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sábado, 7 de julho de 2012

BOTAFOGO E LEBLON JÁ ERAM OCUPADOS DESDE 1809


Mapa comprova que o bairro do Leblon é mais antigo


Documento encontrado em arquivo do Exército mostra que bairro já era povoado em 1809

Publicado:


Especialistas trabalham em um sítio arqueológico no Leblon
Foto: Ana Branco/29-5-2012 / O Globo

Especialistas trabalham em um sítio arqueológico no Leblon Ana Branco/29-5-2012 / O Globo
RIO - Charmoso, aconchegante e famoso. Quem passa pelo Leblon todos os dias não imagina que um dos bairros mais jovens da cidade é na verdade um senhor de idade avançada. A arqueóloga Jackeline de Macedo, que estava trabalhando num sítio arqueológico da região, descobriu no Arquivo Histórico do Exército um mapa de 1809 que mostra os possíveis donos das terras da região, como noticiou a coluna Gente Boa, do GLOBO.
O mapa teria sido feito a pedido de dom João VI, que precisava saber quem eram os donos das terras da então Fazenda Nacional da Lagoa — que englobava os bairros de Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, Lagoa, Ipanema e Leblon — para poder desapropriá-las e construir uma fábrica de pólvora. Os achados no sítio arqueológico, no entanto, mostram que a região já era habitada muito tempo antes.
— As peças encontradas na escavação datam dos séculos XVI e XVII. Esse mapa comprova que havia algumas chácaras e até engenhos aqui. O que muda tudo (que se sabia sobre o bairro) — disse Jackeline.
Segundo o historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti, há relatos de que na região existiam, no século XVII, engenhos e sítios usados por famílias no período de férias.
— Naquela época, era muito comum as famílias ricas terem casas na cidade e sítios mais afastados. Leblon e toda aquela região eram o que hoje é Petrópolis para os cariocas: um lugar para o lazer — disse o historiador.
— O resto de construção que achamos mostra que ali existia um imóvel de grandes estruturas, possivelmente uma casa de engenho. Objetos encontrados no local, feitos de ossos, indicam que ali viviam pessoas mais humildes — contou a arqueóloga Ana Cristina Sampaio, que também trabalhou no sítio.
Arqueólogas : bairro tinha moradores pobres
Alguns estudiosos discordam quanto ao perfil dos moradores do Leblon do século XVII, afirmando que a região era habitada por pessoas de posses. As arqueólogas, no entanto, dizem haver indícios do contrário.
— O Leblon era um ilha prensada entre a Lagoa e dois canais que desembocam no mar. Era ruim morar ali, as pessoas ricas viviam no Centro. Aqueles terrenos sobraram para os mais pobres — afirmou Jackeline.
Cavalcanti discorda dessa opinião e diz que o bairro sempre foi ocupado por famílias de melhor situação financeira:
— Os utensílios achados podem ter sido usados por pessoas mais humildes, sim, mas isso não significa que ali era lugar de gente pobre. Esses achados podem ter pertencido a escravos ou pescadores.
Segundo ele, toda aquela área da orla pertencia à Marinha, que, por questões de segurança, não loteava as terras (a grande ameaça da época eram as invasões marítimas estrangeiras). Por isso, apenas os pescadores podiam construir casas pequenas perto do mar.
O bairro ficou conhecido como Leblon por causa de um comerciante francês chamado Charles, conhecido Le Blond (o louro). Ele era dono de uma chácara na região e, em 1845, criou uma empresa que explorava a pesca de baleia. Na época, o óleo extraído do mamífero era utilizado no sistema de iluminação pública e na construção civil.



sexta-feira, 6 de julho de 2012

A MORTE DE DOM PEDRO II




A morte de Dom Pedro



ANCELMO GÓIS

Estudo coordenado pela arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel nos restos de Dom Pedro I (1798-1834), guardados na cripta do Ipiranga, em São Paulo, podem mudar o registro histórico da morte do monarca.

Pela análise, o imperador não teria morrido de tuberculose e sífilis, mas de problemas renais.


Por falar em realeza... 


Desembarca no Rio hoje, para um passeio, a princesa Dona Elena de Espanha, filha do rei Juan Carlos. Bem-vinda. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

RAZÃO IRRACIONAL


Quarta, 04 Julho 2012 11:58

Razão Irracional

Escrito por

O desenvolvimento gerado pela revolução industrial, desde o final do século XVIII, causou grandes transformações por toda parte, não sómente de tipo material como também em idéias e na própria visão do mundo. A expansão vertiginosa do conhecimento científico, principalmente em disciplinas básicas como física e química, e os feitos da engenharia com seus mecanismos multiplicando a força humana, pareciam apontar para um futuro róseo onde a ciência tudo resolveria, libertando o ser humano da escravidão do trabalho com máquinas fabulosas.
Essas concepções, que hoje reconhecemos ingênuas, e das quais, duzentos anos depois, podemos sorrir, avaliando a distância que as separa da dura realidade, estiveram contudo na base de vários movimentos sociais, inclusive aqui no Brasil, onde um representante desse tipo de tendência, o francês Augusto Comte, teria, com suas idéias, papel fundamental na criação da república brasileira.

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O belo e paradoxal Templo Positivista, na rua Benjamim Constant, na Glória
O positivismo, ao pregar a superioridade do conhecimento científico sobre todas outras formas de expressão, substituindo crenças religiosas e filosofia metafísica, desdobrou sua reflexão a outras áreas de conhecimento, como direito e política, as reinterpretando segundo seus cânones, criando condições, assim se pensava, para a construção de uma sociedade ideal, calcada nos únicos valores considerados verdadeiros, aqueles derivados da ciência.
A aplicação dessas idéias a uma sociedade, contudo, poderia não ser muito fácil, pois muitos elementos — mergulhados nas trevas da ignorância — poderiam não aceitar, e persistir em velhos e ultrapassados vícios democráticos, pondo tudo a perder. O corolário é que tal mudança só poderia ser feita de modo autoritário, com uma "elite esclarecida" impondo seu modelo a todos ou outros, para seu próprio bem, é claro. O progresso que a ciência poderia proporcionar só poderia nascer no império da ordem.
Não é por acaso que tal tipo de visão tocou ressoou favoravelmente entre os militares brasileiros do segundo Império, no século XIX, pois as idéias do positivismo de Comte se coadunavam com características básicas da formação militar, como o amor à ordem, disciplina e hierarquia. As novas concepções reforçaram convicções crescentes em favor da criação de uma república, um ambiente que se acreditava propício às idéias positivistas. Após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, o movimento recebeu a adesão de muitos fazendeiros descontentes com a perda de seus escravos, os quais, movidos únicamente por interesses próprios, deram uma guinada de 180 graus em sua orientação política. Além disso, é claro, contava-se com os habituais intelectuais, a maioria de confeitaria, cuja ocupação quase única resumia-se em aguardar as notícias chegarem de Paris para saber o que pensar ou que opinião emitir. Essa foi a base que criou a república, que, apesar da solenidade e grandiosidade com se tenta revesti-la — verdade seja dita — foi só um golpe militar ao qual o povo assistiu atônito.
Nos primeiros anos dessa nova etapa o positivismo talvez tenha alcançado o zênite de seu prestígio, e algumas figuras de destaque do movimento resolveram construir um Templo Postivista, chamado por eles de Templo da Humanidade, dedicado à Igreja Positivista. Um momento, Igreja Positivista? Mas não foi o positivismo que decretou a inexistência do valor da religião, baseada em falsos pressupostos? Sim, mas agora em vez de se adorar um Deus, coloca-se em seu lugar a Humanidade, um conceito abstrato, e inventam-se rituais, símbolos, dias santos, sacramentos, etc. Pode tentar se explicar o quanto quiser, mas a criação de rituais religiosos por um grupo de indivíduos que prega a racionalidade absoluta parece no mínimo contraditória, ou é então a manifestação atávica de um impulso religioso que, apesar de todos os esforços, não pôde ser reprimido...
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Augusto Comte e sua musa Clotilde de Vaux, imagem viva da Humanidade
Seja como for, as obras foram adiante, e em 1897 era inaugurada na rua Benjamim Constant, na Glória, Rio de Janeiro, o Templo da Humanidade, cuja fachada imita o Panthéon de Paris, no qual a humanidade é personificada pela imagem de Clotilde de Vaux, a musa de Augusto Comte... É monumento de grande importância, que merece ser visitado tanto pelo seu valor histórico quanto por ser uma das materializações mais exemplares das contradições do espírito humano. O templo no momento se encontra em reformas, ao que parece.
O ranço autoritário inerente ao nascimento republicano, inspirado pelo positivismo, iria ainda perdurar por muitas décadas, com várias insurreições, golpes e ditaduras, a última tendo terminado só em 1985. É provável que essa característica tenha tornado impossível, por quase um século, seguir-se uma ordem constitucional como em países desenvolvidos, e criado uma convicção duradoura de que só se pode mudar pelo autoritarismo, contra a qual se vem lutando nos últimos 30 anos, em um processo de consolidação democrática. Felizmente, as novas gerações estão construindo, através da experiência, uma nova página de nossa história republicana, cada vez mais distante de suas origens autoritárias.

terça-feira, 3 de julho de 2012

FORÇAS ARMADAS E O PATRIMÔNIO HISTÓRICO MILITAR


Encontro discute gestão do patrimônio histórico militar no Rio de Janeiro
03 Jul 2012
Cerca de 300 especialistas, entre militares e civis, estão reunidos no Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), no Rio de Janeiro, para discutir o papel das instituições culturais nas Forças Armadas durante a II Semana do Patrimônio Histórico e Cultural Militar. Iniciativa do Ministério da Defesa, o evento é coordenado pelo Comando da Aeronáutica.
A programação, que ocorre até a próxima sexta-feira (13), reúne três eventos distintos: II Encontro de Bibliotecas Militares Brasileiras, III Encontro de Gestão de Arquivos Militares Brasileiros e o V Encontro de Museus de Cultura Militar. O objetivo é reunir os gestores de arquivos e bibliotecas militares e civis, além de estudantes universitários, para discutir a preservação e a divulgação dos acervos documentais relacionados com a história militar brasileira.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, participou da cerimônia de abertura realizada na manhã desta segunda-feira (02), no auditório do INCAER. Amorim destacou o esforço das Forças Armadas para a preservação da memória e da documentação histórica do país. “Um dos principais resultados que se pode esperar de encontros como o de hoje é a clara compreensão de que a história do Brasil está inseparavelmente ligada à sua história militar”, enfatizou.
Amorim disse que a documentação histórica mantém um estreito vínculo com a construção democrática do Brasil. “Tenho afirmado que democracia e defesa não são contraditórias, mas complementares,” destacou.
O ministro afirmou, também, que o envolvimento da sociedade brasileira com temas de defesa vem ocorrendo em vários níveis de diálogo e interação. Para ele, um bom exemplo desse envolvimento é o Livro Branco de Defesa Nacional, que deve ser publicado neste semestre.
O diretor do INCAER, tenente-brigadeiro-do-ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, disse que o evento é importante para aprimorar os processos de gestão de documentação e itens históricos do Comando da Aeronáutica, além de ser uma ótima oportunidade de intercâmbio de profissionais das Forças com especialistas civis.
A coordenadora do Arquivo Nacional, Maria Izabel de Oliveira, falou sobre a parceria com o Ministério da Defesa. Segundo ela, um dos resultados do trabalho em conjunto é o código de classificação de uma tabela de temporalidade e prestatividade do órgão que deve ser aprovada em breve pelo Sistema Nacional de Arquivos.
Até a próxima sexta-feira, as pessoas que se inscreveram no fórum sobre o patrimônio histórico e cultural militar podem participar de palestras e debates. Amanhã, segundo dia do seminário, acontecerão palestras sobre o Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo no Ministério da Defesa, a Rede de Bibliotecas do MD e a Lei de Acesso à Informação.
Na quinta-feira, palestras sobre a Biblioteca do Exército e da Aeronáutica, bem como o Sistema de Gestão de Documentos Eletrônicos são atrativos para os participantes do seminário. No encerramento, a gestão de documentos e a preservação digital marcam a série de temas do evento.

POLICIAIS MILITARES SÃO CONTRA VENDA DE QG DA PMERJ


03/07/2012 08h22- Atualizado em 03/07/2012 08h22

Associação de PMs instala outdoors contra venda do prédio do QG no Rio

Protesto ocorre em diferentes pontos da Região Metropolitana.
Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou sobre manifestação.

Do G1 RJ





A Associação de Oficiais Militares do Estado do Rio de Janeiro mandou instalar outdoors em diferentes pontos da Região Metropolitana, para protestar contra a venda do prédio que abriga o quartel-general da Polícia Militar, no Centro do Rio.

Ao todo são 13 outdoors como o instalado no Rio Comprido, no Centro do Rio. Eles pedem que o prédio seja preservado, como informou o Bom Dia Rio.

A Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou sobre esta manifestação.

domingo, 1 de julho de 2012

PARATY E O ABANDONO DA HISTÓRIA DO BRASIL !


Às vésperas da Flip, casa histórica em Paraty sofre com o abandono


Proprietária já foi acionada pelo Iphan e prefeitura, mas problema persiste

Publicado:


Fachada já exibe infiltrações, que estariam se alastrando pelos imóveis vizinhos
Foto: Foto da leitora Alejandra Arce / Eu-repórter
Fachada já exibe infiltrações, que estariam se alastrando pelos imóveis vizinhos Foto da leitora Alejandra Arce / Eu-repórter
RIO - Uma casa abandonada no centro histórico de Paraty destoa do clima festivo que contagia a cidade nestes tempos de Flip, a famosa festa literária internacional. Localizado na Rua Dona Geralda, o imóvel apresenta sinais evidentes de má conservação na fachada, cujo reboco está caindo e pode atingir pedestres. Além disso, vizinhos reclamam que a infiltração na propriedade já afeta suas moradias. A proprietária do imóvel tem sido insensível aos apelos de vizinhos, prefeitura e do Iphan e ainda pretende vender a casa. Para tentar resolver o impasse, a Procuradoria do município ingressou com uma ação judicial contra a proprietária. Ainda não há data para o julgamento.

— A dona alugava a casa, mas há um ano ela foi abandonada. Cada vez mais ela vai se deteriorando. Nos últimos 15 dias, a chuva e o vento só pioraram a situação — conta a leitora Alejandra Arce, que mora ao lado da propriedade.
A apenas 80 metros da Igreja de Santa Rita, a casa possui dois tombamentos, um como parte integrante do Centro Histórico, datado de 1958, e outro feito pelo município de Paraty. A chefe do escritório técnico do Iphan na Costa Verde, Paula Paoliello Cardoso, informou que o instituto está a par da situação, e garantiu que o escritório já está agindo para solucionar o caso.
— A proprietária já foi notificada diversas vezes. Mesmo que o imóvel seja tombado, incide sobre ela a obrigação de cuidar dele — justificou.
Por enquanto, o Iphan diz estar dialogando com o dono da casa. Em casos como esse, se nada for feito a respeito, a instituição tem o poder de acionar o proprietário judicialmente, por meio do Ministério Público. Como a responsabilidade legal pela casa é do dono, o Iphan diz que não há previsão para uma possível intervenção no imóvel.
Além do Iphan, a prefeitura e a Defesa Civil também já notificaram a dona da casa. Segundo a Prefeitura, “existem ações desde 2007, entre notificações, autos de infração, multas e termos de interdição”, que nunca foram respondidos pela proprietária. Atualmente, a Procuradoria municipal move uma ação na Justiça a respeito da casa. Ainda de acordo com a Prefeitura, a proprietária pretende vender o imóvel por R$ 4 milhões.
O subsecretário de Desenvolvimento Urbano de Paraty, Marcus Fiorito, disse que, em casos do tipo, o poder público pode agir, mas a intervenção costuma ser demorada.
— Nenhuma intervenção do Estado em propriedade privada é ágil. Mas o imóvel pode inclusive ser desapropriado em alguns casos, se a família comprovar que não tem condições de arcar com os custos para a conservação do imóvel.
Enquanto o impasse persiste, a única mudança feita até agora foi a interdição da calçada, realizada pela Defesa Civil de Paraty.
A proprietária da casa não foi encontrada para comentar o caso.


COLÉGIO PEDRO II - A REPÚBLICA BOLIVARIANA TENTA DESTRUIR !


Pedro II vive incertezas que põem em risco tradição de 174 anos


Com expansão, colégio já tem 14 filiais, e professores concursados perdem espaço

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Sem aulas, Wellington estuda sozinho no Colégio Pedro II de Caxias
Foto: O Globo / Luiz Ackermann
Sem aulas, Wellington estuda sozinho no Colégio Pedro II de Caxias O Globo / Luiz Ackermann
RIO - Por lá passaram professores ilustres como o filólogo Aurélio Buarque de Holanda, o escritor Euclides da Cunha e o poeta Manuel Bandeira. Nomes que contribuíram para a fama e a excelência do ensino do Colégio Pedro II. Nesses 174 anos de fundação, a instituição federal, hoje com 14 unidades e mais de dez mil alunos no Rio, colheu bons indicadores, com estudantes bem classificados em vestibulares, entre os mais preparados do país. Mas se o passado é de orgulho, o futuro dessa tradicional escola carioca é de incerteza.


A política de expansão da marca Pedro II adotada pelo governo federal criou um impasse. Como os concursos para a contratação de professores não acompanham o ritmo de abertura de novas unidades — desde 2007 foram abertas mais três — , a saída tem sido a convocação de profissionais em regime temporário. O resultado foi o aumento na proporção de professores, cujo vinculo com a escola pode durar no máximo dois anos, ou ser cancelado a qualquer momento, caso os mestres optem por outro emprego. Em 2008, o percentual de temporários chegou 23%. Em seguida, caiu para 17% em 2010. No ano passado, o índice voltou a subir para 19%. Os dados de 2012 apontam para novo crescimento. Até junho, a média de temporários era de 21%.
Aliado aos problemas nas contratações, os professores do Pedro II aderiram no dia 18 à greve nacional dos servidores do ensino federal e cobram um plano de cargos e salários. Em algumas unidades, os professores apoiam a paralisação, em outras, os alunos vêm tendo aula, mas parcialmente. É o caso da Unidade de São Cristóvão, responsável pelo ensino fundamental. Num dia, tem aula às 13h, no outro, somente a partir das 16h. Já em Caxias, os alunos, às vésperas do Enem, estão sem aulas.
Com a crise, caíram as notas de 4 unidades
Aos poucos, as dificuldades no Pedro II começam a se refletir no desempenho dos alunos. Embora ainda se mantenha com notas acima dos seus concorrentes no ensino público, quatro das nove unidades da instituição que participaram da prova do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) tiveram queda nas notas. É o caso do Pedro II (Engenho Novo 2) que, em 2007, obteve 5,4 e, em 2009, 4,3. Houve queda ainda nas unidades Humaitá 1, São Cristóvão 2 e Tijuca 2.
Elizabeth Aparecida, de 42 anos, tem um filho matriculado no 5 unidade, em São Cristóvão, e teme prejuízos causados pela descontinuidade no ensino:
— No ano passado, meu filho ficou sem professor de português por uns três meses até a direção contratar um substituto. Este ano, já fomos avisados que o professor de música sairá em agosto. Esses problemas atrapalham o aprendizado. Queremos que a direção resolva essa questão. Queremos ainda que seja suspenso o calendário até que a greve termine — diz Elizabeth.
Há unidades com 37% de professores temporários
O relatório do Pedro II de 2011 mostra que, em unidades como Realengo 1 e Duque de Caxias, a proporção de professores temporários está em torno de 37%. Na unidade de Caxias, que funciona num prédio comercial desde 2007, os alunos passaram a se reunir para estudar em grupo. Eles reclamam da falta de condições do lugar. Uma nova sede começou a ser construída na cidade, mas só ficará pronta em dezembro.
— Estamos ansiosos porque vamos participar do Enem. Marcamos reuniões aqui na escola para tentar manter o estudo em dia. Mas não há como negar que sem professor fica mais difícil. Não é só por conta da greve. Este ano, ficamos meses sem professor de geografia porque o que trabalhava aqui era temporário e precisou deixar a escola — conta o aluno da unidade de Caxias, Wellington Bezerra, de 17 anos.
Na unidade do Centro, no Rio, o prédio está com problemas de conservação, e um aparelho de ar-condicionado é guardado embaixo da escada principal porque a instalação elétrica ainda não foi adaptada para receber o equipamento. Na avaliação de Teresa Ventura, diretora da Associação de Docentes do Colégio Pedro II, a instituição vive um momento de precarização:
— O colégio passa por uma precarização, uma falta de valorização, de estímulo. São muitas dificuldades em nível pedagógico e político e também de material afetam o trabalho dos técnicos, docentes e o empenho dos alunos. Na Tijuca, os alunos tiveram que ser transferidos devido a um problema na rampa de acesso.
A direção-geral do Pedro II foi procurada, mas alegou que estava envolvida no processo para debelar a greve, e que só poderia responder às perguntas do jornal esta semana.


RIO . . . NOSSA HISTÓRIA . . . NOSSA GENTE !


Nosso prédio é uma obra de arte

Viver em um edifício de grande valor arquitetônico é privilégio de poucos cariocas. Mas, além de ser caro, implica cuidados incomuns e limitações

por Leticia Pimenta | 04 de Julho de 2012
Manuel Ruy, com sua mulher, Maria, no hall do Seabra: imóvel inspirado nos palácios de Florença


Escondido em meio a arranha-céus feiosos e sem nenhuma importância arquitetônica, um grupo seleto de prédios residenciais sobressai na paisagem urbana do Rio. São imóveis que remontam a meados do século passado e se transformaram em objeto de desejo de quem valoriza espaços exclusivos com status de obra de arte. Adquirir um imóvel nesses condomínios icônicos significa comprar não apenas centenas de metros quadrados, mas também um pedaço da memória da cidade. É um privilégio que não sai barato, como comprova a recente venda da cobertura do edifício Seabra, na Praia do Flamengo, por 7,2 milhões de reais. A unidade, um tríplex de 2 000 metros quadrados com elevador privativo, arremata em grande estilo uma suntuosa construção eclética, inspirada em um palácio florentino. Erguido há 72 anos pelo comendador português Gervásio Seabra e conhecido como Dakota carioca (referência ao correlato nova-iorquino, onde John Lennon morava), o edifício tem dez andares com quatro apartamentos cada um. “Foi uma homenagem que o comendador fez à sua mulher, a italiana Assunta Grimaldi, que adorava a Toscana”, conta Manuel Ruy da Silva, dono de um apartamento ali, que usa como escritório. Sua mulher, a artista plástica Maria Araújo, gosta tanto do lugar que publicou, na França, um livro em que narra sua história e alinhava detalhes a seu respeito. “É um símbolo da riqueza de estilos que influenciaram a arquitetura carioca”, diz ela.




O preço a ser pago para viver em um condomínio com valor artístico vai além das altas cifras desembolsadas. Invariavelmente, as construções têm muitas décadas de uso. Para realizar qualquer intervenção, reforma ou modernização, o morador é obrigado a seguir regras rigorosas. No edifício Ribeiro Moreira, belo exemplar de art déco de 1928, o síndico José Carvalho controla com mão de ferro o que pode e o que não pode ser feito nos apartamentos. O prédio integra a Área de Proteção ao Ambiente Cultural (Apac) do Lido e não pode ter seu aspecto alterado. Ali é proibida a instalação de modelos split de aparelhos de ar condicionado, para evitar que a tubulação enfeie as fachadas. Em uma reforma recente, os elevadores foram renovados, mas a porta pantográfica e as antigas botoeiras de bronze ficaram intactas. Embora desativadas, as caldeiras usadas para esquentar a água no passado estão preservadas. Tamanho cuidado valorizou os apartamentos, que custam hoje em torno de 2 milhões de reais. “Faço informativos mensais para conscientizar os moradores da joia que eles têm nas mãos”, afirma Carvalho.





Não há dúvida de que viver em um monumento com décadas de história em uma cidade em plena ebulição às vésperas da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 é uma experiência marcante, capaz de compensar inconvenientes como manter um climatizador mais antiquado na sala. Tanto que tais imóveis raramente são negociados pelos métodos convencionais, como os anúncios classificados. As famílias proprietárias dificilmente se desfazem deles. Os porteiros do Biarritz, a 750 metros de distância do Seabra, convivem diariamente com o assédio de potenciais compradores, sem contar turistas e estudantes que vão fotografar e desenhar o edifício. Tamanha curiosidade tem razão de ser. Erguido na década de 40, trata-se de um dos exemplares de art déco mais significativos do Rio. Projetada por Henri Sajous, arquiteto francês responsável pelo prédio da Mesbla, a construção se destaca principalmente pela fachada de balcões arredondados com dupla curvatura. Na área interna, um belo jardim com mangueiras e pinheiros é compartilhado pelos moradores. Os apartamentos têm em média 300 metros quadrados, quatro quartos e um detalhe que os distingue dos imóveis brasileiros: não há dependência de empregada no projeto original. Outro diferencial são os apartamentos dúplex no térreo. “É um lugar lindo, que dá a sensação de estarmos em Paris, em plena Avenue Montaigne. Isso compensa qualquer incômodo provocado pelos quase setenta anos de uso”, avalia a produtora cultural Alexandra Archer, moradora desde 1978.





Nem sempre a convivência entre os proprietários e os tesouros históricos onde eles vivem é tão harmônica. Há dois anos, um prédio na esquina da Avenida Delfim Moreira com o Jardim de Alah, no Leblon, perdeu parte de um painel de mosaicos de Paulo Werneck (1907- 1987), um dos maiores nomes do muralismo do século XX. Uma das netas do artista, Claudia Saldanha, diretora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, passava pelo local quando viu funcionários de uma empresa de reformas arrancando a marteladas pedaços do trabalho de seu avô, que adorna a fachada lateral. Horrorizada, ela acionou imediatamente a prefeitura, pois a obra é tombada. A intervenção foi embargada, mas o estrago já estava feito. “É triste. Isso acontece porque as pessoas, muitas vezes, desconhecem a importância histórica e cultural de uma peça”, lamenta Claudia. No futebol existe uma expressão perfeita para ilustrar tal comportamento: “jogar contra o próprio patrimônio”.