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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BECO DO COTOVELO


07/10/2009 - 18:32
Enviado por: Paulo Pacini


JB



Dentre os vários fundadores da cidade do Rio de Janeiro, a Companhia de Jesus destacou-se por sua indústria e arrojo, semeando na terra carioca alguns dos primeiros germens de civilização. Sua Igreja e Colégio, fundados em 1567, representaram por muito tempo a face da cidade nascente, pois, coroando o Morro do Castelo, eram as primeiras obras feitas pelo homem avistadas por quem chegava pelo mar.

A praia ao sopé do morro ficou logo conhecida como porto dos Padres da Companhia, pois se tornou ponto de embarque e desembarque de pessoas e bens rumo ao morro, principalmente para o Colégio. Os jesuítas também abriram uma via que, indo para o interior, comunicava-se com o início da Ladeira do Castelo e a futura rua do Carmo. Foi chamada, à falta de melhor opção, de Caminho para o porto dos Padres da Companhia. Tempos depois, recebia o nome de Beco do Padre Vicente, lá onde havia um oratório dedicado a N. Sª das Brotas. Nova mudança, e o beco passa a ser chamado do Açougue, pois nele surgiu o primeiro estabelecimento deste tipo na região da Misericórdia.











O Cotovelo, uma imagem do passado





O célebre historiador Vieira Fazenda, morador do local, conta que, até meados do século XIX, quando passou a se chamar Beco do Cotovelo, era esta uma rua valorizada, com alguns moradores de distinção. Sempre havia movimento, pois era caminho quase obrigatório para a estação das faluas, as quais, além de levar passageiros para Niterói e Botafogo, traziam diversos materiais, como lenha e cal. No trecho final, junto à rua D. Manuel, ficava o Teatro São Januário, inaugurado em 1834 e onde brilhou o ator João Caetano, dentre outros. Foi nele que, em 1846, aconteceu o primeiro baile de carnaval do Rio. No São Januário também estreou o vaudevile em nossas terras, encenado por uma companhia francesa, animando a pacata vida noturna local, ainda marcada pela modorra colonial.

A decadência da área se acentuou com a transferência da ponte das barcas de Niterói da Praia D. Manuel para a Estação Ferry em 1862, o que reduziu a importância do Cotovelo enquanto acesso ao centro da cidade. A antiga rua desapareceria em meados do século XX, levando o nome de seu mais ilustre morador, Vieira Fazenda, a quem se deve o registro cuidadoso dos fatos ligados a este e outros logradouros, cuja lembrança de sua existência, sem o trabalho do historiador, teria se esvaído em pó, a exemplo do que muitas vezes ocorreu na realidade.