Biblioteca Nacional é notificada por irregularidades na prevenção de incêndio
Corpo de Bombeiros fez vistoria no local após iG revelar relatório técnico que aponta graves problemas de prevenção, alto risco de incêndio e risco para funcionários. Órgão tem 180 dias para cumprir lista de exigências, sob risco de autuação e até interdição dos prédios
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Sala com excesso de volumes na Biblioteca Nacional, sem precaução de
incêndio
O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro vistoriou e notificou
oficialmente a Biblioteca Nacional por irregularidades no sistema de incêndio e
pânico do estabelecimento.
A biblioteca tem 180 dias para cumprir as exigências elencadas na notificação
do Corpo de Bombeiros. Segundo o órgão, "para qualquer órgão que não cumpra as
exigências, é realizada a entrega de um primeiro auto de infração – após a
notificação. Se, ainda assim, o problema não for solucionado, é entregue um
segundo auto de infração. Em último caso, aplica-se a interdição".
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Lugar identificado como "lixão" pelo relatório, no anexo da
biblioteca
A vistoria do Corpo de Bombeiros ocorreu após a publicação da reportagem do
iG .
A matéria revelou que relatório técnico contratado pela Biblioteca Nacional
aponta sério risco de incêndio do prédio principal e do anexo por graves
falhas de segurança de prevenção e combate de fogo.
O documento de 28 páginas ao qual a reportagem teve acesso recomenda
correções urgentes, “a fim de evitar consequências seríssimas ao acervo da
Fundação Biblioteca Nacional”.
Maior biblioteca da América Latina, a BN tem acervo de 9 milhões de
volumes.
"Corpo de Bombeiros verificou irregularidades no sistema de segurança
contra incêndio e pânico", diz nota
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Três hidrantes são obstruídos por móveis em salas da Biblioteca
Nacional
De acordo com nota da corporação, "o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Rio de Janeiro verificou irregularidades no sistema de segurança contra incêndio
e pânico do estabelecimento (da Biblioteca Nacional)".
"Diante disso, expediu notificação para que o órgão apresente projeto de
regularização quanto a esses aspectos." A assessoria do órgão não detalhou as
irregularidades identificadas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o tipo de vistoria feito na Biblioteca
Nacional "verifica, no local, o cumprimento de todos os aspectos cobrados pelo
Decreto 897 de 1976 (Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico - COSCIP). O
código cobra diversos tipos de dispositivos fixos e móveis de segurança para as
edificações, de acordo com suas características de tamanho, tipo de atividade e
carga de incêndio."
Segundo a nota, são verificados a existência e funcionamento de "mecanismos
como extintores, sinalização, rede de chuveiros automáticos, sistema de
canalização preventiva, caixas de incêndio, escada enclausurada, entre
outros".
Hidrantes obstruídos por móveis e portas trancadas ou bloqueadas por
mureta
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Escada completamente obstruída no anexo da
Biblioteca
A matéria revelou inúmeras falhas apontadas pela auditoria nos dois prédios
da BN. Em ambos, faltam extintores de incêndio, há extintores de pó químico onde
deveria haver de água – e vice-versa – e há três hidrantes de água confinados em
salas e escritórios, completamente obstruídos por móveis.
“(Localizamos) O primeiro hidrante da edificação, lamentavelmente com
bloqueio total, fechado dentro de uma sala, com acesso difícil e equipamento
precário, inclusivo com um esguicho danificado.”
Também não existe escada adequada de escape para o caso de fogo e há portas
de escape bloqueadas por muretas de concreto, além de gambiarras elétricas e
excesso de livros e volumes espalhados a esmo, sem arrumação ou precaução contra
incêndios. Falta sinalização de equipamento preventivo, de rotas de fuga e de
como proceder em situações de emergência.
Na sede da Biblioteca, há portas de escape trancadas magneticamente, e nenhum
responsável pela segurança tem a chave. Um acesso ao quinto andar, com porta de
madeira, é bloqueado por mureta de cimento e só abre cerca de 20 centímetros, o
que inviabiliza a passagem por ali. “Para situações emergenciais na área será de
suma importância para o salvamento de pessoas que possam estar do 7º ao 9º andar
do armazém”, diz o texto.
Segundo Biblioteca, serviço solicitado pelo Corpo de Bombeiros será
contratado
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Grande acúmulo de material impede o trânsito no
anexo
Procurada pelo iG , a assessoria de imprensa da Biblioteca
Nacional confirmou ter recebido a notificação. "Já estamos preparando a
contratação do serviço solicitado pelo Corpo de Bombeiros."
O jornal O Globo noticiou ter havido um curto-circuito, com princípio de
incêndio no anexo da Biblioteca Nacional - de acordo com o relatório, em
condições ainda mais graves de prevenção do que o prédio principal.
A Biblioteca nega o incêndio. "Houve um curto-circuito no reator de uma
luminária do 3º andar e a emissão de pequena fumaça somente no momento da
ocorrência. Tudo acompanhado de perto pelo chefe do Departamento de Manutenção.
Em nenhum momento houve principio de incêndio", informou a assessoria de
imprensa do órgão.
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Mureta impede abertura de porta que seria usada para evacuação da
biblioteca
A Biblioteca Nacional afirmou ao iG que vem tomando medidas
para melhorar a prevenção de incêndio de seus prédios. De acordo com a
assessoria, foi pedido laudo para a brigada contra incêndio com o objetivo de
saber exatamente o que era preciso para deixar o prédio mais seguro.
Segundo a BN, os extintores de incêndio foram substituídos há cerca de três
meses e "estão regularmente mantidos em todos os prédios", em número adequado e
no prazo de validade, e a brigada de incêndio faz "verificações diárias e
mensais".
Sobre a falta de sinalização de hidrantes, extintores e rotas de escape
generalizada, apontada pelo relatório técnico, a BN disse que "a rota de escape
está planejada e o treinamento será realizado em breve". A assessoria afirmou
que a Casa investiu "mais de R$ 1,2 milhão na instalação do novo e moderno
Sistema de Detecção de Alarme de incêndios (SDAI) no prédio-sede".
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