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sábado, 11 de agosto de 2012

Quinta da Boa Vista . . . ABANDONADA PELA PREFEITURA !


Quinta da Boa Vista exibe sinais de má conservação


Leitor flagra poste quebrado, asfalto danificado e teatro de marionetes abandonado

Publicado:



Base de antigo poste deve ser retirada neste fim de semana
Foto: Foto do leitor Nilton Lins / Eu-Repórter

Base de antigo poste deve ser retirada neste fim de semana Foto do leitor Nilton Lins / Eu-Repórter
RIO - Frequentada por cerca de 10 mil cariocas nos finais de semana, a Quinta da Boa Vista exibe sinais de má conservação, como mostra o leitor Nilton Lins. Em um passeio pelos jardins de São Cristóvão ele flagrou um poste quebrado, com apenas a base em pé, trechos esburacados no asfalto e brinquedos danificados, como um teatro de marionetes que está abandonado.
Os problemas encontrados fizeram Nilton mudar de parque. Apesar de ser vizinho da Quinta, ele disse que tem preferido se deslocar até o Aterro do Flamengo ou à orla de Copacabana para andar de skate e de patins, suas atividades preferidas. Segundo o leitor, as áreas de lazer da Zona Sul apresentam melhores condições.
- Meus amigos têm feito o mesmo caminho. Mesmo morando do lado do parque, preferem ir até áreas da Zona Sul, apesar da distância e inconveniência, para ter seus momentos de lazer. Nem andar de bicicleta é possível mais - reclama Nilton.
Para as crianças, o passeio na Quinta da Boa Vista também pode apresentar dissabores. De acordo com o leitor, as atrações infantis, como um teatro de marionetes, não passam por manutenção há tempos. Com farpas soltas e água parada, representam risco para os pequenos. A Secretaria municipal de Cultura diz ter feito um levantamento recentemente sobre a situação de seus equipamentos na Quinta. De acordo com a gerente da rede de teatros da prefeitura, Juliana Peixoto, a reforma está sendo orçada.
Já a Secretaria municipal de Conservação prometeu iniciar o recapeamento dos trechos esburacados na próxima terça-feira (14). Uma vistoria de técnicos do órgão constatou os problemas apontados pelo leitor. A RioLuz, que é subordinada à secretaria, prometeu remover o poste quebrado neste fim de semana, mas não deu prazo para a substituição.
Administração do parque diz não ter recebido queixas
Moradia imperial, a Quinta da Boa Vista recebe cerca de 10 mil pessoas nos fins de semana. Quando há um evento especial, o volume pode até triplicar, de acordo com a administração da área de lazer. Os responsáveis pelo parque disseram não ter recebido até hoje nenhuma queixa sobre a falta de manutenção em regiões da área de lazer. Mas, em novembro de 2010, o leitor Marcos Estrella fotografou o lago do parque cheio de lixo.




A Igreja de Santo Antônio dos Pobres


Piso original da Igreja de Santo Antônio dos Pobres é descoberto durante obra


Um dos 25 imóveis em restauração na área, construção é do século XIX

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A Igreja de Santo Antônio dos Pobres Foto: Paula Giolito / O Globo
A Igreja de Santo Antônio dos Pobres Paula Giolito / O Globo
RIO - As obras do Centro Empresarial do Senado chegaram a provocar rachaduras em alguns imóveis. Mas, na Igreja de Santo Antônio dos Pobres, que está sendo restaurada pela incorporadora, as fissuras no piso permitiram uma descoberta arqueológica. Foram encontrados no chão da nave dois pisos. De acordo com a administração da igreja, no mais próximo ao altar ficavam membros da irmandade e da corte imperial, enquanto o mais perto da entrada era reservado às pessoas mais humildes.
Erguida no século XIX, a Igreja de Santo Antônio dos Pobres foi totalmente reformada na década de 1940 em estilo neorromânico.
As rachaduras durante a construção das torres causaram transtornos e preocupação ao comércio e aos vizinhos. A incorporadora diz que mitigou esses problemas com constante supervisão e intervenções pontuais.
Segundo Antonio Magalhães, diretor da WTorre Rio, após estudo viário, a empresa também decidiu fazer uma espécie de boulevard na Travessa Dídimo.
— Em São Paulo, uma lei recente estabelece que as contrapartidas podem chegar a até 5% do valor da obra, mas vincula os investimentos a melhorias viárias. No Rio, não há uma lei assim, discute-se caso a caso com prefeitura e estado. Isso abriu espaço para o investimento na recuperação do patrimônio histórico.

CENTRO DO RIO . . . DE MUITAS HISTÓRIAS !


Sopro de modernidade no Centro do Rio


Além de torres, área degradada ganhará casarões reformados e piscinão contra enchentes

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A fachada espelhada do Centro Empresarial do Senado reflete as construções antigas da área Foto: Paula Giolito / O Globo
A fachada espelhada do Centro Empresarial do Senado reflete as construções antigas da área Paula Giolito / O Globo
RIO - A revitalização do Centro vai muito além da Zona Portuária. Ainda este mês ficam prontas duas das quatro torres do Centro Empresarial Senado. O conjunto de torres espelhadas — uma de 20 pavimentos, outra de 18 e duas de 16, interligadas por um átrio — fica no quadrilátero formado pelas ruas do Senado e dos Inválidos, pela Avenida Henrique Valadares e pela Travessa Dídimo. Empreitada de paulistas no coração do Rio — a incorporadora é a WTorre —, o complexo, que vai ser totalmente alugado pela Petrobras, custou R$ 600 milhões. Mas o raio de ação do empreendimento é bem maior. Do total, R$ 48 milhões foram aplicados pela empresa em obras no entorno: 25 edificações históricas, a maioria de estilo eclético, estão sendo reformadas e restauradas. Também foram feitas obras de drenagem nas vias adjacentes. Ao lado dos novos prédios, um piscinão promete absorver a água da chuva, prevenindo as constantes enchentes na região.
Com capacidade para receber dez mil funcionários e uma população flutuante de quatro mil pessoas, o complexo, no entanto, já causa discussões sobre o impacto urbano e arquitetônico no Centro antigo do Rio. Segundo a WTorre, em termos de área construída, trata-se do maior prédio comercial da América Latina, com 186 mil metros quadrados. No subsolo dos prédios foram construídos cinco andares de garagem subterrânea para dois mil carros. Subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, o arquiteto Washington Fajardo criticou a opção por uma garagem tão gigantesca.
— Os recursos poderiam ter sido usados numa via que levasse pedestres até o metrô.
Conselheiro do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Rio, Luiz Fernando Janot diz que uma garagem assim só poderia ter sido construída após estudos muito aprofundados da CET-Rio.
— Os centros históricos do mundo estão restringindo cada vez mais a entrada de carros, mas, no Rio, infelizmente, não há uma política para conter o automóvel em nossa área central.
Projeto é concebido como ‘caleidoscópio’
Em nota, a CET-Rio afirmou que o projeto teve como contrapartida a execução de diversas melhorias na acessibilidade da região, como, por exemplo, intervenções para a transferência da travessia de pedestres em frente à Central do Brasil, além de modificações nas vias e calçadas das ruas dos Inválidos, do Senado, na Avenida Henrique Valadares e na Praça da República.
Arquiteto e historiador, Nireu Cavalcanti também critica a garagem subterrânea e a arquitetura dos novos prédios.
— A reforma e o restauro de 25 edificações naquela área são uma coisa boa, mas o prédio é uma agressão ao ambiente, e a garagem só vai estimular o aumento de fluxo de carros, ao contrário do que ocorre em centros como o da Cidade do México e o de Varsóvia.
Washington Fajardo é outro que elogia a revitalização da área trazida pela obra:
— Se 10% das pessoas que frequentarão o prédio passarem a morar naquela área, o empreendimento levará mais de mil famílias de classe média àquela parte do Centro. É isso que revitaliza uma área — afirma o arquiteto.
Mas ele faz ressalvas ao projeto:
— Em termos de design arquitetônico, a cidade perdeu uma grande oportunidade, pois o prédio não traz qualquer novidade, apenas reproduz o que se faz lá fora.
Edo Rocha, arquiteto que assina o projeto, orgulha-se do fato de sua obra pós-moderna refletir o passado da cidade:
— O projeto foi concebido para ser um caleidoscópio, refletindo as edificações do entorno.
Reforma do primeiro prédio da polícia
As duas últimas torres serão entregues em outubro. Enquanto isso, as obras no entorno estão em ritmo acelerado. Uma delas está praticamente pronta: a da Sociedade Brasileira de Belas Artes, na esquina das ruas do Lavradio e da Relação, talvez a única em estilo neoclássico. Em 1808, o prédio chegou a ser utilizado como Tribunal da Relação. De estilo eclético, o Palácio da Polícia Central, na esquina da Rua da Relação com Inválidos, também está sendo recuperado. Projetado pelo arquiteto Heitor de Melo, o prédio foi o primeiro a ser construído para ser sede da polícia no Rio. Nele também funcionou, a partir da década de 1970, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Além de 18 sobrados de estilo eclético, encontra-se em fase de restauração a Garagem Poula, que, à época do Império, serviu como cocheira do Imperador Pedro I.


POLÍCIA FEDERAL RECUPERA PATRIMÔNIO HISTÓRICO FURTADO !


PF recupera fotos históricas furtadas em 2005


Imagens do acervo da Biblioteca Nacional e do Arquivo da Cidade estavam sendo leiloadas em livraria

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Uma foto de Stahl que estaria entre as furtadas da Biblioteca Nacional
Foto: Reprodução da internet
Uma foto de Stahl que estaria entre as furtadas da Biblioteca Nacional Reprodução da internet
RIO - Agentes da Polícia Federal apreenderam na sexta-feira fotos do século XIX que haviam sido furtadas do acervo da Biblioteca Nacional em 2005 e estavam sendo leiloadas numa livraria de São Cristóvão. Entre as imagens havia algumas de autoria de Augusto Stahl feitas em Recife e estavam com as identificações de origem raspadas.
Segundo o delegado Fábio Scliar, a Fundação Biblioteca Nacional acionou a Polícia Federal após receber denúncia de um colecionador. Os técnicos realizaram uma vistoria nos lotes que seriam vendidos na sexta-feira e neste sábado pela Babel Livros e encontraram, segundo Scliar, 19 imagens furtadas entre as 800 obras: 15 delas pertenciam à Biblioteca Nacional e outras quatro ao Arquivo Geral da Cidade antes do crime. Em 2005, foram levadas da biblioteca mais de 900 fotos.
— Instauramos um inquérito hoje (ontem) mesmo. Vamos ouvir representantes da livraria, porque esta não foi a primeira vez que flagramos itens furtados sendo leiloados lá. Já houve uma outra apreensão no local antes — disse Scliar.
A advogada Graziele Cardoso, que defende a Babel Livros, explicou que a empresa recebe as obras em consignação. Segundo ela, a livraria divulga os itens que leiloa num catálogo, que é encaminhado ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e à Biblioteca Nacional. Além disso, as peças ficam expostas ao público antes do leilão. No caso das 800 obras que estavam sendo leiloadas ontem e hoje, o material ficou à mostra dos interessados de 4 a 9 de agosto.
— É preciso esclarecer que a Babel Livros e o leiloeiro Raul Barbosa são meros organizadores. A Babel também faz a verificação de todas as obras que vão a leilão, mas essas quadrilhas se especializam. Nós somos vítimas também — disse a advogada.
Graziele Cardoso contou ainda que as imagens apreendidas pela PF foram deixadas em consignação na Babel por duas pessoas. Os nomes, segundo ela, ainda não foram revelados à polícia.
Scliar disse que as imagens já foram reconhecidas e serão devolvidas aos acervos nos próximos dias. Ele acusa Laessio Rodrigues, preso no Complexo Penitenciário de Bangu, de estar por trás do furto:
— Esse grupo criminoso atua em todo o território nacional. Integrantes se infiltram em bibliotecas e museus, seduzem funcionários e, aos poucos, furtam itens de valor histórico. As instituições só notam a falta de parte do acervo algum tempo depois. Ficou evidente que Laessio Rodrigues continua comandando a quadrilha mesmo preso, ligando ou enviando cartas aos comparsas.
Por pouco os itens recuperados não foram vendidos. Segundo Scliar, parte do acervo seria leiloada às 18h de ontem. As fotos apreendidas estão na sede da PF.


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A IGREJA DO TERÇO


Quinta, 09 Agosto 2012 16:28

A Igreja do Terço

Escrito por

No início do século XVIII, a área próxima a atual Avenida Passos ainda era um espaço indefinido e semi-agreste. Pouca gente morava em tão afastado e desvalorizado rincão, quase sem casas ou construções de qualquer tipo, sendo esse exatamente o motivo pelo qual um grupo de escravos e libertos ergueu uma capela dedicada a São Domingos de Gusmão, que emprestou seu nome a toda área para além da rua da Vala (Uruguaiana).
Nesse espaço de contornos ainda indefinidos, foram instaladas a polé dos militares (pelourinho) e a fôrca, sendo essa uma das razões pelas quais muitos acreditam ter sido Tiradentes aí enforcado, e não onde se situa a escola que leva seu nome. Além disso, era uma área onde eram executadas punições a militares, como o alferes Joaquim José da Silva Xavier.

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Igreja de N.Sª do Terço, quase trezentos anos de história
no coração do Saara


Não muito distante da fôrca foi construída em 1747 a Igreja de São Elesbão e Santa Ifigênia, conforme em artigo nosso abaixo, no único caminho ali existente, o de Capueruçu, que recebeu no trecho o nome de Santa Ifigênia, após a construção do templo. A antiga vereda é hoje a rua da Alfândega. Em um terreno próximo, o padre Inácio Fernandes Fortes levantou em 1737 uma capela dedicada ao Senhor dos Passos, a qual daria seu nome ao caminho paralelo à rua de Santa Ifigênia (Alfândega) progressivamente aberto bem em frente. O padre Inácio legou a capela ao seu parente capitão José Fernandes Fortes, o qual não teve recursos para sua manutenção e a transferiu para a Mitra, o que não impediu sua decadência.
Na mesma época da construção da capela, era fundada na Igreja de São José a Irmandade de N.Sª do Terço, que lá permaneceu até 1815, quando foi iniciada a reconstrução do templo, e a imagem da Virgem do Terço teve de ficar na sacristia. O sonho da casa própria só se concretizaria em 1842, quando a Capela do Senhor dos Passos foi cedida à Confraria de N.Sª do Terço, assim permanecendo até os dias de hoje. Foram feitas obras de recuperação, que permitiram ao templo iniciar essa nova etapa de sua existência.
A Igreja de N.Sª do Terço foi desde suas origens uma construção bastante modesta, mas é apesar disso mais uma peça valiosa do patrimônio histórico carioca, com quase trezentos anos de idade. Tem a vantagem de se situar no interior de um conjunto arquitetônico homogêneo e antigo, que compõe um contexto visual consonante, diferentemente de outros templos que desapareceram entre as massas opressivas dos espigões, símbolo enganoso de progresso cujo crescimento desordenado quase sempre leva ao desaparecimento de trechos inteiros da cidade.

BARÃO DO RIO BRANCO E AS SUAS CARICATURAS !


Enviado por Bairros.com -
8.8.2012
|
16h10m

Caricaturas do Barão de Rio Branco são destaque em exposição no Centro


A Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MinC) e a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) promovem, a partir desta quarta-feira (8), a exposição "O Barão e a Caricatura: Rio Branco no Traço dos Caricaturistas". A mostra está em cartaz no terceiro andar da Biblioteca Nacional até o dia 30 de setembro. A entrada é gratuita.

O Barão e a Caricatura traz uma seleção de uma pesquisa que analisou 147 volumes da Coleção de Recortes de Jornais do Barão do Rio Branco, onde foram localizadas mais de mil caricaturas veiculadas pela imprensa carioca na primeira metade do século XX sobre o nobre. 

O horário de visitação é de terça à sexta-feira, das 10h às 17h, e nos sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 16h30. 

A Biblioteca Nacional fica na Avenida Rio Branco 219. 

Mais informações sobre a exposição e agendamento de visitas pelos telefones 2220-9484 e 3095-3881.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Um passeio pelas fachadas do Centro do Rio


Enviado por Jorge Antonio Barros e Luiz Eugênio Teixeira Leite -
7.8.2012
|
8h00m
patrimônio arquitetônico

Um passeio pelas fachadas do Centro do Rio

O carioca que anda com a cabeça nas nuvens, olhando para o alto, pode colher algo melhor do que reboco de marquise, pingo de ar condicionado e sujeira de pombo. É do alto que vem um Rio que a gente não conhece. Após 12 anos de pesquisa, o fotógrafo e designer Luiz Eugênio Teixeira Leite documentou mais de mil ornamentos que guardam simbolismos da arquitetura carioca, sobretudo no estilo eclético, uma marca das construções do Centro do Rio, no início do século XX.

O resultado está no livro "O Rio que o Rio não vê" (Aori Produções Culturais). Em dois casos, o designer descobriu raridades, como baixo-relevo de metal folheado a ouro baseado na partitura do primeiro arranjo do Hino Nacional -- numa das rotundas do Teatro Municipal do Rio -- e a imagem do "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" na forma de um...asno, num prédio da Rua Teófilo Otoni 152. Eugenio suspeita que a maldade foi vingança do artista contra o construtor, que não lhe pagou em dia. Ou seria uma brincadeira de algum adepto do jogo de bicho? Deu burro na cabeça. 

-- Milhões de cariocas desperdiçam diariamente a espetacular aula a céu aberto de história da arte e da sociedade brasileiras que representa o Centro do Rio. Como localidade história inicial de fundação da cidade, o Centro está repleto de construções civis e religiosas nascidas ao longo desses quase 500 anos de civilização carioca. E como núcleo principal de uma cidade que foi sede da Colônial, do Império e da República por quase 200 anos, ali se encontram instaladas as sedes das mais diversas instituições públicas e privadas, como igrejas, museus, teatros, bibliotecas, bancos, seguradoras, companhias de navegação, entre outras -- diz Luiz Eugênio. 

O livro do fotógrafo é um passeio pelos tesouros da arquitetura carioca e brevemente será mesmo um roteiro cultural guiado por Luiz Eugênio, no qual os participantes não poderão abrir mão de binóculos para ver todos os detalhes dos frontspícios dos edifícios das duas primeiras décadas do século XX, quando houve o apogeu daquela tendência. O levantamento iconológico da cidade levou em conta o que o pedestre pode ver da rua, sem subir em qualquer outro prédio. 

Luiz Eugênio conseguiu mapear a ideologia da construção carioca no início do século XX. Os ornamentos em geral apresentam símbolos lúdicos. Há muitos prédios com a imagem de Mercúrio, o deus dos comerciantes -- a classe em ascensão no Rio do início de 1900 -- além de figuras sinistras como a do grifo --- animal mitológico, uma espécie de leão alado. Em prédios como o da Assembleia Legislativa, os ornamentos simbolizam força, ordem e progresso, numa época em que a política era menos adúltera. No Teatro Municipal, que foi recentemente reformado por ocasião de seu centenário, Luiz Eugênio resgata a força de seis esculturas de Rodolfo Bernardelli, que representam a música, a poesia, o canto, a dança, a comédia e a tragédia. Categorias artísticas ganham imagens humanas. 

Editado pela Aori Produções Culturais, com patrocínio do BNDES, o livro tem 300 fotografias e belo acabamento gráfico do designer Victor Burton. 

Na apresentação do livro, o professor Nelson Pôrto Ribeiro. do departamento de arquitetura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ressalta a importância do livro que pela primeira vez criou um acervo com os ornamentos dos prédios. "O Rio que o Rio não vê" é também um Rio de alegorias, prática simbólica de tradição milenar na cultura ocidental que recebeu um golpe de morte quando do surgimento do pensamento iluminista do século XVIII e da qual o florescer do ecletismo parece ter sido o último suspiro: o ecletismo é o último período artístico que ainda incorpora a alegoria como elemento constitutivo da sua essência -- e aqui que me explico àqueles que rejeitam o essencialismo, penso na essência do ecletismo tal como penso na fragrância de um perfume".

Um roteiro extraído do livro, por Luiz Eugênio Teixeira Leite

1. PRAÇA FLORIANO S/N 
TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO, PROJETO DE FRANCISCO DE OLIVEIRA PASSOS E ALBERT GUILBERT, 1904



Sob grande cartela ornada com ramos de carvalho na qual estão representados alguns instrumentos musicais, está o mascarão que representa o deus Pã coroado, meio homem, meio animal, com sua peculiar barba e seus chifres de bode. Amante da música, sempre carregando uma flauta, Pã está relacionado à natureza inteligente, fecunda e criadora. Deus do tudo, Pã deu origem à palavra pânico, esse terror, essa excitação que se espalha em toda a natureza, em todo o ser, ao sentir a presença desse deus que perturba o espírito e enlouquece os sentidos. Como a poesia. Como a música.



Entre os capitéis das colunas das rotundas, diversos instrumentos musicais, a lira ao centro, estão aqui representados junto às duas clássicas máscaras teatrais, a Tragédia e a Comédia. Entrelaçada na lira está uma partitura, na qual se lê “Tempo di Marcia”. Trata-se do primeiro arranjo para o hino nacional. 


2. AVENIDA RIO BRANCO 199 
ANTIGA ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES, PROJETO ORIGINAL DE ADOLFO MORALES DE LOS RIOS, 1906 
ATUAL MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES 

HONÓRIO DA CUNHA E MELLO (1879-1949) 
BAIXO-RELEVO EM TERRACOTA 
1906-08

O projeto original previa 8 nichos para a colocação de esculturas relativas às grandes civilizações da Antiguidade, abaixo dos quais estava escrito o nome de cada uma dessas civilizações. Os nichos estão hoje vazios, pois o concurso que previa a execução das esculturas foi suspenso ainda em 1912. Acima dos nichos estão os 8 painéis em terracota executados por Cunha e Mello aqui estudados. 

Ocupando todo um quarteirão, o museu está limitado frontalmente pela Avenida Rio Branco e faz fundos com a Rua México. As fachadas laterais dão para a Rua Heitor de Melo e para a Rua Araújo Porto Alegre. Um pedestre que comece a observar os 8 painéis executados em terracota por Cunha e Mello por toda a extensão da fachada verá: a Pérsia e a Assíria na Rua Heitor de Melo, o Egito, a Grécia, Roma e a America na Avenida Rio Branco e, por fim, a India e a China na Rua Araújo Porto Alegre. 

Ao lado estão o nicho e o painel em terracota relativos à America. Nas páginas seguintes estão outros seis trabalhos. O painel relativo à civilização persa não se encontra aqui reproduzido.


EDWARD CALDWELL SPRUCE (1849-1923) 
DOIS BAIXO-RELEVOS EM TERRACOTA 
1906-08

Vemos aqui mais duas cenas executadas pelo escultor inglês Spruce. A cena acima traz doze pessoas em três grupos. O grupo central, formado por três pessoas, é dominado pela alegoria da Arquitetura, portando a maquete do Capitólio romano e tendo, à sua direita, figura também relacionada à Arquitetura, pois conduz esquadro, fio de prumo e desenho. À sua esquerda está a Escultura, que tem à mão uma estatueta. O grupo no canto inferior esquerdo, composto por quatro pessoas, é dominado pela figura de um escultor e seus instrumentos de trabalho. No grupo da direita, de cinco pessoas, vê-se um sacerdote, crucifixo em punho. Completam cada grupo, no primeiro plano, sentadas nos degraus das escadarias de um suposto templo, duas mulheres apontando para livros abertos. Seria possível ver na da esquerda uma alegoria às letras profanas, já que ela tem os seios à mostra, enquanto a da direita, mais recatada, representaria as letras sagradas? Ao fundo nota-se parte da fachada do Erechtheion e as colunas em círculo da Praça de São Pedro, no Vaticano, de Bernini. Pode-se perceber ainda, no chão, outro evidente símbolo relacionado à arquitetura clássica: um capitel coríntio.


EXECUTADOS POR FELIX GAUDIN (1851-1930) SEGUNDO DESENHOS DE RAPHAEL FREÏDA (1877-1942) 
18 MOSAICOS EM PASTILHAS DE VIDRO 
1906-08 

Nas fachadas das ruas Heitor de Melo e Araújo Porto Alegre encontram-se em perfeito estado de conservação 18 mosaicos retratando a imagem em corpo inteiro de 16 gênios da cultura universal, pintores, arquitetos e teóricos que mais influenciaram a arte clássica em todos os tempos, além de duas representações de ferramentas de trabalho do artista. Os mosaicos da Rua Heitor de Melo, da esquerda para a direita do observador, representam: as ferramentas do gravador, Juan Agustín Ceán BERMÚDEZ, Francesco MILIZZIA, Eugène VIOLLET-LE-DUC, Vincenzo SCAMOZZI, Francisco PACHECO, Charles BLANC, Giorgio VASARI e Marcos VITRÚVIO Polião. Na fachada da Rua Araújo Porto Alegre, também da esquerda para a direita, são eles: LEONARDO DA VINCI (foto), Giacomo Barozzi da VIGNOLA, Johann Joachim WINCKELMANN, François MANSART, JUAN DE ARPHE y Villafañe, John RUSKIN, Leon Battista ALBERTI, Henri-Marie Beyle (dito STENDHAL) e finalmente as ferramentas do pintor. Alguns autores sugerem que o risco tenha sido executado por Henrique Bernardelli (1857-1936). (0307.jpg) 


3. PRAÇA FLORIANO S/N

CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO 
PROJETO DO ESCRITÓRIO TÉCNICO HEITOR DE MELLO (FRANCISQUE CUCHET E ARCHIMEDES MEMORIA), 1920 

JOSÉ OCTAVIO CORRÊA LIMA (1878-1974) 
ESCULTURAS EM CIMENTO MODELADO E BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA 
1923 C.

Junto aos torreões do Palácio Pedro Ernesto estão frontalmente quatro esculturas representando os estágios por que passou a cidade do Rio de Janeiro ao longo de sua história: a Cidade Primitiva e a Cidade Colonial, de um lado, e a Cidade Imperial e a Cidade Republicana, vistas aqui, de outro. 

No frontão, estilizadíssimo e em interpretação livre, o brasão da cidade destaca a caravela, indicando o correto rumo a seguir. 

O programa alegórico deste prédio se encontra mais detidamente tratado na Introdução desta obra. 


4. AVENIDA RIO BRANCO 219

BIBLIOTECA NACIONAL, PROJETO DE HECTOR PÉPIN, 1905-1910 
ATRIBUIÇÃO A FRANCISCO MARCELINO DE SOUZA AGUIAR 

EXECUTADO SEGUNDO MAQUETE DE 1908 DE MODESTO BROCOS Y GÓMEZ (1852-1936) 
BAIXO-RELEVO EM BRONZE 
1910 C.

Nas páginas anteriores está o monumental frontão da Biblioteca Nacional. Ao centro do tímpano, de pé sobre uma tribuna, uma jovem de túnica e sandálias, tendo à mão direita uma tocha, e à esquerda ramos de louro; por trás dela, o Sol. À sua direita, quatro figuras em três grupos – a Imprensa, a Paleografia e a Cartografia; à sua esquerda, cinco figuras em três grupos -- a Iconografia, a Numismática e a Bibliografia. 

A jovem mulher simboliza a República Brasileira, pois exibe os atributos da Liberdade e da Ilustração – o barrete frígio e a tocha -, e junto ao peito as armas do Brasil. Os ramos de louro representam a Glória e a Vitória, e as 22 estrelas que a circundam, os 22 estados brasileiros. 

Quanto aos seis grupos à esquerda e à direita da República, o da extrema esquerda é uma Alegoria da Cartografia: uma jovem escreve sobre um mapa à sua frente enquanto no chão estão um livro, um globo terrestre e outro mapa; o segundo representa a Paleografia: um religioso sentado numa escrivaninha olha para trás enquanto escreve, como se estivesse em busca do que ficou no passado; o terceiro é uma Alegoria da Imprensa, vendo-se uma jovem que segura à mão direita um pergaminho, tendo a seu lado o inventor Gutenberg com um livro na mão esquerda e sua prensa móvel à direita; o quarto grupo simboliza a Iconografia: mostra figura feminina, de pé, provavelmente uma sibila, afastando um pergaminho do alcance de uma criança, que em vão tenta pegá-lo; o quinto grupo representa a Numismática, na forma de uma jovem que, sentada e concentrada, observa com uma lupa a medalha que tem à mão direita; o sexto e último grupo, na extrema direita da composição, é uma alusão à Bibliografia: junto a uma estante cheia de livros, com vários outros espalhados pelo chão, uma jovem mulher anota numa prancheta os títulos dos livros que um auxiliar lhe vai passando. 


5. RUA ÁLVARO ALVIM 24

EDIFÍCIO HEYDENREICH, PROJETO DE 1926 C. 

AUTOR DESCONHECIDO 
BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA 
1926


Em função de sua condição de Padroeiro dos Comerciantes, o deus romano Mercúrio -- Hermes, para os gregos -- é o campeão absoluto de aparições e estilizações nas fachadas cariocas. Ele está por toda parte, do pequeno comércio dos antigos sobrados ainda de pé do final do Século XIX ao majestoso Palácio Tiradentes, símbolo da opulência arquitetônica da Primeira República. 

Nas páginas seguintes está talvez o mais belo e carioca dos Mercúrios, um ornamento que bem justifica o nome desta publicação, pois que escondido numa fachada localizada num dos logradouros cujos palácios e sua riqueza arquitetônica mais violentamente roubam a atenção do pedestre: a Praça Floriano, mais conhecida por Cinelândia, onde estão o Teatro Municipal, o Palácio Pedro Ernesto e a Biblioteca Nacional. Mercúrio é retratado ao lado do Pão de Açúcar - o atrativo internacional maior da cidade à época -, e de um portentoso transatlântico prestes a despachar legiões de turistas ávidos por desfrutar a Cidade Maravilhosa. Datado e assinado: ANNO 1926. JW. 

Nem bem terminava em Paris a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas, em outubro de 1925, e seus cânones já estavam atravessando o Atlântico. A decoração externa do Edifício Heydenreich pode ser considerada dentre as primeiras manifestações sob inspiração art déco no Rio de Janeiro. 

A construção termina em ousado coroamento, num rico padrão geométrico à semelhança de uma grande ave de rapina de asas abertas. 


6. AVENIDA RIO BRANCO 241 
ANTIGO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
PROJETO DE ADOLFO MORALES DE LOS RIOS, 1905 

ATUAL CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL 
MANOEL FERREIRA TUNES (1850 C. -1921) 
ENTALHAMENTO EM MADEIRA 
1908


Esta monumental porta dupla, dentre três com o mesmo entalhamento, representa a alegoria da Justiça, coroada e de olhos vendados, diferentemente da representação da página ao lado, onde a mesma Justiça aparece sem a venda. Os olhos devem estar vendados no momento de julgar, pois somente a razão deve nortear as decisões do juiz, e não a evidência dos sentidos, que frequentemente confunde. Uma balança e seus dois pratos estão logo abaixo. Ao centro estão duas espadas, dispostas verticalmente e quase imperceptíveis. Na parte inferior, dois dragões desempenham sua função protetora ao conjunto. Em peroba do campo. Assinada e datada RIO - 5 - 908 - M. F. TUNES.


MATHURIN MOREAU (1822-1912) 
ESCULTURA EM FERRO FUNDIDO 
1909 C.


A presente escultura representa a Justiça e alguns de seus atributos: uma mulher jovem, calçando sandálias e vestindo túnica amarrada na cintura que lhe deixa à mostra apenas os braços, está sentada num trono e tem à mão direita, apoiada no chão, uma espada. Sobre seu joelho esquerdo está apoiada uma típica balança de dois pratos; no chão, junto ao pé esquerdo, um galho de carvalho está pousado sobre dois livros. A espada representa o rigor da Justiça, aquela que não hesita no momento de punir, e sua habilidade de separar a ficção dos fatos, simbolizados pelos seus dois gumes. A balança, utilizada para medir as quantidades das coisas materiais, é frequentemente empregada como uma metáfora da Justiça, que cuida para que cada homem receba o que lhe é devido, nem mais nem menos. O carvalho representa a força para julgar e os livros simbolizam a lei escrita. Na base, junto ao pé, inscrição indica a execução das Fonderies du Val d´Osne, na França.

7. RUA DA IMPRENSA 16
ANTIGO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA 
PROJETO DE LUCIO COSTA, OSCAR NIEMEYER, CARLOS LEÃO, JORGE MACHADO MOREIRA, AFONSO EDUARDO REIDY E ERNANI VASCONCELOS, 1936 
CONSULTORIA DE LE CORBUSIER 

ESCULTURA EM BRONZE DE JACQUES LIPCHITZ (1891-1973)


A escultura acima, prevista para ornar a parede cega do auditório do Palácio Capanema, teve suas dimensões drasticamente reduzidas em relação ao projeto original. Chama-se Prometeu, mas recebeu do anedotário popular o apelido bem humorado “Batatais Engolindo um Frango”, em referência ao então goleiro da seleção de futebol. De forte significação simbólica, representa a aplicação do castigo divino impingido ao titã Prometeu por Zeus, irado porque o primeiro teria-lhe roubado o fogo no intuito de ajudar na criação do homem. Pela sentença, Prometeu ficaria eternamente acorrentado a uma montanha, sendo diariamente bicado no fígado por uma imensa águia. Na fachada de uma instituição cuja função simbólica remete à elevação do homem pelo conhecimento e a sua incontida vontade de progredir sempre, independente da adversidade, o artista, não satisfeito com os desígnios divinos de Zeus, aqui simbolizado pela águia, preferiu representar Prometeu oferecendo intensa resistência ao animal, chegando, por fim, a dominá-lo. Pode-se interpretar, a partir da cena criada por Lipchitz, que só a educação liberta o homem de sua sentença inicial, a de permanecer eternamente acorrentado aos grilhões da ignorância. 


8. RUA DO PASSEIO 90

ANTIGOS CASSINO FLUMINENSE, AUTOMÓVEL CLUB DO BRASIL E OUTROS 
PROJETO DE MANOEL DE ARAÚJO PORTO ALEGRE, 1855 

SEVERO DA SILVA QUARESMA, QUIRINO ANTONIO VIEIRA E JOÃO DUARTE DE MORAIS 
BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA 
1860 C.


Intitulado "O Gênio do Brasil presidindo às Musas" e executado ainda sob a atmosfera do Segundo Império, o baixo-relevo abaixo mostra um índio alado, coroado e com um cajado na mão, em postura altiva sobre um tablado, pronto para entregar uma coroa de louros para um conjunto de nove mulheres à sua volta, vestindo túnicas clássicas, seios à mostra e portando instrumentos musicais, ladeadas de dois eroi. 

O índio representa o elemento, a natureza e a cultura nacionais, em oposição às nove musas, que simbolizam a cultura clássica por excelência. Sua função aqui é a de presidir o pensamento da nação a partir da amálgama entre essas duas culturas tão distintas, a nacional e a clássica, para cuja união contribui a atuação simbólica dos elementos de ligação representados pelos dois eroi. 


9. RUA SETE DE SETEMBRO 133

CASA CAVÉ, PROJETO ORIGINAL DE 1890 C. 

AUTOR DESCONHECIDO 
ALTO E BAIXO-RELEVOS EM ARGAMASSA



No dia 13 de junho de 1903, Olavo Bilac escrevia na Gazeta de Noticias: "Oh! as compoteiras! Quem seria o mestre-de-obras, perverso e fatal, que teve em primeira mão a abominável idéia de plantar esses medonhos vasos de cimento no topo das casas do Rio de Janeiro?" A foto traz uma das "compoteiras" de Bilac, lotada de frutas e coroada por um grande abacaxi, em provável alusão à forma das famosas taças de sorvete servidas pela confeitaria. 

No alto do frontão, abaixo da “compoteira”, vê-se o monograma com as iniciais AC, referência ao proprietário do imóvel e fundador das Casas Cavé, o francês Auguste Charles Felix Cavé. Destaca-se, ainda, no interior redecorado na década de 1920, o mobiliário de Antonio Borsoi e a pintura vítrea com motivos indígenas americanos de Francisco Puigdomenech Colom, um dos quais pode muito bem ter sido o “mestre-de-obras perverso e fatal” condenado por Bilac pela execução das “compoteiras”. 


10. RUA DA CARIOCA 62 
CINE IDEAL, PROJETO DE MIGUEL BRUNO, 1906 

AUTOR DESCONHECIDO 
BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA 
1906


Ocupando três sobrados, dos números 60 a 64, o Cine Ideal foi inaugurado no dia 2 de outubro de 1909. Instada pela acirrada rivalidade com o vizinho Cinema Íris, no número 49 da mesma rua, a casa se autoproclamava a única sala de espetáculos da América do Sul que funcionava de noite ao ar livre, por conta de sua cúpula móvel em ferro, ainda hoje conservada, projetada pela companhia do engenheiro francês Gustave Eiffel, o mesmo da famosa torre de Paris e da Estátua da Liberdade, em Nova York. 

Abaixo, cornucópia e monograma com as iniciais VM, que remontam ao Visconde de Moraes, José Julio Pereira de Moraes, grande proprietário no Rio de Janeiro do começo do Século XX. 


11. LARGO DE SÃO FRANCISCO DE PAULA 4

ANTIGA BOAVENTURA DA SILVA & FERREIRA, FACHADA DE 1905 
ATUAL LANCHONETE PARQUE ROYAL 

AUTOR DESCONHECIDO 
BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA 
1905


O presente ornamento constitui exemplo único no Rio de Janeiro de utilização criativa e inusitada do tão difundido símbolo da cornucópia. Atributo entre os gregos da fertilidade, da fecundidade e da abundância e muito empregada na arquitetura, expelindo indiscriminadamente frutos, flores, alimentos e moedas, a cornucópia produz aqui riqueza distinta. Dispostas simetricamente no ornamento, os cornos ou chifres da abundância expelem aqui luvas, de um lado, e leques, de outro, sugerindo o estabelecimento de uma luvaria no local. 

Com efeito, ali funcionou, já a partir de finais do Séc. XIX, o depósito da empresa fabricante de luvas de pelica Boaventura da Silva & Ferreira, dos comerciantes Manoel Boaventura da Silva e Antonio Joaquim Ferreira, que também estavam estabelecidos no número 65 da Rua do Lavradio. 


12. RUA BUENOS AIRES 189 E 191 
PROJETO DE JOSÉ VALENTIM DA ROCHA, 1909 
PLAST REI 

AUTOR DESCONHECIDO 
BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA 
1909 C.


Por sua índole pacífica e sua obediência, o cordeiro é um dos animais mais identificados com Jesus Cristo na tradição iconográfica cristã. Aqui, ele repousa sobre o Livro das Revelações da Bíblia, marcado com os 7 lacres do Apocalipse. Junto à pata dianteira guarda uma cruz. 

É notável a influência religiosa na ornamentação da moradia comum no Rio de Janeiro. Os proprietários faziam colocar em seus imóveis, quase sempre no frontão, local de maior destaque na fachada, símbolos que remetessem à irmandade religiosa de sua devoção ou simpatia, no intuito de proteger-se a si próprios e também a construção contra eventuais sinistros. No caso em questão, o ornamento está associado à Irmandade de Nossa Senhora da Candelária. 


13. RUA TEÓFILO OTONI 152 
CIATEX FERRAMENTAS DE CORTE LTDA. 

AUTOR DESCONHECIDO 
BAIXO-RELEVO EM ARGAMASSA


A imagem remete ao Agnus Dei, referência a Jesus Cristo (Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo), mas apresenta, neste ornamento em particular, um acabamento incomum e curioso. O animal, longe de remeter a um singelo cordeiro, tem a cabeça de um burro, sugerindo uma eventual insatisfação entre o artista restaurador e seu contratante, ou ainda revelando total ignorância do primeiro quanto ao simbolismo cristão aí envolvido. 

14. RUA DO SENADO 312

HOMEOPATIA ÁTOMO 

AUTOR DESCONHECIDO 
ESCULTURA EM CIMENTO MODELADO



Do alto do edifício em estilo eclético da Homeopatia Átomo, um grande grifo guarda posição. Por sua condição de guardião protetor de tesouros, a imagem do grifo foi muito explorada pelos arquitetos na ornamentação de fachadas. Animal fantástico com corpo de leão e cabeça e asas de águia, o grifo é também símbolo da dupla natureza de Cristo, a divina e a humana. Nesse sentido deve ser visto o grifo que ornamenta a fachada da Sociedade Beneficente Luso-Brasileira, na Rua do Lavradio 100.