PF recupera fotos históricas furtadas em 2005
Imagens do acervo da Biblioteca Nacional e do Arquivo da Cidade estavam sendo leiloadas em livraria
RIO - Agentes da Polícia Federal apreenderam na sexta-feira fotos do século
XIX que haviam sido furtadas do acervo da Biblioteca Nacional em 2005 e estavam
sendo leiloadas numa livraria de São Cristóvão. Entre as imagens havia algumas
de autoria de Augusto Stahl feitas em Recife e estavam com as identificações de
origem raspadas.
Segundo o delegado Fábio Scliar, a Fundação Biblioteca Nacional acionou a
Polícia Federal após receber denúncia de um colecionador. Os técnicos realizaram
uma vistoria nos lotes que seriam vendidos na sexta-feira e neste sábado pela
Babel Livros e encontraram, segundo Scliar, 19 imagens furtadas entre as 800
obras: 15 delas pertenciam à Biblioteca Nacional e outras quatro ao Arquivo
Geral da Cidade antes do crime. Em 2005, foram levadas da biblioteca mais de 900
fotos.
— Instauramos um inquérito hoje (ontem) mesmo. Vamos ouvir representantes da
livraria, porque esta não foi a primeira vez que flagramos itens furtados sendo
leiloados lá. Já houve uma outra apreensão no local antes — disse Scliar.
A advogada Graziele Cardoso, que defende a Babel Livros, explicou que a
empresa recebe as obras em consignação. Segundo ela, a livraria divulga os itens
que leiloa num catálogo, que é encaminhado ao Instituto de Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan) e à Biblioteca Nacional. Além disso, as peças ficam
expostas ao público antes do leilão. No caso das 800 obras que estavam sendo
leiloadas ontem e hoje, o material ficou à mostra dos interessados de 4 a 9 de
agosto.
— É preciso esclarecer que a Babel Livros e o leiloeiro Raul Barbosa são
meros organizadores. A Babel também faz a verificação de todas as obras que vão
a leilão, mas essas quadrilhas se especializam. Nós somos vítimas também — disse
a advogada.
Graziele Cardoso contou ainda que as imagens apreendidas pela PF foram
deixadas em consignação na Babel por duas pessoas. Os nomes, segundo ela, ainda
não foram revelados à polícia.
Scliar disse que as imagens já foram reconhecidas e serão devolvidas aos
acervos nos próximos dias. Ele acusa Laessio Rodrigues, preso no Complexo
Penitenciário de Bangu, de estar por trás do furto:
— Esse grupo criminoso atua em todo o território nacional. Integrantes se
infiltram em bibliotecas e museus, seduzem funcionários e, aos poucos, furtam
itens de valor histórico. As instituições só notam a falta de parte do acervo
algum tempo depois. Ficou evidente que Laessio Rodrigues continua comandando a
quadrilha mesmo preso, ligando ou enviando cartas aos comparsas.
Por pouco os itens recuperados não foram vendidos. Segundo Scliar, parte do
acervo seria leiloada às 18h de ontem. As fotos apreendidas estão na sede da
PF.
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