FALE COM OS MONARQUISTAS !

FAÇA PARTE DO NOSSO GRUPO NO YAHOO

Inscreva-se em DMB1890
Powered by br.groups.yahoo.com

sábado, 31 de julho de 2010

OS IMPERADORES E A IMPRENSA DO BRASIL

Política e imprensa



Isabel Lustosa
O ESTADO DE SÃO PAULO


Talvez esteja na hora de se promover uma campanha pela moralização dos tribunais em todas as suas instâncias







Dom Pedro I adorava escrever para os jornais. Originais de alguns de seus artigos, muito rabiscados, mas escritos com boa letra (bem melhor do que a do pai), estão guardados no Museu Imperial de Petrópolis. Não está lá, no entanto, o mais célebre, publicado em janeiro de 1823 em O Espelho, cujo sugestivo título: Calmante do Malagueta ou p... que o pariu a ele, antecipava o conteúdo. Como não existe o original, ficou sempre a dúvida sobre a autoria, mas, como o estilo faz o homem e aquele artigo chulo tinha bem o estilo do nosso irrequieto imperador, tudo leva a crer que foi ele mesmo quem o escreveu.



Se não hesitava em ofender, d. Pedro, no entanto, era muito pouco tolerante com qualquer crítica impressa. De forma que quando José Augusto May, o Malagueta, publicou em junho daquele ano artigo em que atacava principalmente a José Bonifácio, mas fazia também críticas veladas ao imperador, foi surpreendido por visita noturna de um bando de embuçados em sua casa no bairro de São Cristóvão. Apanhou muito o Malagueta, herdando dessa surra defeito permanente em uma das mãos.


 


D. Pedro II, ao contrário do pai, foi totalmente tolerante com o que se publicava sobre ele nos jornais. Talvez não seja exagero dizer que foi durante o Segundo Reinado que a imprensa gozou de maior liberdade no Brasil, daí que existam tantas caricaturas suas. Mesmo quando as críticas foram mais contundentes, até mesmo ofensivas como as que publicava Apulco de Castro no seu O Corsário, o imperador nada fez contra o jornalista. Quem deu cabo de Apulco de Castro foram os militares que, sentindo-se ofendidos por alguns de seus artigos, o tocaiaram e lincharam numa esquina da hoje boêmia Rua do Lavradio.



Foi, de fato, sob o governo dos dois presidentes militares que a imprensa começou a sentir saudades do tempo do velho imperador. Se o Marechal Deodoro não tomou medidas legais contra o jornal monarquista, a Tribuna, seus sobrinhos, todos militares, empastelaram o jornal, causando a morte do tipógrafo. O sucessor, Marechal Floriano, prendeu e mandou para longe do Rio de Janeiro os jornalistas mais ousados como José do Patrocínio e Olavo Bilac. Durante a República Velha, oposição mesmo quem fazia era Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã. Chegou a bater-se em duelo contra seu conterrâneo, o também gaúcho Pinheiro Machado, presidente do Senado e eminência parda da política brasileira nos primeiros anos do século 20. Tão forte era a influência do jornal de Bittencourt que ele esteve por trás de duas agitações importantes no período: insuflando as massas contra o governo na Revolta da Vacina, em 1904, e tentando sabotar a eleição de Artur Bernardes, em 1922, com as famosas "cartas falsas".



A Revolução de 1930 marca um processo de ascendente controle da imprensa. Fatos como a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, e a frustrada tentativa de golpe dos comunistas, em 1935, justificaram restrições que se tornariam ostensivas depois do golpe de 1937, quando a censura se torna política de governo. No entanto, reinou franca liberdade de imprensa durante o segundo governo Vargas. Foram os jornais de oposição que produziram a violenta campanha que resultou no desfecho trágico da madrugada de 24 de agosto de 1954. A censura mesmo só voltaria a predominar em 1964, a partir do golpe militar que levou o censor para dentro da redação.



Felizmente, hoje o Brasil vive período de franca liberdade de imprensa e as questões específicas são resolvidas nos tribunais. Há que se questionar, no entanto, a eventual parcialidade da Justiça. E, neste caso, talvez esteja na hora de se promover uma campanha pela moralização dos tribunais em todas as suas instâncias. Uma campanha contra as ligações antidemocráticas de compadrio entre juízes e políticos influentes, que se apresentam em todas as instâncias do Judiciário. São essas ligações perigosas que fazem com que leis bem-intencionadas como a da Ficha Limpa só atinjam - como é da lamentável tradição brasileira - os que não têm dinheiro para pagar os melhores advogados e, algumas vezes, podem até mesmo ser inocentes.



É PESQUISADORA DA FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA





Príncipe D. João de Orleans e Bragança inaugura exposição em Paraty

Príncipe D. João de Orleans e Bragança escolhe Paraty para inaugurar exposição

POR BRUNO ASTUTO
O DIA


Rio - Depois de registrar no livro ‘Olhar de João’ seus 35 anos de carreira como fotógrafo, o príncipe D. João de Orleans e Bragança escolheu Paraty para inaugurar, quinta-feira, uma exposição com 30 imagens selecionadas entre as 140 que compõem a obra, publicada pela Meta no fim do ano passado. A mostra acontece na Galeria Zoom e dá uma ideia dos caminhos já percorridos pelo membro mais popular da família imperial brasileira.



O cenário, de fato, não poderia ser outro: além da intimidade que mantém com o casario e as calçadas pé-de-moleque, D. João é um embaixador informal da cidade durante a Festa Literária de Paraty, que também começa na quinta-feira. “Os autores lá fora disputam um espaço na Flip, que já se tornou mais importante economicamente para a cidade do que o Carnaval e o Ano Novo”, diz. É no Centro Histórico que ele mantém seu escritório imobiliário, onde bate ponto de segunda à sexta e onde conversou com PG3.



Foto: Giancarlo Mecarelli



Na maior simplicidade, D. Joãozinho abre, a cada ano, os jardins de sua casa para o mais concorrido evento off-Flip, o almoço dos escritores — este ano, a programação traz Fernando Henrique Cardoso, Peter Burke, Robert Cramb, Moacyr Scliar, Ferreira Gullar e outros. A presença no encontro é quase obrigatória, to-do mundo vai.

Isabel Allende é a figura mais esperada, mas o príncipe não está ansioso pela confirmação da presença da escritora chilena em sua casa. “O almoço é tradição desde a primeira Flip, há seis anos, todos vêm, ela deve vir, afinal, é tudo pertinho, dá para chegar a pé”.



BRASIL PROFUNDO – “Selecionamos fotos que dão uma ideia bem ampla desses 35 anos percorrendo o Brasil. Não são fotos de viagem. O Brasil inteiro é minha casa. Tem os índios ianomâmi, comunidades quilombolas, tem o Rio, a Bahia, um trabalho em Vigário Geral com o AfroReggae. O que sempre me atraiu para fotografar foi o conhecimento sobre esses lugares. Minha paixão continua sendo o aprendizado sobre os costumes, o convívio com as pessoas humildes, mas cheias de dignidade. A estética da imagem vem depois disso”.



NO FOCO – “A relação com o fotografado é uma coisa que fica. Vou dar um exemplo. Depois de 32 anos que estive lá, pedi a uma amiga, que estava de viagem marcada para o Xingu, para levar uma foto minha com um índio, filho de um cacique, que fiz na época. Queria que ela desse a foto para ele de presente, que encontrasse esse homem de qualquer maneira. Vou ter de esperá-la voltar para saber se o achou”.



PRÓXIMA SÉRIE: “Não tenho nada planejado, mas isso surge de uma hora para a outra. No ano passado, fui convidado pelo governo de Alagoas para refazer o caminho que D. Pedro II percorreu ao subir o Rio São Francisco. A viagem foi interessantíssima, mas imagina, 220 km de barco? Surgiram algumas imagens maravilhosas daí”.



NOBREZA. “O que costumo dizer é que meu orgulho não é o meu nome, mas a história da minha família. A unidade nacional veio com a Independência, o Brasil teria se dividido em vários países, como aconteceu na América Latina. E o País é esta potência graças à minha família, pessoas que dedicaram a vida ao País, sem a Polícia Federal na porta procurando indícios de corrupção como se vê com os políticos há décadas”.



PODER: “O Brasil já tem uma democracia solidificada, mas estou apreensivo sobre setores do governo atual que querem cercear liberdades, a liberdade de expressão, de imprensa, é algo sagrado poder se dizer o que pensa. E por acaso são aqueles que mais lutaram contra a ditadura que estão lá, cerceando. Sou apartidário, não posso nem falar de partido político, falo sobre cidadania”.



PARATY. “Diferentemente de alguns lugares que cresceram muito, Paraty não expulsou seus moradores antigos para fora do centro histórico. Meu pai veio para esta cidade há 50 anos, conheço essas ruas desde criança. Não estou mais com a pousada, agora ela está arrendada, mas meus negócios são todos aqui, é em Paraty que eu trabalho, tenho o escritório da minha imobiliária. Ao contrário das outras pessoas, eu passo a semana aqui e os fins de semana no Rio”.



FLIP. “Hoje o período da festa literária é altíssima estação em Paraty. Para o turismo, em termos de ocupação e economia, é período melhor que o Carnaval e o Réveillon. O mais interessante nesta época é que as pessoas de fora se misturam com os locais, tem gente que vem mesmo sem ingresso para nada. Eu vou a pelo menos a duas ou três mesas por dia”.



OFF FLIP. “O almoço já é tradição, sempre na quinta-feira da abertura. Vai faltar apenas o Lou Reed. Todos os autores comparecem ao almoço. A Isabel Allende, estando em Paraty já na quinta, também deve vir. O cardápio é sempre de comidas tipicamente brasileiras, serviço para 120 pessoas, pelo menos. Os escritores vão chegando, aqui é tudo pertinho, a gente faz tudo a pé. Tanto que no mesmo dia abro a exposição e lanço meu livro, ‘Olhar de João’. Depois, sábado que vem, é o dia em que abro os jardins da minha casa para os poetas, um sarau com o pessoal do Corujão da Poesia. Os jovens precisam de espaço, aqui qualquer um pode chegar”.



PALÁCIO GUANABARA, A ETERNA RESIDÊNCIA DA PRINCESA ISABEL

Rio

Palácio Guanabara passa por quinta reforma e está ficando um brinco





O Palácio 'envelopado' Foto: Divulgação

José Luiz de Pinho, Jornal do Brasil





RIO DE JANEIRO - Quem passa pela Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, se espanta ao ver o Palácio Guanabara totalmente descaracterizado. A impressão é de que ele foi ensacado. Coberto por andaimes, tapumes e telas de proteção, a imponente construção do século 19 está recebendo um choque de beleza.



Um turista desavisado que vem pela primeira vez ao Rio jamais definiria o prédio como um palácio. Mas o candidato ao governo do Rio que vencer as eleições deste ano, não terá do que se queixar.



– A restauração do Palácio Guanabara simboliza a recuperação das instituições do Estado – define o secretário estadual da Casa Civil, Arthur Bastos. – Quando chegamos, em 2007, ele estava degradado, daí a necessidade de uma grande reforma.



A partir de fevereiro de 2011, o chefe executivo estadual despachará num palácio novinho em folha. O projeto de restauração, aprovado pela Secretaria Estadual de Cultura, está orçado em cerca de R$ 9 milhões, divididos em três cotas de aproximadamente R$ 3 milhões cada.



Duas cotas já garantidas vieram das empresas Light e Embratel. O governo agora busca a captação da terceira cota. As empresas patrocinadoras terão, em contrapartida, a oportunidade de investimentos através de leis de incentivo fiscal.



A recauchutagem do palácio começou em setembro. Até o próximo mês de fevereiro, o atual governador, Sérgio Cabral, vai despachar no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do Executivo estadual.



Construído no século 19, o palácio passa pela sua quinta reforma. A última geral aconteceu em 1987, e a prioridade foi o interior do prédio principal.



Desde então, além da pintura da fachada, das esquadrias de madeira e das paredes internas, apenas pequenas obras de manutenção e reparo foram feitas, de forma paliativa.



– Por ser um local de trabalho, o Palácio foi modificado ao longo do tempo e acabou desfigurado – entende Arthur Bastos. – É a originalidade do prédio que estamos resgatando com a recuperação.



Há controvérsias



Mas nem todo mundo que passa em frente ao palácio fica satisfeito ao ver a imensidão da obra.



– Em vez de gastar R$ 9 milhões nessa reforma, o Estado deveria investir o dinheiro público, do contribuinte, em saúde, ensino e outras prioridades – criticou o advogado Sérgio Fischer. – Nós é que estamos pagando isso.



Portadores de necessidades terão acessos exclusivos



Inaugurado em 1929, pelo então presidente Washington Luiz, o Palácio Guanabara terá entre as melhorias previstas, uma mais do que significativa: a adaptação de seus acessos aos portadores de necessidades especiais. Mas a intervenção inclui também a troca de todas as instalações elétricas e hidráulicas, além da restauração geral dos telhados, pisos e paredes.



Engenheiros e técnicos responsáveis pela reforma detectaram a necessidade de outras melhorias no palácio que sedia o governo do Rio.



As paredes, erguidas no século 19 com pedra de mão e argamassa à base de óleo de baleia, sofreram um processo contínuo de deterioração de seu revestimento e precisam de reparos.



As cúpulas metálicas das rotundas (entradas laterais do palácio), de procedência francesa, apresentam acentuado grau de desgaste. Desde a sua construção, tinham passado apenas por reparos pontuais.



Outra carência estava no sistema de ar condicionado. Instalados abaixo das janelas, os aparelhos causaram estragos nos revestimentos das fachadas, como infiltrações, dando um péssimo aspecto visual.



Como alternativa para eliminar o problema, será instalado um sistema de ar condicionado central.



Os jardins do palácio também são alvo da reforma, já que tiveram sua última restauração em 1920. Além dos jardins, serão reformados chafarizes, esculturas, o paisagismo, a iluminação e o mirante do palácio.



Da nobreza a Getúlio, hóspedes ilustres



A primeira grande reforma feita na área do Palácio Guanabara aconteceu em 1865. O prédio ganhou um estilo neoclássico para ser a residência oficial de um casal da nobreza brasileira: a Princesa Isabel e o Conde d’Eu.



Localizado na antiga Rua Guanabana, hoje Rua Pinheiro Machado, foi construído, em 10 anos – de 1853 a 1863 –, pelo português José Machado Coelho, sendo residência particular até 1860.



Na época, o acesso ao palácio era pela Rua Paissandu, que ganhou uma centena de palmeiras imperiais. O prédio pertenceu aos príncipes até a proclamação da República, em 1889, ano em que foi confiscado pelo governo militar e passou a ser patrimônio da União.



O palácio foi utilizado pelo presidente Getúlio Vargas como residência oficial durante o Estado Novo (1937-1945). A partir de 1946, foi sede da Prefeitura do Distrito Federal até 1960, ano da criação do Estado da Guanabara.



Deixou de ser a residência oficial, quando esta retornou para o Palácio do Catete e foi, mais tarde, transferida para o Palácio Laranjeiras, a dois quarteirões de distância.



O palácio foi doado ao governo do estado da Guanabara pelo presidente Ernesto Geisel (1974-1979). Desde a fusão é sede do governo do estado, transferida do Palácio do Ingá em Niterói.



Mas a residência oficial do governador é o Palácio Laranjeiras, que fica no mesmo bairro.





21:08 - 30/07/2010



sexta-feira, 30 de julho de 2010

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL CIDADE NOVA (ACECN) APRESENTA SEU NOVO FOLDER




VISITAS GUIADAS A IGREJA BOM JESUS DA COLUNA

Fundação Cultural Exército Brasileiro - FunCEB






Sede: QGEx - Bloco H - 3º Piso - SMU - Brasília - DF - CEP 70 630-901



Tel: (61) 3415-57-61 - Fax: (61) 3415-6743







Escritório Rio: Palácio Duque da Caxias - Ala Marcílio Dias - 5º Andar



Praça Duque de Caxias, 25 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20 221-260



Tel: (21) 2519-5352 - Fax: (21) 2519-5106






quinta-feira, 29 de julho de 2010

D. PEDRO I - UM IMPERADOR BOM DE GARFO !



Um imperador bom de garfo

Um moço simpático chegou à porta da cozinha da fazenda e pediu um prato de comida.

Quando o viu, o coronel joão Ferreira levou um susto: o moço era d. Pedro I


O Estado de S.Paulo

O primeiro imperador do Brasil, d. Pedro I, foi descrito pelo historiador Pedro Calmon, no livro O Rei Cavaleiro (Edição Saraiva, São Paulo, 1941), como um jovem másculo e corado, tendo os lábios grossos do pai, D. João VI, os olhos vivos da mãe, d. Carlota Joaquina, e o braço robusto capaz de "derrubar touros no picadeiro".





Outros autores destacam seu temperamento instável, que alternava acessos de extrema violência e profundo arrependimento, o caráter aventureiro e possessivo, o exacerbado romantismo, o interesse compulsivo pelas mulheres, a habilidade em montar e a inspiração musical que o fez compor o Hino da Independência e uma ouverture em mi bemol maior apresentada em Paris pelo italiano Gioacchino Rossini.





Tudo isso é verdade. Mas nem sempre lembramos que D. Pedro também era bom de garfo e copo. Afortunadamente, não precisava cuidar da dieta, pois não herdou do pai glutão a propensão à obesidade. Grande admirador da França, apreciava a cozinha daquele país e tudo o que viesse de lá. "Seu ídolo era Napoleão, aquele mesmo (....) que humilhou os reis de Portugal e da Espanha, seus pais e avós de ambos os lados", espanta-se a escritora gastronômica Maria Antónia Goes no livro Brasil na Hora de Temperar (Colares Editora, Sintra, Portugal, 2008). Tanto que teve no Rio de Janeiro um cozinheiro francês. Chamava-se François Pascal Boyer.

Nascido em Marselha, foi contratado pela imperatriz d. Maria Leopoldina, primeira mulher de d. Pedro I, senhora de bom gosto e elevada cultura, filha do imperador Francisco I da Áustria. O chef estrangeiro, nascido em Marselha, trabalhou para o casal de 31 de maio de 1825 a 26 de novembro de 1826.





Mas o requinte gastronômico de d. Pedro I estava limitado à mesa da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, onde morou com d. Maria Leopoldina a partir de 1817, reclamando dos gastos da cozinha. Paradoxalmente, achava que a mulher e Boyer exageravam na quantidade dos alimentos.

Quando viajava para outros lugares, comia de tudo. Até porque, segundo o biógrafo Octávio Tarquinio de Sousa, no livro A Vida de d. Pedro I (3 volumes, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1972), nosso primeiro imperador "tinha hábitos de extrema simplicidade, destoantes por vezes de sua condição de rei".

Em agosto de 1922, antes de partir para São Paulo e empreender a cavalo a viagem durante a qual proclamaria a Independência do Brasil, mostrou a disposição espartana. Prometeu enfrentar de peito aberto o árduo caminho de montanhas, matas fechadas, rios e riachos.

"Dormirei sobre uma esteira e farei de travesseiro uma canastra", declarou. "Alimentar-me-ei de feijão e, à falta de pão, não desdenharei a farinha de mandioca."





Nessa expedição, saboreou uma das manifestações inaugurais da cozinha brasileira. A 17 de agosto, esperava-o um jantar na Fazenda Pau d'Alho, pertencente ao coronel João Ferreira de Souza e situada em São José do Barreiro, no Vale do Paraíba.

Esmerando-se na recepção, o proprietário acordou de madrugada e, acompanhado do filho Francisco, galopou para encontrar o então príncipe d. Pedro, na entrada de seus domínios.

"Na Pau d''Alho, Maria Rosa de Jesus (a dona da casa) cuida dos últimos retoques", relata a professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro, no livro Na trilha da Independência (Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro, 1972). "Na cozinha, as mucamas de um lado para outro; na travessa azul, imensa, o leitão dourado e cheiroso, com um limão na boca, atrapalhando-lhe o sorriso; em outras, guisados, frangos, virado, arroz."

A tradição vale-paraibana conta que um dos pratos encantou o futuro imperador: o frangão à moda dos Moreiras. O desfecho do jantar foi divertido.

De repente, apareceu na porta da cozinha um moço simpático. Disse pertencer à comitiva real. Explicou que se adiantara porque sentia fome. Pediu um prato de comida e, como a mesa principal aguardava o homenageado, saboreou-o em outra singela. Pouco depois, chegou o coronel João Ferreira e levou um susto. O moço simpático era d. Pedro.





Mas, sempre que possível, o primeiro imperador do Brasil viajava com garrafas dos melhores vinhos tintos franceses, procedentes de Bordeaux. Isso aconteceu na ida à Bahia, em fevereiro de 1826, que demorou 25 dias.

Acompanharam-no d. Maria Leopoldina, d. Maria da Glória, filha mais velha do casal e futura rainha de Portugal, e cerca de 200 pessoas, entre as quais Domitila de Castro Canto e Melo, a poderosa amante de d. Pedro I, a quem ele fez primeira e única marquesa de Santos.

A comitiva embarcou em esquadra formada pela nau Pedro I, fragatas Piranga, Paraguaçu e Aretusa. Só na embarcação do imperador, que transportava 82 passageiros, foram quatro caixas de vinho Château Margaux e seis de Château Larose. Tarquinio de Sousa se espantou com o volume de gêneros.

Além dos vinhos, o porão da nau Pedro I levou 800 galinhas, 300 frangos, 200 marrecos, 20 perus, 50 pombos, 260 dúzias de ovos, 30 carneiros, 6 cabras de leite, 15 leitões, 1.000 laranjas, 600 limões, 600 limas, 36 queijos flamengos, 93 queijos de Minas, bem como muito café, chá, chocolate, geléias, conservas inglesas, biscoitos, bolachas e passas. Todos beberam e comeram até se fartar, inclusive o imperador.












Receita







Frangão à moda dos Moreiras



Ingredientes







1 frango caipira grande





Suco de 3 limões





½ xícara (chá) de gordura de porco





1 colher (sopa) de sementes de urucum (ou colorau)





2 dentes de alho socados





1 maço de cheiro-verde picado





Farinha de milho (fubá) para esfregar no frango





Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto







Preparo







Limpe o frango, corte-o pelas juntas e coloque-o de molho em água com o suco de limão, por no mínimo meia hora. Retire-o e esfregue-o com a farinha de milho para limpá-lo. Passe em água corrente e escorra. Numa panela de ferro, frite as sementes de urucum na gordura quente. Junte o frango e doure-o de todos os lados. Tempere com o alho, o sal, a pimenta e misture bem. Cozinhe em fogo brando, pingando água aos poucos, para não secar. No final do cozimento, coloque o cheiro-verde.



164 anos da Princesa Dona Isabel, a Redentora

Hoje na História: 164 anos da Princesa Dona Isabel, a Redentora





S.A.I.R., a Princesa Dona Isabel, de jure Sua Majestade Imperial, Dona Isabel I, Por Graça de Deus, e Unânime Aclamação dos Povos, Imperadora Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil.




Há 164 anos nascia na Imperial Cidade do Rio de Janeiro a Princesa Dona Isabel, Herdeira do Trono do Brasil. Por três vezes Regente, foi a terceira Chefe de Estado brasileira, a primeira foi a Rainha Dona Maria I de Portugal e a segunda a Imperatriz Dona Leopoldina.





Exemplo de mulher, foi aclamada em 13 de maio de 1888, quando da assinatura da Lei Áurea, como a Redentora.





A Princesa Isabel faleceu em Eu, na França, no exílio imposto pela república, em 14 de novembro de 1921.



BOTAFOGO E O SEU TESOURO, O BAIRRO DO CORAÇÃO DE D. JOÃO VI

Enviado por Giselle Andrade - 28.7.2010
23h50m

Joias preservadas em Botafogo





Percorrer o bairro de Botafogo a pé, principalmente a Rua São Clemente, é como dar um passeio pela História do Brasil do século XIX e início do XX.

Batizado oficialmente em 1809 por Dom João VI, o bairro ganhou importância econômica quando dona Carlota Joaquina escolheu um terreno próximo à enseada para construir sua mansão.

Depois disso, as antigas terras da Fazenda São Clemente receberam dezenas de outros ricos casarões e palacetes. Um luxo que ainda é capaz de encantar.



Com a ajuda do historiador Milton Teixeira, a equipe do GLOBO-Zona Sul foi em busca de alguns dos 176 bens tombados pelo município no bairro e descobriu riquezas como o palacete que pertenceu à família do industrial Severino Pereira da Silva.

Com 45 mil metros quadrados de terreno, o local é decorado com lustres de cristais franceses que valem mais de R$ 60 mil cada um, além de ter mármore de Carrara no piso dos corredores e dos banheiros.



Na metade do século XX, Botafogo perdeu algumas dessas construções, conta o historiador.

Mas, com o Plano Real e a consequente especulação imobiliária, a consciência de que era preciso preservar seu patrimônio cresceu — o que ajudou a salvar outras tantas.

Nas próximas páginas, montamos um roteiro com algumas joias arquitetônicas do bairro (clique aqui e confira fotos dos lugares que visitamos).


terça-feira, 27 de julho de 2010

BRASIL: DIVISÃO PELA COR DA PELE . . .


primeiro plano


Em contexto: um estatuto que divide os cidadãos pela cor da pele


LEANDRO LOYOLA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou no dia 20 de julho uma lei única na história do Brasil. Em mais de cinco séculos, desde a chegada dos colonizadores portugueses, o Brasil nunca teve uma lei que previsse tratamento diferente a seus cidadãos de acordo com sua raça. Agora tem. O nome dela é Estatuto da Igualdade Racial. O texto foi sancionado pelo presidente Lula após sua aprovação pelo Senado, no mês passado.


Entre outros pontos, o estatuto estabelece a adoção de ações afirmativas para reduzir as desigualdades entre as etnias. Ele foi debatido durante dez anos. Foi aprovado pelo Senado sem a cláusula que criava o sistema de cotas raciais para facilitar o acesso de negros a universidades, empresas e partidos políticos. A saída das cotas reduziu muito o efeito prático do estatuto. Mas seus efeitos simbólico e institucional ainda serão grandes.


A princípio, o estatuto pode ser uma contradição a uma cláusula pétrea da Constituição. Segundo ela, todos os brasileiros são iguais perante a lei. O estatuto subverte essa regra e cria brasileiros mais iguais que outros. O estatuto significa também que o Brasil pode estar adotando um modelo de lei que não só não deu certo como serviu de semente para processos tristes.


Nos Estados Unidos, as leis segregacionistas começaram a surgir em 1876. Os negros eram segregados em escolas, ônibus e até banheiros. Elas só acabaram em 1956. Na Alemanha, dois anos após a ascensão de Hitler ao poder em 1933 surgem as primeiras leis raciais de restrições aos judeus.


O processo culminou na máquina aniquilatória oficial do nazismo, que matou cerca de 6 milhões de pessoas e só terminou com a rendição alemã na Segunda Guerra Mundial, em 1945. Na África do Sul, o regime de segregação conhecido como apartheid começou em 1948. Dois anos depois uma lei tornou obrigatória a catalogação de cada criança nascida de acordo com sua raça. O apartheid acabou em 1990.


O estatuto tem a intenção de “corrigir” injustiças cometidas contra os negros ao longo da história do Brasil. Os EUA fizeram coisa parecida na década de 1970 e voltaram atrás anos depois.


O preconceito racial é uma anomalia enraizada na sociedade brasileira.


Ele produz incontáveis efeitos negativos. Mas, ao contrário de Estados Unidos, Alemanha e África do Sul, o Brasil nunca foi palco de ódio racial, conflitos, nem teve instituições oficiais racialistas. O estatuto coloca o Brasil na incômoda posição de criar, em 2010, uma lei semelhante àquelas que geraram injustiças históricas e foram abolidas no século passado. O que parece ser uma solução pode ser a semente capaz de gerar um problema.

AQUEDUTO DO RIO COMPRIDO



26/07/2010 - 07:19 Enviado por: Paulo Pacini

JB


Maior obra de engenharia do período colonial, o aqueduto da Carioca foi a principal fonte de água potável da cidade por longos anos.


Culminando em seu trecho final com os conhecidos Arcos, nos lembra o esforço de várias gerações e a dedicação de alguns governantes, como Gomes Freire, que reabilitou o sistema durante sua gestão.


Embora sendo o mais famoso de seu gênero, os arcos da Lapa não foram os únicos do Rio, havendo registro de obras deste tipo na Glória, Catete, Gávea, dentre outras.


O mais conhecido, contudo, foi o aqueduto do Catumbi, construído por Luís de Vasconcellos em 1786, que captava a água na "Cova da Onça", onde é hoje a rua Barão de Petrópolis, e a transportava até o chafariz do Lagarto, no Catumbi.



Restos do aqueduto do tempo de D. João VI, oculto no Rio Comprido(Foto: Ronald Murly)


Como a vinda da côrte portuguesa em 1808 aumentou tremendamente a demanda, D. João incumbiu o intendente geral de polícia, Paulo Fernandes Vianna, que melhorasse o abastecimento, e ele o fez construindo o chafariz do Catumbi, perto daquele do Lagarto, e aumentando o volume pela captação das águas do Rio Comprido, originadas na Lagoinha (Santa Teresa) e lançando-as no aqueduto do Catumbi através de obra similar.


O desconhecido aqueduto corria junto à rua Santa Alexandrina, na qual existe ainda um trecho em uma chácara de flores, debaixo da linha de transmissão da Light.


Esta obra, sobrevivente eventual de tempos históricos, é merecedora de cuidados que a preservem e a tornem conhecida, quem sabe virando mais uma atração turística da cidade maravilhosa.