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quinta-feira, 15 de março de 2012

COCHEIRAS IMPERIAIS, INUNDADAS PELA ÁGUA POTÁVEL DA CEDAE . . . FALTA OU DESPERDIÇA !


Vazamento de água tratada inunda há um mês cocheiras históricas em São Cristóvão


Em 27 dias, o desperdício chega à conta de 4,5 milhões de litros

Publicado:

Uma cratera com cerca de dez metros de profundidade cria um piscinão no Centro Hípico do Exército, por onde passa, há 27 dias, um rio de água tratada da Cedae
Foto: Marcelo Piu / O Globo
Uma cratera com cerca de dez metros de profundidade cria um piscinão no Centro Hípico do Exército, por onde passa, há 27 dias, um rio de água tratada da Cedae Marcelo Piu / O Globo
RIO - As cocheiras imperiais, que fizeram parte da Quinta da Boa Vista no passado, agora têm sua permanência em São Cristóvão duplamente ameaçada. Além da possibilidade de despejo pela prefeitura, que pretende construir um estacionamento onde hoje fica o Centro Hípico do Exército, um vazamento da Cedae alagou parte do terreno e já começa a abalar a estrutura das cavalariças. O problema na tubulação, que abastece a Zona Norte, o Centro e um trecho da Zona Sul e passa por baixo do Centro Hípico, se arrasta desde 17 de fevereiro, a sexta-feira anterior ao carnaval, quando a água começou a minar e a se espalhar por todo o espaço.
Considerando que o problema vem provocando o despejo de dois litros por segundo, como afirma a Cedae, em 27 dias o desperdício chega à surpreendente conta de 4,5 milhões de litros de água tratada. O volume daria para encher quase duas piscinas olímpicas. A mesma quantidade também seria suficiente para o consumo de cerca de cinco mil famílias (de quatro pessoas) num dia, levando-se em conta que uma pessoa consome diariamente, em média, 200 litros de água.
No dia 19 de fevereiro, domingo de carnaval, equipes da Cedae estiveram no local e, com o apoio de máquinas, abriram buracos para verificar a origem do vazamento e para ajudar no escoamento da água. A companhia não voltou mais ao Centro Hípico, na Rua Bartolomeu de Gusmão, e o resultado é um terreno de cerca de 400 metros quadrados todo revirado, com uma grande cratera de oito a dez metros de profundidade e dois metros de largura cheia de água, parte jogada no meio da rua por um canal improvisado. Esta área era usada pelos militares como campo de futebol e de obstáculos para os cavalos.

Cedae aguarda temperatura baixar

O presidente da Cedae, Wagner Victer, garante que o vazamento está sendo monitorado pela empresa, mas não dá uma data para o conserto da tubulação, uma subadutora com um metro de diâmetro (no trecho do centro hípico) por onde passam 1.800 litros por segundo. O desperdício, explica a companhia, é provocado por uma pequena fissura na rede ligada à adutora responsável por levar água a cerca de um milhão de pessoas no Rio.
— O vazamento é ínfimo, representa menos de 1% da água que passa ali, mas parece muito grande porque fica confinado no local. Estamos esperando a temperatura cair para fazer a intervenção. Porque você tem que cortar a água de parte da Zona Norte, do Centro e da Zona Sul e de toda a Grande Tijuca. Para não ter impacto, o melhor é esperar — afirma o presidente da Cedae, explicando que a queda de temperatura é acompanhada por uma diminuição no consumo.
O trabalho de reparo, segundo Victer, levará menos de oito horas. Ele diz que se realizado num dia de tempo ameno, o impacto será menor, sendo possível transferir água de outros locais para abastecer as regiões atendidas pela adutora.
A trégua no calor, condição para que o conserto seja feito, ainda pode demorar. Ontem, por exemplo, a cidade teve uma das dez tardes mais quentes do ano, registrando 38,5 graus em Santa Cruz, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Nas ruas, alguns termômetros digitais chegaram a marcar 43 graus, valor que não é oficial. O Instituto Climatempo prevê para hoje máxima de 39 graus.
O cenário desolador também se repete nas cocheiras: das 50 baias existentes, pelo menos quatro já foram interditadas, sendo que uma começou a afundar. A vala aberta pelas máquinas da Cedae também pressiona o muro da maior cocheira do Centro Hípico, conjunto que completou cem anos em 2011 e abriga 43 cavalos. Para piorar, a água que jorra do solo das cavalariças já forma um rio. O mesmo acontece na pista de equitação, onde a água corre 24 horas por dia, obrigando o Exército a inutilizar parte da área.
Apesar da dimensão tomada pelo vazamento, que faz brotar água por toda parte, militares responsáveis pelo Centro Hípico se viram mergulhados na burocracia da Cedae. De acordo com a veterinária e tenente da reserva Ana Stela Fonseca, que trabalha no local, foram feitas várias reclamações, que geraram pelo menos sete protocolos. Até ontem, 26 dias depois, nenhuma nova providência havia sido tomada pela companhia. Além de prejudicar as instalações históricas, militares temem que a água empoçada se transforme num foco de mosquito da dengue.
— Na sexta de carnaval, todo o Centro Hípico ficou debaixo d´água, com água até a canela. A Cedae veio aqui e abriu uns buracos, mas os cavalos não podem mais usar o terreno (o de 400 metros quadrados, ao lado da sede do Centro Hípico) nem ficar nas baias interditadas — conta Ana Stela, revelando que os militares fizeram um mutirão para limpar a rede pluvial, que pode não suportar a vazão caso chova mais forte na cidade.
A Secretaria municipal de Obras afirma que ainda não há um projeto pronto para o estacionamento, cuja ideia poderá sair do papel para a Copa de 2014 ou para as Olimpíadas de 2016. Também estão previstas instalações de apoio ao Maracanã na mesma área. A prefeitura estuda o melhor modelo para obter a propriedade — se por meio de desapropriação, compra ou doação. O Comando Militar do Leste (CML) informou, em nota, que o endereço faz parte dos imóveis que estão nas negociações da 1 Região Militar com a prefeitura e governo do estado para integrar as ampliações do complexo do Maracanã.


IPHAN E O TOMBAMENTO DAS COCHEIRAS IMPERIAIS


Iphan analisa tombamento de centro hípico

Ludmilla de Lima - O Globo

RIO - Para o historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti, professor da UFF e integrante do movimento pelo tombamento do espaço, o alagamento pode acelerar o fim do Centro Hípico, que deu origem à prática do hipismo no Brasil e sediou a primeira cocheira de veterinária do país. Na área, o Exército inaugurou o primeiro quartel de cavalaria no Rio de Janeiro, cujo prédio está abandonado. As cavalariças são do início do século XX, mas ficaram conhecidas como cocheiras imperiais. Na época do Império, a área integrava a Quinta da Boa Vista e servia como criatório dos animais da Corte.
Na década de 30, as instalações foram separadas da Quinta da Boa Vista com a construção do Viaduto de São Cristóvão e da Rua Bartolomeu de Gusmão. Como informou o Iphan, as estruturas que ficaram fora da antiga propriedade da família real não são tombadas.
— A construção maior, o picadeiro, é lindíssima, embora seja uma construção do início do século XX. Só ela já justifica o tombamento — afirma Nireu, acrescentando que o antigo prédio do quartel é um exemplo de arquitetura militar de época que também deveria ser tombado.
O historiador lembra que a Quinta da Boa Vista, que foi residência da monarquia no Brasil, foi perdendo espaço ao longo dos anos após a Proclamação da República. Nos cálculos do professor, dois terços da antiga propriedade deixaram de integrar o antigo complexo da família real:
— É algo inadmissível que, em 2012, a prefeitura do Rio queira destruir mais uma parte da Quinta da Boa Vista.
Ele é autor de um dossiê sobre as cocheiras imperiais entregue ao Iphan. O instituto estuda a possibilidade de preservação do complexo, que, conforme uma análise preliminar, está descaracterizado em relação às plantas originais, com exceção do picadeiro. Na Câmara de Vereadores, tramita desde o ano passado um projeto de lei, de autoria do vereador Carlo Caiado (DEM), que tomba por interesse histórico o Centro Hípico do Exército.
De acordo com a proposta, em 1911 foi fundado no terreno o Club Sportivo de Equitação, que depois daria lugar ao Centro Hípico do Exército.
— Estão repetindo erros em nome de fazer obras para eventos. Derrubamos o Morro do Castelo pra festejar o Centenário da Independência. Tem que se parar com essa irresponsabilidade — ressalta o historiador.


quarta-feira, 14 de março de 2012

O PALACE HOTEL


O Palace Hotel


Escrito por Paulo Pacini   
Qua, 14 de Março de 2012 13:02
De todas obras que modificaram a paisagem do Rio de Janeiro, a Avenida Central (Rio Branco), foi sem dúvida a mais importante, não só por sua função enquanto via pública, mas como evento a transformar padrões estéticos, propondo um novo modelo de funcionalidade urbana. Outras empreitadas lhe sucederam, algumas até de maior porte, mas nenhuma igualou seu impacto histórico.
 
A idéia original, contudo, apontava para uma avenida por segmentos retos, entre a Prainha (praça Mauá), o Largo da Carioca e o da Ajuda (Cinelândia), seguindo um modelo parisiense, referência, aliás, de onde tudo foi decalcado. Esse projeto cedeu posteriormente lugar a um padrão retilíneo, ligando a Prainha ao Largo da Ajuda, afastando-se do traçado atual, se tomarmos como referência seus pontos extremos. Entretanto, isso implicava a demolição da Igreja de N.Sª da Conceição e Boa Morte, e, não se sabe se por pressão de terceiros ou simples receio — seguro morreu de velho — o eixo da avenida foi desviado, agora tangenciando o antigo templo, situado na esquina da rua do Rosário.
 
hotel_palace
Palace Hotel, situado na esquina da Av. Central com Almirante Barroso.
O prédio na esquina da Rua México é o Teatro Fênix.  
Ao fundo, o Morro
do Castelo, em foto de 1920
 
Essa mudança, por sua vez, gerou outras conseqüências. A rua da Ajuda, que originalmente seria preservada, desapareceria quase completamente, e a dos Ourives (Miguel Couto) perderia um grande trecho, não mais tendo unidade enquanto via. O fato mais importante, contudo, foi que, para se efetivar o projeto, tornou-se necessária a demolição de parte do Morro do Castelo, principalmente no trecho do Largo da Ajuda (Cinelândia).
 
O desaparecimento da rua da Ajuda levou consigo o Hotel Brisson, no qual, em seu jardim, funcionava o antigo teatro Fênix Dramático, cujos terrenos foram a seguir colocados à venda, com a condição de que o comprador também construísse um teatro, garantindo a continuidade da tradição artística local. A propriedade foi adquirida pela família Guinle, com a intenção de criar um estabelecimento hoteleiro. Encarregou-se do projeto o engenheiro Januzzi, construindo tanto o hotel, que recebeu o nome de Palace Hotel, quanto o teatro, chamado Fênix em homenagem ao anterior, demolido nas obras da avenida.
 
Com oito andares e instalações luxuosas, o Palace Hotel fez parte da primeira geração de imóveis da avenida, seguindo um modelo arquitetônico da época que, junto com a limitação do número de andares por questões técnicas, produziu obras relativamente agradáveis e pouco agressivas, o que sem dúvida contribuiu para a assimilação pelo público da nova proposta de cidade. O teatro Fênix, na esquina da rua México, era também uma construção esmerada, e, tendo começado como cinema, foi posteriormente teatro, como devia, cassino, e, finalmente, voltou a ser teatro.
 
Nenhuma das construções ultrapassou a década de 1950, assim como quase todos os imóveis da Avenida Central, os quais se imaginava que durariam um século. Sem a proteção de uma legislação que preservasse o aspecto da antiga avenida, tal como ocorre em Paris, modelo no qual se espelhou, sucumbiu  aos mesmos interesses que a construíram, cujo único e eterno objetivo é o lucro, seja de que modo for.

terça-feira, 13 de março de 2012

HARRY E A CORTESIA BRITÂNICA !


As boas lembranças que o príncipe Harry levou do Rio

12
mar
22h46
O Windsor Atlântica Hotel foi o hotel escolhido pela embaixada britânica para hospedar no Rio  de Janeiro o príncipe Harry e sua comitiva de 120 pessoas, ocupando três andares. Harry teve a opção de ficar na suíte presidencial, mas preferiu uma das suítes executivas no 31° andar, com uma vista sensacional para as praias de Copacabana e Leme. Harry preferiu ficar na suíte executiva, com perfil mais jovem e decoração moderna, com um clima mais familiar e aconchegante. O príncipe fez inúmeros elogios aos funcionários do hotel, assinou o livro de ouro e deixou um recado de agradecimento, dizendo: “Thank you to the Windsor Atlantica for a Lovely Stay”. Simpático o rapaz, não?...

Um dos mimos oferecidos a ele pelo hotel foi uma caixinha com quatro brigadeiros trufados, feitos pela própria equipe de doceiros da cozinha, que o príncipe simplesmente amou, bem como gostou da salada verde, do hambúrguer, das batatas fritas e da água de coco. Ele curtiu ainda a vista deslumbrante da cobertura, onde bebeu mais água de coco ao lado da piscina. Enfim, o filho da inesquecível Diana sabe o que é bom...

Confiram abaixo as fotos...
0031 As boas lembranças que o príncipe Harry levou do Rio
foto As boas lembranças que o príncipe Harry levou do Rio 
Príncipe Harry assina o livro do Hotel Windsor. em Copacabana, na "fronteira" com o Leme

SANTA TERESA LUTA PELO SEU PATRIMÔNIO HISTÓRICO !




Prezado Prefeito Eduardo Paes,
Prezado secretario Carlos Alberto Muniz,
Prezado subsecretario Washington Fajardo,
Prezado vereador Brizola Neto,
Prezado assessor especial Sérgio Bessermann
Prezado presidente Rioluz Henrique Pinto
Prezado diretor Rioluz Heitor Doyle,
Prezado administrador regional da 23 a RA Washington Jr

Ref: RELUZ - retirada de luminárias históricas (tombadas pela lei mun. 495/84) de Santa Teresa pela Rioluz


URGENTE


Alertados por moradores de que estão sendo efetuadas trocas de todas as luminárias históricas de Santa Teresa por modelos novos, de alumínio.

Solicitamos – em nome do principio de cautela e da preservação da memória e da paisagem carioca - a suspensão deste procedimento e que seja dada ordem de recolocação das mesmas às equipe(s) da Rioluz que se encontram trabalhando em nossas ruas. Caso não seja possível a imediata recolocação, sugerimos que as luminárias em posse da Rioluz sejam acauteladas, sob inventario, na sede da 23ª. RA.

Informados pela 23ª.  RA, há algum tempo, de que o bairro havia sido beneficiado com sua inclusão no programa Reluz, apoiamos a inciativa. Contudo, nem o administrador regional, muito menos nós, imaginávamos que isso implicaria no empobrecimento do patrimônio histórico e paisagístico de Santa Teresa. A propósito, lembramos a reunião que tivemos com a RIOLUZ no dia 03/10/2011, na sede da empresa, e cujo objetivo era o da racionalização do numero de postes, bem como e principalmente a elaboração de um projeto de restauro do mobiliário urbano do bairro (o que, aliás, seria muito conveniente em face da oportunidade aberta com a próxima substituição dos trilhos dos bondes e sobretudo face ao fato de que 2012 ficará marcado pelo “Rio Mais Vinte” e como sabemos, o meio ambiente inclui tanto o patrimônio natural, quanto a preservação do patrimônio cultural ...). 

Pouco tempo depois da reunião na Rioluz, tivemos a oportunidade de reiterar nosso pleito ao próprio prefeito quando da audiência que nos foi concedida em seu gabinete.

Informamos ainda que, pelo menos, as seguintes ruas foram prejudicadas:

Hermenegildo de Barros, Ladeira dos Meireles (calçamento em pé-de- moleque !), Tenente Maurício Medeiros. O alvo da tarde de hoje seria e Travessa Cassiano.

Os moradores e os cariocas amantes do que ainda resta do património histórico da nossa cidade, ficam no aguardo de suas considerações e imediata providencias , rogando mais uma vez à vossas senhorias que impeçam mais essa descaracterização.

Att

Álvaro Braga diretor comunitário da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa

domingo, 11 de março de 2012

O PATRIMÔNIO HISTÓRICO DEPREDADO, FALTA EDUCAÇÃO E CULTURA !


Igrejas históricas do Centro do Rio são alvo de pichações


Três delas são tombadas pelo Iphan. Todas têm pelo menos 200 anos de idade


Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, erguida no século XVIII, com a lateral pichada
Foto: Foto da leitora Bluna Teixeira / Eu-Repórter
Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, erguida no século XVIII, com a lateral pichada Foto da leitora Bluna Teixeira / Eu-Repórter
RIO - Lembranças concretas da história do Rio e lugares de cultivo da fé para muitos cariocas, igrejas do Centro têm sido alvo de atos de desrespeito que não fazem jus à sua importância. Durante a última semana, a leitora Bluna Teixeira registrou pichações nas igrejas de Nossa Senhora da Candelária, da Ordem Terceira do Carmo, de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos - estas três tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan) - e de São Gonçalo Garcia e São Jorge.
Nenhuma dessas quatro igrejas está de pé há menos de 200 anos. Segundo o Iphan, a da Candelária começou a ser erguida em 1775, e foi concluída só no século XIX. Teve sua primeira missa celebrada em 1811. As obras de construção da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Primeiro de Março, são anteriores, tendo início em 1755. Os campanários das torres só foram terminados quase cem anos depois, em 1850. A da Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, na Rua da Uruguaiana, é ainda mais antiga: já estava praticamente pronta em 1737. E a igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge foi construída e concluída durante a segunda metade do século XVIII.
Talvez por terem sido erguidas há tanto tempo, as igrejas não estavam preparadas para lidar com os vândalos do século XXI. A tinta disparada pelos pichadores já danifica, por si só, as pedras usadas nas construções. E a limpeza das pichações, caso feita de forma incorreta, pode causar uma deterioração ainda maior:
- Pode parecer contraditório, mas quanto mais as pedras são limpas, mais elas se desgastam. A limpeza pode ser muito agressiva por causa dos produtos químicos que são usados. Às vezes, é melhor não limpar que fazê-lo de qualquer jeito - explica a arquiteta Catherine Gallois, especialista em elementos pétreos aqui do Iphan.
O ideal, segundo Catherine, é limpar as pichações o mais rapidamente possível, pois assim fica mais fácil de removê-las; ou seja, menos produtos químicos precisam ser utilizados. Se usados sem o devido cuidado, eles podem desgastar ainda mais as antigas superfícies, já afetadas pelo tempo e pela poluição deixada no ar pelos veículos. Por isso, é preciso usar mão de obra especializada:
- Há alternativas melhores, como a aplicação de ceras para proteger as pedras de eventuais pichações. Caso a pedra seja pichada, é possível remover a tinta usando jatos de vapor d’água sobre a camada protetora. Mas essas tecnologias são importadas, ainda são muito caras - conta a arquiteta.
A responsabilidade pela manutenção de bens tombados fica a cargo de seus donos ou mantenedores; no caso das igrejas, as irmandades. A da Ordem Terceira do Carmo foi a única a responder à reportagem:
- Está prevista para agosto uma reforma da igreja. Então, devemos resolver o problema das pichações - disse Luiz Roberto Melo, supervisor da igreja.
O GLOBO não conseguiu contato com as igrejas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos e com a de São Gonçalo Garcia e São Jorge. A igreja de Nossa Senhora da Candelária foi contatada, mas seus responsáveis não foram localizados para comentar o problema das pichações.


PALÁCIO GUANABARA É PATRIMÔNIO DOS ORLEANS E BRAGANÇA !


Palácio Guanabara, a última joia da Coroa


Ação sobre posse iniciada pela Princesa Isabel há 117 anos mantém viva a rixa entre monarquia e República

Publicado:

A princesa Isabel e o Conde D’Eu, em 1865, na foto antiga
Foto: Acervo do Museu Imperial/Ibram/MinC
A princesa Isabel e o Conde D’Eu, em 1865, na foto antiga Acervo do Museu Imperial/Ibram/MinC
RIO - Quando foram morar no Paço Isabel, em Laranjeiras, logo após o casamento, a Princesa Isabel de Orleans e Bragança e o Conde D’Eu não podiam imaginar que a nobre residência viraria uma das maiores pendengas da história da Justiça brasileira. Despossuídas de coroa e trono, as gerações dos Orleans e Bragança herdaram do casal um processo que acumula mais de mil páginas nos tribunais superiores e se arrasta há 117 anos. Mesmo com a morosidade do Judiciário, as partes continuam acompanhando o caso, que envolve o Palácio Guanabara, antigo palácio da Princesa Isabel, confiscado pela República após a sua proclamação, em 15 de novembro de 1889.

Recursos serão apreciados no STJ e STF

A princesa e o conde classficaram o ato, em 1894, como esbulho, e, no seguinte, em 24 de setembro, entraram na Justiça para reaver a posse da propriedade. Nenhum dos dois viveu para ver um desfecho dessa história. Algumas decisões — de primeira instância, em 1897, e do Tribunal Regional Federal (TRF), em 1996, as duas a favor da União e do Estado do Rio — e recursos depois, o caso continua em aberto, agora à espera de julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação da princesa se somou a outra impetrada por seu neto Pedro Henrique de Orleans e Bragança, em 1955, que pedia a posse do palácio ou indenização.

Os recursos da família relativos às duas ações serão apreciadas ao mesmo tempo pelo STJ. Há dois no STJ e um no STF.

Bisneto de Isabel, o advogado Alberto de Orleans e Bragança, também professor de Direito, é quem acompanha hoje o andamento do processo. Ele diz que a propriedade foi invadida e tomada a força por tropas militares, que expulsaram os empregados. A família estava no exílio na Europa.

— Tomaram uma propriedade de maneira ilegal, violenta, e isso nunca foi resolvido nos tribunais. A família não depende disso, mas se a ação está aberta tem que ser julgada — defende o advogado, monarquista e um dos 12 filhos de Pedro Henrique de Orleans e Bragança.

Já o governo estadual, que entrou no caso após receber o palácio da União (em 1960, quando Estado da Guanabara), nega o direito reivindicado há mais de cem anos pelo casal:

— Os prédios eram do patrimônio nacional. O direito do casal era apenas de habitação, enquanto houvesse o título monárquico. E o Tribunal Regional Federal (TRF) já reconheceu a prescrição do caso — alega Leonardo Espíndola, subprocurador-geral do estado, citando decisão do TRF, da qual os Orleans e Bragança recorreram.

Para quem está de fora da briga, os recursos e julgamentos são uma aula de história e prova o quanto a Justiça brasileira pode ser demorada. Uma petição do atual advogado da família no caso, Carlos Eugênio Lopes, afirma que o palácio foi tomado por tropas militares na noite do dia 23 de maio de 1894, durante o Governo Floriano Peixoto. Ele assim se refere ao ocorrido: "Por fim, tirando a máscara, em maio de 1894 na noite do dia 23, como convém atos dessa natureza, tropas cercaram o palácio e dele se apossaram, procedendo o usual saque corriqueiro nas circunstâncias".

Na versão da família real, houve um rompimento do contrato; por isso a expressão "tirando a máscara". Lopes argumenta que a chácara onde estava situada o palácio e outras propriedades no entorno, transformadas no Paço Isabel, foram compradas, em parte, com recursos de um dote de 300 contos de réis oferecido pela nação brasileira.

O presente, segundo ele, está fundamentado na Constituição de 1824 e foi publicado como lei. O Conde D´Eu teria complementado a quantia com recursos próprios. Mas medidas de 1890 e 1891 da República acabaram incorporando os bens ao patrimônio estatal.

— Era uma propriedade privada como outra qualquer — afirma Alberto.

Ele explica que mantém o processo por uma questão de princípios, embora não considere a possibilidade de recuperar o bem tombado. O único reparo possível, segundo ele, seria uma indenização, cujo valor chegaria a uma conta "monumental", como diz.

A pedido do GLOBO, Paulo Fabbriani, vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), calculou quanto custaria uma construção comum na área ocupada somente pelo prédio do palácio — 5.740 metros quadrados, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras. Por baixo, afirma o especialista, o endereço é avaliado em R$ 60 milhões, sem contar o valor histórico, que pode triplicar o seu preço, e o restante do terreno com o jardim e o prédio anexo.

Em resposta ao recursos dos Orleans e Bragança, o governo estadual apresentou à Justiça documento baseado em artigos de lei do século XIX, antigas declarações de compra e venda do imóvel, cláusulas do contrato nupcial da realeza e até mesmo num ofício de 1865 do Marques de Olinda, então Ministro do Império.
No documento, a Procurado ria do Estado afirma que o imóvel foi comprado com recursos da Fazenda Pública para a finalidade, "tão somente, de habitação do casal" que integrava o estado monárquico, enquanto durasse essa forma de governo.

Laranjeiras foi negociado pela União

Ao contrário do Palácio da Princesa Isabel, o Palácio Laranjeiras, residência oficial dos governadores do Rio, foi negociado com a União. Em 1946, ele foi passado de "porteira fechada" pela família Guinle ao governo federal por meio de permuta com terrenos na Esplanada do Castelo. A transferência ocorreu cinco anos após a morte de Eduardo Guinle, que encomendou o palacete, construído entre 1909 e 1913 pelo arquiteto Armando da Silva Telles.

Quem tem o privilégio de visitar o endereço se surpreende com o luxo e a sofisticação. Todos os elementos decorativos, mobília e obras de arte adquiridos pelos Guinle, na maioria europeu e de inspiração francesa, permanecem até hoje no local.

Em 1947, o lugar virou residência oficial de hóspedes ilustres do governo federal. De 1956 até a transferência da capital para Brasília, em 1960, foi residência do presidente da República, tendo abrigado Juscelino Kubitschek. Em 1974 a posse do edifício passou ao Estado do Rio, resultado da fusão com a antiga Guanabara.

Do neoclássico ao eclético

Conflitos à parte, o curioso é que se a Princesa Isabel e o Conde D’Eu tivessem tido a chance de voltar ao palácio no início do século XX, talvez não reconhecessem mais a propriedade. O arquiteto Eduardo Valdetaro, da Superintendência de Engenharia e Manutenção da Casa Civil do governo estadual, conta que na época em que abrigava a realeza, o imóvel não tinha a monumentalidade vista hoje: seu estilo era neoclássico, sua cor rosa, e seu formato retangular. Em 1908, foi feita uma grande reforma que lhe rendeu as rotundas, o pórtico da entrada e o estilo eclético. O palácio também ganhou a cor ocre, símbolo da República, e que foi recuperada na recente restauração.

Por uma ironia, ele foi remodelado pelo governo republicano para receber o Rei Carlos I, de Portugal. Mas quis o destino que o monarca português fosse assassinado antes de viajar, nunca pisando no antigo palacete real.

De lá para cá, em quase 160 anos de história, o lugar ganhou diferentes funções. A mais ilustre foi a de residência oficial dos presidentes da República. Um deles foi Getúlio Vargas, cuja escrivaninha, com o brasão da República, é hoje mesa de trabalho do governador Sérgio Cabral. Dos tempos do Império, ele guarda de relíquia a mobília portuguesa em estilo manoelino que decora a área privativa do governador e o chão de pé de moleque numa das alas, descoberto no último restauro e que ganhou iluminação especial e proteção de vidro.


RIO: IPHAN ABRE SUAS PORTAS . . .


Iphan abre ao público as portas de sua sede centenária no Centro


Exposição de fotos e documentos contará história do edifício de 1908

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Cristina Lodi fará exposição no Iphan e sugere visitas a ícones como o Gustavo Capanema
Foto: Custódio Coimbra / O Globo

Cristina Lodi fará exposição no Iphan e sugere visitas a ícones como o Gustavo Capanema Custódio Coimbra / O Globo
RIO - Recém-chegada ao cargo de superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no estado (Iphan) no Rio de Janeiro, a arquiteta e urbanista Cristina Lodi quer abrir a porta de sua "nova" casa aos moradores do Rio. E não se trata de qualquer porta, mas de uma preciosidade, com 4,30 metros de altura, que exibe imagens náuticas e de espécies da vegetação brasileira entalhadas em madeira pelo português Manuel Ferreira Tunes. O endereço em questão também é nobre: o número 46 da Avenida Rio Branco, que no início do século XX abrigou a Companhia Docas de Santos, e onde está instalada a sede do instituto.
Com fachada de granito, o prédio esconde em seu interior delicadas pinturas no teto, frontões de estilos renascentista e barroco e outros elementos decorativos que poderão ser "visitados" a partir deste mês, quando será aberta a exposição "Edifício Docas de Santos". A mostra reunirá fotos, documentos e uma maquete que contam a história deste importante bem tombado da cidade. Há cinco anos os cariocas não tinham oportunidade de ver uma mostra dentro do prédio.
— O edifício surge no contexto de abertura da Avenida Central, de implantação de um novo momento na cidade, voltado para a ideia da modernidade. Até então, o que se tinha era uma cidade de rua estreitas, muito ligada ao colonial. Com a abertura da Rio Branco, há um incentivo a construções de novas edificações por meio de concursos. O da Companhia Docas foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e construído entre 1905 e 1908. Trata-se de um edifício eclético, bem aos moldes do que previa a arquitetura daquela fase. Um edifício com estrutura mista de alvenaria e ferro. A fachada é imponente, com cantaria nos dois primeiros pisos, e elaborados trabalhos de madeira, com destaque para a porta de entrada, de jacarandá, e as janelas com sacadas — diz Cristina Lodi, que assumiu o cargo de Superintendente em janeiro.
Tombado pelo Iphan em 1978, o prédio tem cinco andares e é um dos últimos exemplares da primeira fase de construções da antiga Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco. Quem for à exposição, que será inaugurada dia 23 de março, às 17h, vai saber, por exemplo, que a ideia de construir uma sede para docas na nova avenida foi do presidente Rodrigues Alves, que pediu aos dois empresários sócios da empresa, Cândido Gaffrée e Eduardo Palassin Guinle, que encomendassem um projeto.
Exposição terá cenário com mobiliário de época
A pedra fundamental do prédio, conta o texto de abertura da mostra, foi lançada em 1904, durante o início abertura da Avenida Central, e ele foi concluído em 28 de janeiro de 1908, três anos após a inauguração da via. Segundo documentos da época, os materiais usados na obra chegaram ao Rio em vapores vindos de Nova Iorque, Paris, Marselha, Hamburgo e Antuérpia, entre outras cidades. "Somente no primeiro pavimento foram utilizados 129 caixas de mármore lavrado, vindos da Itália. Da Antuérpia, 454 vigas de aço para os três últimos andares e, de Hamburgo, 180 volumes contendo material para as escadas e claraboias".
A exposição acontecerá no térreo, onde há duas lojas com largas vitrines de cristal, espaços que no passado eram usados por comerciantes. Um deles, hoje, é ocupado pela Livraria da Travessa. O outro, no lado esquerdo, vai receber a mostra.
— O edifício foi feito sob encomenda para abrigar a Companhia Docas, e, por isso, na decoração e na pintura há vários detalhes que remetem à esta origem. Quando nossos restauradores começaram a fazer a prospecção da pintura, descobriram desenhos com alusão ao comércio e a produtos como o café, por exemplo. É um lugar lindo, que encanta em cada detalhe. A escada de ferro fundido, por exemplo e o elevador, que ainda funciona, são belíssimos. Com esta exposição, queremos dividir um pouco disso e abrir nossa casa — diz a superintendente do Iphan, que também está reunindo o mobiliário de época, como escrivaninhas e cadeiras, para montar um cenário com uma típica sala daquele período.