Âncoras centenárias são encontradas fincadas na Praça Mauá
Peças, provavelmente do século XIX, também são achadas nas escavações das obras de revitalização da Zona Portuária
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RIO - Em obras desde o ano passado, a região da Zona Portuária não para de
revelar preciosidades do passado da cidade. As últimas peças encontradas por
operários do projeto Porto Maravilha foram três âncoras, medindo entre 3,5 e 4,3
metros, que estavam no subsolo da Praça Mauá e, de acordo com as primeiras
avaliações, datam do século XIX. Achadas em abril, as âncoras ainda não tinham
sido exibidas ao público.
Segundo a chefe do programa de arqueologia do Consórcio Porto Novo, Erika
Gonzalez, as âncoras, juntamente com um canhão do século XVIII e três balas de
canhão da mesma época, foram os achados mais significativos recolhidos por sua
equipe até o momento. Ao longo dos trabalhos, já foram encontradas centenas de
peças, a maioria dos séculos XVIII e XIX. Um garimpo que, somente no que diz
respeito à área pesquisada pela equipe do consórcio responsável pelas
escavações, compreende cerca de cinco milhões de metros quadrados na região do
porto.
— Já encontramos moedas, cerâmica, faiança, vidros, ossos de animais e muito
material ligado ao cotidiano do século XIX e algumas coisas do século XVIII.
Podemos dizer que temos um Rio de Janeiro enterrado — conta Erika Gonzalez.
O trabalho de arqueologia na região foi divido em duas etapas. Na primeira,
durante obras de infraestrutura da Secretaria municipal de Obras, a equipe é
chefiada pela doutora Tânia Lima Andrade, coordenadora do Programa de
Pós-Graduação em Arqueologia da UFRJ. Iniciada em janeiro do ano passado, essa
fase, que abrange cinco quarteirões — a Rua Barão de Tefé e parte da Sacadura
Cabral e a Avenida Venezuela, além do Morro da Conceição e a Avenida Rodrigues
Alves —, deve ser concluída até julho. Na fase dois, as sondagens arqueológicas
são coordenadas pela equipe de Érika do Consórcio Porto Novo, que tem a missão
de vasculhar 57 quilômetros de via pelos próximos quatro anos.
Nos últimos meses foram realizadas outras descobertas arqueológicas na área
das obras. No início de maio foi achada a pedra fundamental da "Docas D. Pedro
II", lavrada em 15/9/1871 pelo Engenheiro André Rebouças. Quatro canhões já
foram descobertos pelos pesquisadores que acompanham as escavações. O mais
recente foi encontrado no fim de fevereiro. Equipes especializadas da Gerência
de Monumentos e Chafarizes fizeram a retirada e o transporte do canhão, que tem
1,50 metro de comprimento e data do início do século
XVII.
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