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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A galeota, construída em 1818, foi usada por Carlota Joaquina para trair dom João VI



Fernanda Thurler (JB)



É impossível contar a história dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil, sem fazer alguma referência à galeota, embarcação que durante o Império serviu de transporte para a família de dom João VI. Hoje, a galeota passa por um processo de restauração. Um trabalho minucioso de preservação de uma relíquia e das histórias que ela carrega.


Feita especialmente para dom João VI, a galeota também servia de transporte para personalidades que desembarcavam no Rio de Janeiro na época. A família real a usava para os deslocamentos na Baía de Guanabara. Em 1820, por exemplo, dom João foi de galeota até São Cristóvão para a inauguração da Praça do Comércio – atual Casa França Brasil – porque era mais rápido do que ir de carruagem. Mas às escondidas, a embarcação tinha outra serventia.


– Carlota Joaquina, esposa de dom João VI, ia de galeota visitar o amante, almirante Sidney Smith, que morava em Niterói – conta o historiador Milton Teixeira. – A galeota é a embarcação mais antiga da América Latina.


A embarcação começou a ser construída em 1808, ano em que a família real passou pela Bahia, a pedido do conde da Ponte, dom João de Saldanha. Mas só ficou pronta 10 anos depois, em 1818. Ela veio para o Rio rebocada, e ficou por uma semana em Campos dos Goytacazes. Já no Rio, a galeota, que tem capacidade para 60 remadores e 12 pessoas no camarim, transportou muitas personalidades. Teresa Cristina, em 1843, ainda noiva de dom Pedro II; em 1821 levou a família real até o navio que voltaria para Portugal; e, em 1838, o corpo do patriarca da Independência, José Bonifácio, que morreu em Niterói.


– Durante a República, a galeota continuou transportando autoridades. O Barão do Rio Branco foi a última autoridade do governo federal a usá-la – destaca o historiador Carlos Roquette.


Restauração


Com cem anos de atividade, o barco foi guardado pela Marinha na Ilha das Cobras. Em 1990, a galeota passou pelo primeiro processo de restauração. Mas em vez de fios de ouro, foi usado purpurina. Com o passar do tempo e a oxidação causada pela maresia, a camada dourada escureceu.


Há três meses, uma equipe técnica composta por três portugueses e quatro brasileiros trabalha no redouramento da embarcação, e ornamentos externos como frisos e figuras marinhas.


– As camadas de ouro falso foram retiradas, e a madeira, bem conservada, começou a ser preparada para receber os fios de ouro. Para alisar a superfície, foram passadas três camadas de carbonato de cálcio e uma argila especial que faz a fixação da folha de ouro. Para dar luminosidade, a superfície é polida com pedra ágata – explica a chefe da equipe, Daniela Coelho.


A galeota fica pronta no final de novembro, mas está exposta no Museu da Marinha, no Centro.


– Normalmente uma embarcação não é uma obra de arte, é algo efêmero, que duro no máximo 50 anos. Estamos diante de uma relíquia de 200 anos, de um presente encomendado especialmente para o rei - analisou o diretor de Patrimônio Histórico e Documentação da marinha, almirante Armando Bittencourt.