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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Coração do Brasil

28/08/2009 - 20:26
Enviado por: Paulo Pacini
JB
Algumas vezes, na história das nações, certos locais têm a capacidade de concentrar a atenção de todo país, tornando-se uma espécie de modelo em escala reduzida, símbolo ou pelo menos um ponto focal para a nacionalidade, servindo como uma baliza para o que se costuma chamar de identidade cultural.
Na história brasileira, houve um logradouro deste tipo, principalmente durante o século XIX. Os pouco mais de duzentos metros tão célebres pertenceram à rua do Ouvidor, no trecho que vai do Largo de São Francisco até a antiga rua dos Ourives (Miguel Couto), antes da abertura da Av. Central.







A elegante e sofisticada Rua do Ouvidor no Rio de Janeiro de 1900





De nascimento modesto, a conhecida rua nasceu anônimamente ainda no século XVI, nos primeiros tempos da colônia, chamada apenas de "desvio do mar", um caminho que saía da praia que havia onde é a rua Primeiro de Março e se dirigia para o interior. O primeiro nome verdadeiro, ainda nesta época, foi o do então dono das terras, Aleixo Manuel. Mas a partir de 1746 seria rebatizada pela forma pela qual é conhecida até hoje, quando nela passou a residir o Dr. Manuel Amaro Pena de Mesquita Pinto, recém nomeado ouvidor.




Mais uma rua colonial, sofreria sua transformação mais radical após a chegada da côrte, em 1808, e subseqüente abertura dos portos. Um grande número de comerciantes estrangeiros lá se instalou, oferecendo ítens cuja sofisticação era até então desconhecida pelo público local, como tecidos caros, livros, perfumes, lojas de modistas, doces e outros. Para uma colônia sempre isolada do mundo, com mercadorias de péssima qualidade, o início da importação foi um verdadeiro sopro de vida para nossos antepassados, que puderam equiparar seu consumo material e cultural com os de qualquer cidade do mundo.




Com o passar dos anos, a importância da rua do Ouvidor cresceu ainda mais como local da moda, onde se via e onde se era visto. Todas principais figuras do poder a freqüentavam, e não poucas vezes os destinos do país e carreiras foram decididas em conversas nesta passarela do luxo e sofisticação, na qual a elite podia respirar um pouco dos ares parisienses, apesar do calor tropical.




As transformações da paisagem urbana, ocorridas durante o século XX, fizeram com que perdesse seu antigo status, e hoje não existe nenhum logradouro que expresse de forma tão veemente o que a antiga rua do Ouvidor representou, enquanto centro das atenções e talvez até mesmo símbolo de todo um país.