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sábado, 24 de outubro de 2009

Eufrásia Teixeira Leite



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.




Eufrásia Teixeira Leite (Vassouras, 1850 — Rio de Janeiro, 1930) foi uma investidora financeira e benemérita brasileira. Deixou em testamento uma fortuna que poderia comprar 1.850 quilos de ouro em preços da época, cuja maior parte foi legada para instituições assistenciais e educacionais da cidade de Vassouras.



Busto de Eufrásia Teixeira Leite nos jardins do Colégio Sul-fluminense de Aplicação




Família e Educação


Era filha caçula do dr. Joaquim José Teixeira Leite e Ana Esméria Correia e Castro, neta paterna do barão de Itambé, neta materna do barão de Campo Belo, sobrinha do barão de Vassouras e sobrinha-neta do barão de Aiuruoca. Tinha uma única irmã, Francisca Bernardina Teixeira Leite(1845-1899) e um irmão que morreu na infância.

Seu pai foi fazendeiro durante a época de riqueza do café na região de Vassouras. A família de seu avô paterno já era muito rica quando mudou-se de Conceição da Barra de Minas para Vassouras. Seu pai e seu tio barão de Vassouras se estabeleceram como capitalistas, fundando, no Rio de Janeiro, a empresa "Casa Teixeira Leite & Sobrinhos" que emprestava dinheiro a juros e realizava intermediações financeiras com os prósperos fazendeiros de café. Por outro lado, a família de sua mãe, era composta somente por ricos plantadores de café.[1]

Recebeu uma educação aristocrática na escola de moças de madame Grivet que existia na localidade de Comércio, hoje Sebastião Lacerda, Vassouras. Além do ensino básico, aprendeu boas maneiras, a falar fluentemente o francês e a tocar piano.[2]






 Partida para a Europa


Eufrásia e sua irmã, herdaram, em 1872, com a morte de seus pais, a fortuna de 767:937$876 réis (767 contos, novecentos e trinta e sete mil, oitocentos e setenta e seis réis), o que equivalia na época à dotação pessoal do imperador D. Pedro II ou a 5% das exportaçoes brasileiras. Logo depois, em 1873, morreu sua avó, a baronesa de Campo Belo, e as irmãs receberam mais 106:848$886 (cento e seis contos, oitocentos e quarenta e oito mil e oitocentos e oitenta e seis réis) que lhes cabia como parte da herança, na forma de títulos, débito bancário e escravos, que logo foram vendidos.[3]

Na época, a região de Vassouras entrava em decadência devido ao esgotamento do solo e envelhecimento dos escravos, mas os bens das irmãs não eram fazendas de café; possuíam apólices de títulos da Dívida Pública do Empréstimo Nacional de 1868, ações do Banco do Brasil, depósitos bancários, títulos de crédito de pessoas, apenas 12 escravos, uma casa no Rio de Janeiro e uma grande propriedade urbana em Vassouras, atualmente conhecida como Casa da Hera ou Chácara da Hera, onde residiam com seus pais.[2]

Jovens e solteiras, as irmãs venderam ações, títulos e a casa do Rio de Janeiro, cobraram créditos, alforriaram os escravos, fecharam a casa da chácara com dois empregados incumbidos de sua conservação, e partiram, em 1873, para residir em Paris.



 Romance com Joaquim Nabuco




Eufrásia Teixeira Leite aos 30 anos de idade

Eufrásia, além de inteligente e hábil com negócios, foi uma mulher muito bela como mostram diversos quadros e retratos.





Quando viajou para a Europa, conheceu no navio o diplomata Joaquim Nabuco e iniciou um namoro com este. As cartas amorosas que recebeu de Joaquim Nabuco foram, diz a tradição, por expressas instruções dela, encerradas em seu caixão mortuário. No entanto, as cartas e bilhetes que enviou a Joaquim Nabuco estão guardadas no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, em Recife. Algumas sugerem que algo muito íntimo, além dos padrões da época, ocorreu entre os dois.[4]

A maior parte do namoro ocorreu na Europa, onde Eufrásia tinha interesses financeiros e mundanos. Joaquim Nabuco, porém, tinha ambições políticas no Brasil, de modo que não conseguiram concretizar o relacionamento. O romance durou de 1873 até 1887, quando Eufrásia remeteu a última carta para Joaquim Nabuco, dois anos antes deste se casar com outra.






 Vida na Europa


Eufrásia tinha o espírito empresarial da família e investiu sua fortuna e a da irmã em vários países europeus, comprando ações de empresas que produziam as novas tecnologias da segunda Revolução Industrial e participando da internacionalização de capitais que ocorria na época. Consta ter sido a primeira mulher a entrar no recinto da Bolsa de Valores de Paris.

Instalou-se em Paris, residindo depois de 1884 com a irmã em um hôtel particulier de cinco andares, na rue Bassano 40, 8º arrondissement, próximo ao Arco do Triunfo, endereço sofisticado até os dias atuais.[2] As irmãs viviam uma vida recatadas, mas participavam da vida social parisiense. Eufrásia integrou o círculo das amizades mais próximas da Princesa Isabel, quando esta estava já no exílio na França.

Sua irmã, Francisca Bernardina, tinha uma séria deformação na bacia e morreu em 1899, em Paris, sem ter casado. Assim, Eufrásia herdou também a fortuna da irmã.[4]

Entre 1874 e 1928 veio somente duas vezes ao Brasil.[2] Viajou pelo mundo. Viu a Primeira Guerra Mundial na Europa e lamentou os danos causados aos prédios.






Retorno e Morte no Brasil






Eufrásia Teixeira Leite


Foto do obituário dos jornais no dia seguinte de sua morte

Retornou definitivamente para o Brasil em 1928 e a passou temporadas na Casa da Hera em Vassouras. Mantinha-se quase como reclusa, tanto que até comprou, em 1924 a chácara Dr. Calvet, ao lado da chácara da Hera,[3] apenas para manter longe os vizinhos.

Viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro em um apartamento em Copacabana, cercada de empregados fiéis, excêntrica e solitária. Queria retornar para Paris, mas tinha problemas renais que a impediram de viajar.

Sem "descendentes nem ascendentes", seu primeiro testamento legava toda sua fortuna para o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, instituição católica com sede em Roma, na Itália, mas que geria diversos estabelecimentos de instrução no Brasil.[3] Um segundo testamento, feito as vésperas de sua morte, legou praticamente toda sua fortuna para obras de caridade a serem realizadas por instituições da cidade de Vassouras.

Foi enterrada no Rio de Janeiro, mas, posteriormente, os seus ossos foram exumados e enterrados no mausoléu de seu avô, o primeiro barão de Itambé, em Vassouras. O local não tem lápide indicativa de onde estão seus ossos.






 O Testamento


Disputas Judiciais


No dia da sua morte, um primo distante de Eufrásia, Antônio José Fernandes Júnior, praticamente furtou o original do seu testamento da cabeceira da sua cama a fim de evitar que ele fosse extraviado pelos outros parentes.

Foram nomeados quatro inventariantes para o espólio de Eufrásia, porém um logo morreu e outro pediu para que se retirasse seu nome. Restaram apenas os irmãos Antônio José Fernandes Júnior, que inventariou os bens do Brasil, e Raul Fernandes que inventariou os bens do exterior.[3]

O testamento foi contestado judicialmente pelas primas Umbelina Teixeira Leite dos Santos Silva, baronesa de São Geraldo, Cristina Teixeira Leite d´Escragnolle Taunay, viscondessa de Taunay, e Francisca Teixeira Leite Brhuns. A elas juntaram-se outros primos do lado paterno de Eufrásia, representados por advogados que também eram da família Teixeira Leite. Os advogados destes herdeiros deserdados alegaram a insanidade de Eufrásia devido a "uma moléstia crônica [de rins (sic)], de natureza gravíssima, que se veio processando com lentidão, aniquilando a paciente não só fisicamente como também mentalmente".[4] Entretanto, as cartas que Eufrásia escreveu pessoalmente nos meses antes de morrer provam que ela se mantinha, aos 80 anos, completamente lúcida e ainda gerindo seus negócios.

Os herdeiros da família Teixeira Leite foram judicialmente derrotados pelos inventariantes, os irmãos Antonio José e Raul Fernandes, que eram advogados, em um confronto que durou seis anos.

Em agosto de 1937, quando os herdeiros deserdados da família Teixeira Leite tentaram reabrir o processo judicial de impugnação do testamento, a população de Vassouras revoltou-se, fechou o comércio, cercou o fórum durante as audiências e ameaçou os advogados. A polícia foi chamada pelo juiz, mas o delegado disse que os policiais tinham saído da cidade.[4] Os advogados fugiram pelos fundos do fórum e os incidentes pararam, felizmente, aí..[3] Um decreto presidencial, feito em plena ditadura de Getúlio Vargas, regulou que em todos casos somente podiam herdar os parentes colaterais até segundo grau, o que então calou parte dos herdeiros deserdados.

Apesar disto, os primos do lado materno, os Correa e Castro, conseguiram obter uma parte da herança alegando o testamento de D. Ana Esméria, a mãe de Eufrásia, feito em 1872. Segundo este, se Eufrásia e a irmã morressem solteiras e sem filhos, uma parte dos bens de D. Ana Esméria anexados à herança das filhas deveria passar para algumas de suas sobrinhas. Com isto, a Justiça decidiu pela distribuição de valores da herança de Eufrásia para os inúmeros herdeiros descendentes destas primas Correa e Castro.[3]

Durante mais de vinte anos, os irmãos Antônio José e Raul Fernandes atuaram como testamenteiros. O documento resultante abrange 30 volumes de manuscritos que estão depositados no Centro de Documentação Histórica de Vassouras.[4]






Inventário da Herança


A fortuna que Eufrásia tinha herdado dos pais, da avó e da irmã, tinha crescido muito com seus investimentos, apesar da grande depressão de 1929 e das perdas de com empresas russas confiscadas pela revolução comunista de 1917. Era tão grande que o testado de óbito de Eufrásia registra que exercia a profissão de "milionária".[2]

O espólio tinha um valor estimado em 37 milhões de réis, o que poderia comprar 1.850 quilos de ouro na época. A maior parte eram ações de 297 empresas em dez países diferentes, além de títulos de dívidas de governos. Partes menores eram a casa em Paris (que na época valia 2 milhões de francos, e atualmente valeria mais de 10 milhões de euros)e um loteamento de 49 terrenos na atual rua Pompeu Loureiro em plena época de crescimento imobiliário de Copacabana.[4] O menos valioso dos bens imóveis legados foi provavelmente a Casa da Hera, com seus móveis, decoração e utensílios domésticos, avaliada em 96:700$000 (noventa e seis contos e setecentos mil réis), cuja área tinha sido aumentada com a compra da chácara Dr. Calvet, avaliada em 44:050$000 (quarenta e quatro contos e cinquenta mil réis).

Paris - Mansão Eufrásia

40,Rue de Bassano 75008 Paris, France, antiga residência de Eufrásia Teixeira Leite em Paris proxima ao Champs Elisè. 




Herdeiros


Os principais herdeiros de Eufrásia foram a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração e o Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói.[2] Os dois últimos deveriam fundar dois colégios para meninas e meninos pobres, cada um mantendo cinqüenta órfãs e órfãos, e outros estudantes pagantes. O Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói recusou a incumbência e sua parte, conforme o testamento, foi passada para a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras.

Valores menores foram legados para a Fundação Osvaldo Cruz, o agente de Eufrásia em Paris, alguns primos, empregados domésticos, além de dinheiro em espécie para os pobres de Vassouras e para os mendigos que moravam na rua em que residiu em Paris..[2]

As cartas que enviava para seus empregados mostram que eram bastante autoritária e detalhista nos seus pedidos, entretanto pagava a todos muito bem. Todos seus empregados receberam boas doações em vida ou legados no seu testamento. Para um ex-escravo, doou em vida uma casa no Rio de Janeiro. A filha deste escravo, Cecília Bonfim, que também foi sua empregada, afilhada e herdeira, repetiu o seu gesto e deixou um testamento legando seu bens aos pobres de Vassouras.[4]






Resultados da Herança



Chácara da Hera,
antiga residência de Eufrásia Teixeira Leite em Vassouras


Nos terrenos deixados por Eufrásia em Vassouras foram construídos o Instituto Feminino para moças pobres, o colégio Regina Coeli para moças, o SENAI, o atual Fórum, delegacia, e muitos outros prédios. O Hospital Eufrásia Teixeira Leite foi construído com os recursos que legou.

O testamento de Eufrásia tem várias exigências que prejudicaram o atingimento dos seus objetivos devido a fatos imprevisíveis no futuro. Todos os bens foram legados sob cláusulas de inalienabilidade e da insubrogabilidade que deviam protegê-los. Os valores obtidos com as vendas das ações foram aplicados em apólices do Tesouro Nacional, cujos juros deveriam financiar as instituições criadas como o Instituto Feminino e o hospital. Entretanto, a hiperinflação brasileira destruiu o valor original das apólices do Tesouro Nacional. Como resultado, a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras e o Hospital Eufrásia Teixeira Leite passam hoje por séria crise financeira.

Uma das cláusulas do testamento de Eufrásia pedia "conservar a Chácara da Hera com tudo que nela existisse no mesmo estado de conservação, não podendo ocupar ou permitir que fosse ocupada por outros".[3] Assim, a residência construída por seus pais em Vassouras é hoje o Museu Casa da Hera, considerado o melhor exemplo preservado de habitação urbana de famílias ricas do vale do Paraíba do Sul no século XIX.


Referências


↑ STEIN, Stanley J.; Vassouras: Um Município Brasileiro do Café, 1850-1910. Rio de Janeiro, editora Nova Fronteira, 1990.


↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 FALCI, Miridan Britto Knox; MELO, Hildete Pereira. Riqueza e emancipação: Eufrásia Teixeira Leite, uma análise de gênero.


↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6 MELO, Hildete Pereira de; FALCI, Miridan Britto Knox. Eufrásia Teixeira Leite: O Destino de uma Herança


↑ 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 CORRÊA, Marcos Sá. Os Órfãos de Eufrásia. Revista Piauí, abril de 2008


Ver também


O Wikimedia Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Eufrásia Teixeira Leite - Museu Casa da Hera


Vassouras







quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O CAIS DOS MINEIROS

21/10/2009 - 08:20
Enviado por: Paulo Pacini


JB



A descoberta do ouro no século XVIII em Minas Gerais foi sem dúvida o fator determinante no crescimento e estabelecimento do Rio de Janeiro como principal pólo de colonização, elevando-o a capital em 1763. O metal, viajando do interior até Parati em tropa de mulas, seguia por mar até o Rio, não raro caindo nas mãos dos piratas. Para remediar a situação, criou-se um caminho novo até a capital, evitando o arriscado transporte por cabotagem. Ao sair de Minas, passava por Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Xerém, indo até o porto de Pilar do Iguaçú, onde se embarcava, descendo pelo rio Iguaçú até a Baía de Guanabara, para chegar, finalmente, ao centro da cidade.











O Cais dos Mineiros, ainda em atividade no início do século XX





Por muitas décadas a praia de destino destes viajantes era conhecida como Brás de Pina, homenagem a um conhecido morador do século XVII, durante muito tempo contratador da pesca de baleias, que, acreditem se quiser, freqüentavam em grande número a Baía de Guanabara, onde eram capturadas. O trecho em questão situava-se aproximadamente entre a rua da Alfândega e o Arsenal de Marinha (hoje o 1º Distrito Naval), e o grande trânsito de passageiros e cargas proveniente das Minas Gerais fez com que seu nome mudasse para Praia e depois Cais dos Mineiros, quando foi construído um atracadouro.






As trocas comerciais entre Minas e o Rio se intensificaram a partir de então, sendo trazidas para o litoral mercadorias diversas, e transportados ao interior ítens lá inexistentes, como farinha de trigo, vinhos, queijos, presuntos, fazendas de luxo, jóias, ferro em barra e outras. A etapa terrestre da viagem era efetuada pelas valentes mulas, único animal capaz de vencer os precários e perigosos caminhos improvisados, pois não existiam estradas e muito menos obras de engenharia, como pontes, excetuando-se as poucas construídas pelos jesuítas. As vias de comunicação, elemento tão básico em qualquer sociedade, só apareceriam após o nascimento do Brasil como nação, durante o Império.











O que restou do antigo cais, transformado em estacionamento





O Cais dos Mineiros, do qual ainda se observam vestígios próximos ao 1º Distrito Naval, foi elo de ligação com o interior do país, distante e de penoso acesso, de onde vinha o metal que a muitos enriqueceu, geralmente morando bem longe, em terras européias. A cidade, contudo, aproveitou o pouco que aqui ficava em seu favor, legando à posteridade algumas das mais belas igrejas barrocas, lembrança viva de um passado distante e heróico.