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sábado, 12 de maio de 2012

NOVA FRIBURGO 194 ANOS DE HISTÓRIA E TRADIÇÃO IMPERIAL !


Nova Friburgo comemora 194 anos de muita tradição


Os prédios mais antigos de Nova Friburgo relembram a tradição e a memória da cidade, que faz 194 anos na próxima quarta

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INTERIOR DO COLÉGIO ANCHIETA, O PRIMEIRO DA CIDADE
Foto: Márcio Alves

INTERIOR DO COLÉGIO ANCHIETA, O PRIMEIRO DA CIDADE - Márcio Alves
Já dizia a expressão popular: “ah, se essas paredes falassem...”. Pois, se as paredes de alguns prédios em Nova Friburgo pudessem falar, não faltariam belas histórias. A trajetória de algumas construções, por vezes, se confunde com a própria biografia da cidade, que festeja 194 anos na quarta-feira com um desfile comemorativo na Avenida Alberto Braune. Edificações centenárias, como o Colégio Anchieta, o Nova Friburgo Country Club, o prédio da prefeitura, a Igreja de São Pedro, o antigo Fórum e a Estação Riograndina, mais do que remeter ao nascimento do município, refletem o orgulho de seus moradores. O amor e o zelo do friburguense pela cidade, mesmo após uma tragédia de proporções gigantescas como a de janeiro do ano passado, continuam assim como essas construções: firmes e imponentes.
— Antes, a disciplina era mais rígida. Hoje, nem tanto. Muita coisa mudou em Nova Friburgo, mas o colégio continua o mesmo — diz o padre Luiz Cecci, ex-reitor e ex-aluno do Colégio Anchieta.
A fala do padre traduz o sentimento de muitos moradores, que veem no Anchieta um dos maiores símbolos de Nova Friburgo. Fundado em 1886 por padres jesuítas que acreditavam no potencial educacional da cidade, o colégio começou a funcionar na casa-grande da antiga fazenda e sesmaria do Morro Queimado, refúgio de colonos suíços e alemães, que a chamavam de chateau.
Com o aumento do número de alunos, a casa colonial de dois pavimentos foi dando lugar ao grande e majestoso edifício neoclássico de três andares e 400 janelas, que começou a ser construído em janeiro de 1901, num projeto do arquiteto Francisco Vital Gomes. Desde 1979, a construção é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
Logo na entrada, chama atenção a escadaria de madeira, toda encaixada (sem nenhum prego) e envernizada em óleo de baleia, assim como o piso original de riga, que exige manutenção diária. No memorial da escola, inaugurado há dois anos, há relíquias recém-descobertas. Por exemplo: os restos mortais de santos jesuítas, como Santo Inácio.
No entanto, no prédio que já recebeu alunos notórios como Carlos Drummond de Andrade, o que há de mais preservado é o sentimento de proximidade com a cidade.
— O Anchieta colaborou muito com o desenvolvimento de Nova Friburgo. Quando ainda funcionava em regime de internato, os pais visitavam os filhos e acabavam ficando para morar. Isso impulsionou a economia — afirma o padre Cecci. — Hoje, os ex-alunos sempre retornam para visitar. Há um sentimento único em relação ao colégio. Quem pisa aqui uma vez, certamente voltará — diz.
Preservação e restauração da memória
Logo na entrada, um enorme arco natural de bambus saúda os visitantes. Mais à frente, o olhar é seduzido pelo intenso verde e pelas pontes construídas acima dos lagos. Conhecido por sua beleza e pela diversidade de espécies de plantas que abriga em seu jardim, o Nova Friburgo Country Club é um dos lugares mais famosos da cidade.
A propriedade abriga em seu território a antiga Chácara do Chalet, casarão construído em 1862 para ser a casa de campo do barão de Nova Friburgo, Antonio Clemente Pinto. O prédio foi projetado pelo arquiteto Gustavo Waenneldt, o mesmo que desenhou o Museu da República. Já o jardim é assinado pelo francês Auguste Glaziou, responsável pela Quinta da Boa Vista.
Atualmente fechada para uma reforma completa, a casa foi tombada em 1957, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Antes disso, passou por quatro gerações da família Clemente Pinto, tornando-se conhecida pelo nome Parque do Conde de São Clemente ou, simplesmente, Parque São Clemente.
— O próprio imperador Dom Pedro II visitou a mansão algumas vezes em eventos na cidade. Muitas festas aconteceram aqui — conta Luiz Fernando Folly, vice-presidente de patrimônio do clube e coordenador do patrimônio material e imaterial da cidade.
Boa parte da mobília original também será restaurada. O jardim, destruído durante a tragédia de janeiro 2010, já está novo em folha.
— Foi quase perda total. Caíram sete barreiras nos lados superiores e todos os lagos, sem exceção, foram totalmente assoreados. Toneladas de terra foram retiradas durante pelo menos cinco semanas — conta Folly.
Até o final do ano, as obras terminam e as portas do casarão histórico do clube serão reabertas.
De volta ao Centro, um prédio de grandes colunas gregas chama atenção. É o antigo Fórum de Nova Friburgo, construído em 1944.
— Ele marca a mudança de estilos arquitetônicos na cidade. O Centro de Friburgo conta com exemplares de praticamente toda a arquitetura antiga, mas o prédio sinaliza uma transição para o modernismo — explica Folly.
Inventariada pelo município, a construção deve ser tombada até o final deste ano, segundo informações da Secretaria de Cultura de Nova Friburgo. A opção por um estilo greco-romano faz referência à Justiça.
— É o único prédio em estilo grego na cidade. Ele dá uma opulência à Praça Getúlio Vargas — conclui Folly.
Estações de trem adquirem novas funções
No Centro de Nova Friburgo, o movimentado prédio da prefeitura não lembra em nada a antiga Estação Ferroviária do Cantagalo, inaugurada em 1873, pelo conde de Nova Friburgo. Na década de 30, ela foi demolida e, em seu lugar, subiu a atual construção de estilo neoclássico, chamada Estação Ferroviária da Leopoldina. O edifício permaneceu funcionando até 1964, e, em 1988, foi tombado pelo Inepac. Pouco tempo depois, um projeto transferiu a prefeitura de Nova Friburgo para lá.
— A Estação da Leopoldina e a Estrada de Ferro de Cantagalo foram cruciais para toda a região. Boa parte da cidade se desenvolveu por causa da estação ferroviária. O trem de Friburgo serviu para dinamizar a economia da cidade — conta Luiz Fernando Folly, coordenador do patrimônio material e imaterial da cidade.
Após a reinauguração da estação, Friburgo se transformou em polo dos municípios do Centro-Norte fluminense, atraindo moradores de cidades vizinhas, que dedicadas à agricultura, enfrentavam um processo de esvaziamento.
— A visita de Getúlio Vargas a Nova Friburgo em novembro de 1932, quando a comitiva presidencial excursionara por vários municípios do interior do estado, foi uma prova do interesse político que a cidade despertava, em função da razoável concentração de operários — cita a escritora Maria Regina Capdeville Laforet, autora de um livro sobre a cidade.
É difícil imaginar, mas, em meados dos anos 40, o trem passava pelas ruas do Centro, ao lado de automóveis, ônibus e pessoas.
— Hoje, vemos todo esse progresso, essa confusão. Imagine que até trânsito tem em Friburgo atualmente — conta Luiza Carmina, aposentada de 80 anos, que era criança nos anos 40 e que acompanhou de perto as mudanças — Quem te viu e quem te vê! — diz ela, ao olhar para a atual sede da prefeitura.
Em Riograndina, segundo distrito de Nova Friburgo, o progresso também veio pelos trilhos.
Em 1876, foi construída por lá a Estação Rio Grande, que, hoje, funciona como um Ponto de Cultura e sede da Associação de Moradores e Amigos de Riograndina.
O prédio é a única estação original da época do Império, que permanece exatamente como antes.
A construção foi seriamente danificada pelas chuvas de janeiro de 2011 e, meses depois, foi recuperada com recursos privados. A reinauguração será segunda, às 14h.
— Agora, teremos três painéis fixos contando a história da antiga estação ferroviária e o que ela trouxe para a cidade — conta a diretora do Ponto de Cultura, Maria Carolina Henriques.
Na ocasião, os cerca de 300 alunos também apresentarão shows musicais, além de artesanato ao público. O casarão fica na Rua Francisco Caetano da Silva s/nº. O o telefone para informações é (22) 2540-1463. A entrada é gratuita.
Comemoração na Avenida Alberto Braune
A fotografia que ilustra esta página é datada de 1873, época em que a cidade dava os primeiros passos rumo à industrialização. A imagem pertence à coleção de dona Thereza Christina Maria e compõe o acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Na época, a estação de trem de Riograndina estava em construção e a cidade ainda conservava boa parte de seu verde, hoje substituído por prédios e pequenas casas.
O historiador Rodrigo Fonseca lembra que Friburgo, antes de tudo, nasceu do esforço de seus fundadores.
— Os imigrantes sofreram muito. Superaram a viagem de chegada, doenças, colheitas perdidas e outras mazelas. Hoje, a cidade é o que é por causa deles — diz.
Para celebrar os 194 anos de Nova Friburgo, o tradicional desfile de comemoração acontece quarta, a partir das 9h, na Avenida Alberto Braune. As bandas Campesina Friburguense e Euterpe Friburguense, além de dançarinos típicos suíços e alemães, são as atrações.
Às 19h, no Teatro Municipal de Nova Friburgo (Praça do Suspiro s/n, Centro), a Banda da Polícia Militar do Rio de Janeiro executará canções. A programação é gratuita e livre para todas as idades.

BIBLIOTECA NACIONAL: HISTÓRIA SE PERDENDO NO DESCASO DO GOVERNO !


Novo vazamento de água na Biblioteca Nacional atinge setor de manuscritos


órgão agora admite danos que teriam sido causados por último problema no sistema de ar condicionado

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Técnicos da Biblioteca Nacional precisaram colocar jornais do acervo para sacar em varais após último vazamento
Foto: Pablo Jacob (arquivo) / O Globo
Técnicos da Biblioteca Nacional precisaram colocar jornais do acervo para sacar em varais após último vazamento Pablo Jacob (arquivo) / O Globo
RIO - Pela terceira vez em um mês, o sistema de refrigeração da Biblioteca Nacional mostrou os riscos atuais para seu acervo, de cerca de nove milhões de itens. Na quarta-feira, o sistema de ar condicionado de sua sede, no Centro, voltou a apresentar defeito, provocando novo vazamento de água, desta vez no setor de manuscritos. Como ocorreu no horário de expediente, o problema foi rapidamente contornado e as obras não foram atingidas. Mas o incidente fez com que a direção desligasse na sexta-feira o sistema, para que seja feito um laudo técnico. Quem for neste sábado à biblioteca para consultar livro ou jornal está sujeito ao calor da temperatura ambiente.
Novamente, o vazamento não foi informado ao público. Na semana passada, uma falha no ar condicionado já havia provocado inundação em quatro andares do setor de periódicos da sede da biblioteca. Num primeiro momento, o caso foi minimizado, com os responsáveis afirmando que se tratava apenas de “jornais entre 2010 e 2012”. Não era verdade. A água atingiu coleções da primeira metade do século XX, como um exemplar da “Revista Infantil”, publicada em 1939, e volumes encadernados do antigo “Jornal de Notícias”, que circulou no Rio há cerca de cem anos. Um vídeo inédito, feito por uma pessoa que esteve no local na manhã da inundação, mostrou como a água percorrera os corredores e como funcionários trabalharam para tentar evitar estrago maior.
Um relatório está sendo elaborado e deve ser finalizado na próxima semana. A biblioteca informou ontem que foram molhados 2.042 jornais e revistas. Desses, 1.699 já foram devolvidos ao acervo para consulta. O restante ainda está em processo de secagem e higienização, devendo retornar ao acervo na próxima semana. Trinta fascículos de revistas de variedades, publicadas nos últimos dez anos, porém, ainda estão em análise no Centro de Conservação, pois tiveram as páginas coladas pela água. As folhas são separadas por técnicos, mas há o risco de que o dano seja permanente e que precisem ser substituídas.
O problema não era novo. No início de abril, também por defeito do sistema de refrigeração, a hemeroteca (setor onde ficam coleções de jornais, revistas, periódicos e obras em série) do prédio anexo da Biblioteca Nacional, na Praça Mauá, ficou alagada, atingindo mais de 40 coleções, como exemplares do antigo “Deutsche Volksblatt”, periódico editado no Rio Grande do Sul entre 1871 e 1960.
Os constantes vazamentos preocupam funcionários e usuários quanto à conservação do acervo, o maior da América Latina e um dos dez maiores do mundo. Segundo a direção da Biblioteca Nacional, um estudo está sendo feito para que os aparelhos de refrigeração, adquiridos na década de 90, sejam trocados e para que obras estruturais na sede e no anexo. Enquanto isso, são realizados paliativos. A nota divulgada pela instituição sobre o desligamento do ar condicionado diz que o laudo técnico deverá ser entregue até 21 de maio.
Por ora, não ha refrigeração, com exceção dos laboratórios de preservação e digitalização, auditório, salas de exposição e sala cofre. Nas salas de armazenamento de periódicos e de obras gerais, as janelas são abertas durante o dia. Ainda não há prazo para a refrigeração voltar a funcionar.
Esta reportagem foi publicada no vespertino para tablet O Globo a Mais

RIO: Âncoras, juntamente com um canhão e munição do século XVIII são encontradas na Praça Mauá!


Âncoras centenárias são encontradas fincadas na Praça Mauá


Peças, provavelmente do século XIX, também são achadas nas escavações das obras de revitalização da Zona Portuária

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Âncoras centenárias são encontradas durante obras na Praça Mauá
Foto: Pablo Jacob / O Globo

Âncoras centenárias são encontradas durante obras na Praça Mauá Pablo Jacob / O Globo
RIO - Em obras desde o ano passado, a região da Zona Portuária não para de revelar preciosidades do passado da cidade. As últimas peças encontradas por operários do projeto Porto Maravilha foram três âncoras, medindo entre 3,5 e 4,3 metros, que estavam no subsolo da Praça Mauá e, de acordo com as primeiras avaliações, datam do século XIX. Achadas em abril, as âncoras ainda não tinham sido exibidas ao público.
Segundo a chefe do programa de arqueologia do Consórcio Porto Novo, Erika Gonzalez, as âncoras, juntamente com um canhão do século XVIII e três balas de canhão da mesma época, foram os achados mais significativos recolhidos por sua equipe até o momento. Ao longo dos trabalhos, já foram encontradas centenas de peças, a maioria dos séculos XVIII e XIX. Um garimpo que, somente no que diz respeito à área pesquisada pela equipe do consórcio responsável pelas escavações, compreende cerca de cinco milhões de metros quadrados na região do porto.
— Já encontramos moedas, cerâmica, faiança, vidros, ossos de animais e muito material ligado ao cotidiano do século XIX e algumas coisas do século XVIII. Podemos dizer que temos um Rio de Janeiro enterrado — conta Erika Gonzalez.
O trabalho de arqueologia na região foi divido em duas etapas. Na primeira, durante obras de infraestrutura da Secretaria municipal de Obras, a equipe é chefiada pela doutora Tânia Lima Andrade, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da UFRJ. Iniciada em janeiro do ano passado, essa fase, que abrange cinco quarteirões — a Rua Barão de Tefé e parte da Sacadura Cabral e a Avenida Venezuela, além do Morro da Conceição e a Avenida Rodrigues Alves —, deve ser concluída até julho. Na fase dois, as sondagens arqueológicas são coordenadas pela equipe de Érika do Consórcio Porto Novo, que tem a missão de vasculhar 57 quilômetros de via pelos próximos quatro anos.
Nos últimos meses foram realizadas outras descobertas arqueológicas na área das obras. No início de maio foi achada a pedra fundamental da "Docas D. Pedro II", lavrada em 15/9/1871 pelo Engenheiro André Rebouças. Quatro canhões já foram descobertos pelos pesquisadores que acompanham as escavações. O mais recente foi encontrado no fim de fevereiro. Equipes especializadas da Gerência de Monumentos e Chafarizes fizeram a retirada e o transporte do canhão, que tem 1,50 metro de comprimento e data do início do século XVII.

13 DE MAIO: DOM JOÃO VI E O BAIRRO DE BOTAFOGO FAZEM ANIVERSÁRIO !


Dom Manuel de Orleans e Bragança recebe as crinaçsa no Museu de Petrópolis ! . . .


Museu Imperial de Petrópolis está com atrações especiais esta semana

A MOSTRA “Artistas italianos no Brasil Imperial” reunirá esculturas, livros, joias e gravuras
A MOSTRA “Artistas italianos no Brasil Imperial” reunirá esculturas, livros, joias e gravuras Foto: Divulgação/Museu Imperial
Felipe Sil - O Globo

O Museu Imperial poderia descansar eternamente em berço esplêndido, confortável em seus muitos anos de história. No entanto, não faltam novidades para atrair cada vez mais turistas (já não são poucos) e também os próprios moradores de Petrópolis. 

Nos próximos dias, por exemplo, a instituição promove uma série de eventos em homenagem à X Semana Nacional de Museus, que começa oficialmente na segunda-feira.

O tema, estabelecido pelo Conselho Internacional de Museus, é “Museus em um mundo em transformação: novos desafios, novas inspirações”. O que exatamente significa isso? A chefe do setor de promoção da entidade, Isabela Verleun, explica:

— A ideia é destacar a relevância dos museus descobrindo novas maneiras de chamar a atenção do público.

A exposição virtual “Pela lente do imperador: as transformações do século XIX”, que será inaugurada na segunda-feira, é um dos destaques da programação. A mostra abordará as inovações tecnológicas trazidas por Dom Pedro II ao Brasil após suas viagens.

Na terça, será aberta à visitação a exposição “Artistas italianos no Brasil Imperial”, que reunirá pinturas, gravuras, joias, esculturas e livros, entre outras peças.

Já na quarta-feira, às 15h, as crianças aproveitam “Uma tarde com a família imperial”. 

Elas terão a chance de conversar com o príncipe D. Manuel de Orleans e Bragança.

Atenção, turistas: no próprio Dia Internacional dos Museus (sexta-feira), a visitação ao palácio será gratuita.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A IGREJA DE SANTANA


Quarta, 09 Maio 2012 13:08

A Igreja de Santana

Escrito por

A Praça da República é, sem dúvida, um dos pontos mais destacados do centro do Rio de Janeiro, com amplas dimensões e belos jardins projetados pelo paisagista Glaziou em 1873. Gatos, marrecos e cotias desfrutam permanentemente da área verde, assim como grande número de pedestres que a cruzam diáriamente em busca das ruas centrais. O parque é ainda por cima emoldurado por imóveis históricos imponentes, valorizando ainda mais o local, em que pese uma boa parte do conjunto ter sido perdido quando da abertura da Av. Pres. Vargas, uma das obras que mais mutilou o Centro.
O parque, fato curioso, ainda é chamado pela maioria das pessoas de Campo de Santana, por conta de uma tradição imemorial. Mas se a igreja de Santana fica na rua Santana, afastada, por que motivo o campo leva seu nome?

igreja_santana

Igreja de Santana em dia de festa, meados do século XIX
O templo ficava onde é hoje a gare da Central do Brasil


Tudo começa em princípios do século XVIII, quando a cidade se concentrava entre o que é hoje a rua Uruguaiana e o mar. A área indefinida que se estendia ao norte, até os mangais de São Diogo — um braço de mar que entrava pela atual av. Francisco Bicalho e terminava próximo à Central — era conhecida como Campo da Cidade. Foi então que a Irmandade de São Domingos, formada por ex-escravos, e que tinham a imagem de seu padroeiro na Igreja de São Sebastião no morro do Castelo, foram forçados a de lá sair, e receberam da Câmara uma faixa de terreno de vinte braças para erguer seu templo. A obra começou em 1706, em um local situado aproximadamente no cruzamento da Av. Passos com a Pres. Vargas. A igreja se tornou a única construção presente, o que mudou o nome da região, doravante chamada de Campo de São Domingos.
Em um dos altares dessa igreja estava a imagem de Sant'Ana, cujos devotos, em número crescente, realizavam vários festejos, enciumando os donos da casa, os quais criaram todo tipo de conflitos, o que levou os seguidores de Sant'Ana a se refugiar na capela do Cônego Antônio Lopes Xavier, que ficava na rua General Câmara (também destruída pela Av. Pres. Vargas). Lá criaram a Irmandade de Sant'Ana, depois transformada em Ordem Terceira. Também receberam do arcediago da Sé, Antônio Pereira da Cunha, um terreno para construir seu templo, para os lados do bairro dos Cajueiros. A capela foi reconhecida pela autoridade eclesiástica em 1735, mas sua presença já havia dado nome à grande área próxima: Campo de Santana.
O modesto templo conheceu altos e baixos, com periódicas degradações e restaurações, tão típicas então quanto hoje, mas continuava bastante ativo na vida da comunidade. Sua principal atração era a festa do Espírito Santo, um acontecimento marcante nos tempos da Colônia e Império, que todos aguardavam com expectativa.
Em meados do século XIX, contudo, a primeira igreja de Sant'Ana passou a ter os dias contados, pois a projetada Estrada de Ferro D. Pedro II exigia seu sacrifício para erigir a gare central da ferrovia, exatamente onde ficava o templo. Os fiéis recolheram as imagens à igreja de São Gonçalo Garcia (conhecida hoje como de São Jorge) enquanto aguardavam a construção da nova casa, sendo a E.F. Pedro II inaugurada em 29 de março de 1858.
O templo foi para a rua das Flores, em um terreno onde se iniciaram as obras da cadeia nova 30 anos antes, nunca concluídas. A igreja era inicialmente um construção modesta, e ficou pronta em 1870. A seguir iniciou-se a construção da nova matriz, franqueada ao público em 1878. Várias obras complementares, como do pórtico e da fachada estenderam os trabalhos até 1942.
Essa longa história é a razão pela qual a tradição popular insiste em chamar o grande parque de Campo de Santana, mais de um século e meio depois da antiga igreja se mudar para a rua que hoje leva seu nome, que é como também foi chamado o bairro em que se situava, dos mais populosos e populares do Rio antigo, e que tinha sua contrapartida profana gravitando em torno da Praça Onze.