Quinze
anos de abandono
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14 Jul 2012
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As fortificações da Baía de Guanabara tiveram um papel determinante na eleição do
Rio como patrimônio paisagístico da Humanidade, conferido pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A mais imponente
e conhecida delas, a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, foi citada no
relatório da Unesco como "obra impecável da arquitetura colonial militar
luso-brasileira". Mas e as outras? Quais as histórias por trás de nossos fortes
e fortalezas menos conhecidos?
Na
busca por estas respostas, o repórter Emanuel Alencar e o repórter-fotográfico
Custódio Coimbra entraram em contato com um clube de canoagem da Urca,
embarcaram numa canoa havaiana, navegaram por águas agitadas e aportaram no
Forte da Lage - a ortografia antiga foi mantida, segundo o Iphan. Em frente ao
Morro Cara de Cão, a pequena ilha, estrategicamente posicionada na entrada da
Baía, tem uma história pouco conhecida de 290 anos. Está abandonada desde 1997,
quando o Exército deixou de vigiá-la, mas é frequentemente visitada por
pescadores e amantes de esportes náuticos.
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Ficamos impressionados com o cenário desolador do interior da fortificação. Não
poderíamos imaginar que uma construção histórica, que serve de parâmetro para
competições de canoagem e para a navegação, estaria completamente esquecida -
diz Emanuel.
Fanático
por livros de História do Brasil, Custódio matava, naquela manhã de
quarta-feira, sua curiosidade ao desvendar os mistérios da Lage. Não demorou a
subir na cúpula oval da estrutura, onde estão repousados cinco
canhões.
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É inacreditável que um local histórico como a ilha da Lage esteja ruindo com a
maresia. Os canhões, de valor histórico inestimável, vão desabar a qualquer dia
- lamenta Custódio.
A
reportagem e o vídeo sobre o Forte da Lage e os planos do Exército para a ilha
você lê e vê neste domingo, no GLOBO.
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sábado, 14 de julho de 2012
Rio como patrimônio paisagístico da Humanidade . . . PRA INGLÊS VER !
quinta-feira, 12 de julho de 2012
São Elesbão e Santa Efigênia
A região do Saara no Rio de Janeiro, que inclui as ruas Senhor dos Passos e da Alfândega, possui um dos maiores conjuntos de imóveis históricos, cuja construção se situa aproximadamente entre o final do século XIX e o início do seguinte. Verdadeiro coração do comércio popular e legal da cidade, sua origem se estende por séculos, quando a grande área além da rua da Vala (Uruguaiana) era conhecida como Campo ou Várzea da Cidade e depois de São Domingos, sendo ocupada só a partir dos anos 1700.
Naquelas duas ruas principais existem três igrejas que testemunham a antiguidade do local: São Gonçalo Garcia (São Jorge), do Terço e de São Elesbão e Santa Efigênia. É dessa última que falaremos hoje.
A antiga Igreja de São Elesbão e Santa Efigênia, em pleno
coração do Saara
O Campo de São Domingos, mencionado acima, recebeu esse nome a partir do início do século XVIII, quando escravos e libertos ergueram uma capela no descampado chamado de Várzea da Cidade. Ninguém por ali morava, só existindo um caminho que ia dar no Valongo (Saúde). Dedicada a São Domingos de Gusmão, o modesto templo ficava em frente a um cemitério de escravos. Posteriormente convertido em igreja, iria desaparecer em 1942 com a abertura da Av. Presidente Vargas.
Mas a iniciativa dos devotos de São Domingos atrairia outros grupos de escravos com a mesma necessidade por uma casa própria. Um deles era ligado a Santa Efigênia e São Elesbão, e até então celebravam o culto em uma residência. Em 1740 obtiveram permissão para construção de sua igreja. Foi comprado um terreno próximo à Igreja de São Domingos, junto ao antigo caminho de Capueruçu, e as obras começaram em 1747. Em 1754, era inaugurada a capela, e a rua, nesse trecho, passou a ser chamada de Santa Efigênia, com referência ao novo templo.
A igreja tinha bom número de fiéis e continuou com vigor durante o século XIX, mas sofreu duro golpe quando da proclamação da Lei Áurea, pois perdeu grande número de devotos, escravos que contribuíam para o sustento do templo que, após o fim da escravatura, foram para o interior em busca de uma vida melhor, e portanto não mais podiam colaborar. O prédio sofreu grande degradação e foi necessário que a Irmandade de São Elesbão e Santa Ifigênia se desfizesse de vários imóveis para fazer as reformas necessárias à igreja. Esta sobreviveu, foi reinaugurada em 1914 e está presente até hoje, fazendo parte do valioso patrimônio histórico carioca.
Localizada bem no Saara, às vezes é necessária alguma atenção para ser percebida no meio da agitação da rua da Alfândega, mas é válida e sempre será recompensadora uma visita a esse antigo e singular templo.
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