São Sebastião, foi a primeira Sé do Rio de Janeiro, e sua presença mudaria o nome do próprio morro, que se chamou sucessivamente de Descanso, da Sé, do Alto da Sé, Alto de São Sebastião, Baluarte da Sé, São Januário, Conselho, Colégio e Sé Velha, antes de se chamar de Castelo, no século XVIII.

A igreja, de dimensões e aparência modesta, mas de importância histórica inigualável, além de se tornar símbolo do nascimento da cidade, por receber o corpo de seu fundador, incluiu também um ponto de origem igualmente notável, que foi o marco de fundação da cidade do Rio de Janeiro. Esculpido em mármore, possui em um lado as quinas portuguesas, e no outro a cruz de Cristo. Verdadeiro ponto umbilical da terra carioca, ficava originalmente no adro na igreja de São Sebastião, ao lado de seu canto direito.

Por séculos, tanto Estácio de Sá quanto o marco da cidade puderam descansar em paz, mas, em 1922, tudo chegou ao fim, pois foi iniciada a destruição do Morro do Castelo, empresa impensável hoje em dia, mas que na época foi defendida com os mais variados pretextos, tais como "ventilar a cidade" — os espigões que lá estão, muito mais altos, permitem, é claro, uma melhor circulação de ar, ou então por motivos de saúde, pois a presença do morro era responsável por "miasmas" maléficos, idéias pré-científicas ainda presentes na época, apesar do conhecimento já existente sobre as origens das moléstias. No fundo, no fundo mesmo, a destruição da cidade original do Rio de Janeiro foi uma tremenda jogada para todos os setores envolvidos, que gravitavam em torno da prefeitura. A grande área, obtida com dinheiro público, seria, logo depois da exposição de 1922, entregue à especulação imobiliária, onde protegidos e comparsas receberiam sua recompensa.

marco_rio

Marco de fundação da cidade do Rio de Janeiro. Está hoje na Igreja de São Sebastião
dos Capuchinhos, na rua Haddock Lobo
Esse modelo de roubo de espaço público e de propriedades particulares através da desapropriação continuou fazendo escola, como pode ser visto hoje mesmo com o oba-ôba da copa do mundo / olimpíada, onde projetos mirabolantes, cujos objetivos em grande parte não são de atender a nenhuma necessidade ou anseio da população, consomem mais uma vez bilhões aos contribuintes, os quais, até o momento, só tiveram como recompensa o aumento do IPTU.

O corpo de Estácio de Sá, assim como o marco de fundação, estão hoje na Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, na rua Haddock Lobo, na Tijuca. O templo, construído nos anos 30, recebeu os religiosos italianos despejados do Castelo em 1922, que continuam zelando fielmente por estes dois símbolos da origem da cidade ao abrigar em sua casa o pouco que restou dos primórdios do Rio de Janeiro.

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