Novo vazamento de água na Biblioteca Nacional atinge setor de manuscritos
órgão agora admite danos que teriam sido causados por último problema no sistema de ar condicionado
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RIO - Pela terceira vez em um mês, o sistema de refrigeração da Biblioteca
Nacional mostrou os riscos atuais para seu acervo, de cerca de nove milhões de
itens. Na quarta-feira, o sistema de ar condicionado de sua sede, no Centro,
voltou a apresentar defeito, provocando novo vazamento de água, desta vez no
setor de manuscritos. Como ocorreu no horário de expediente, o problema foi
rapidamente contornado e as obras não foram atingidas. Mas o incidente fez com
que a direção desligasse na sexta-feira o sistema, para que seja feito um laudo
técnico. Quem for neste sábado à biblioteca para consultar livro ou jornal está
sujeito ao calor da temperatura ambiente.
Novamente, o vazamento não foi informado ao público. Na semana
passada, uma falha no ar condicionado já havia provocado inundação em quatro
andares do setor de periódicos da sede da biblioteca. Num primeiro momento,
o caso foi minimizado, com os responsáveis afirmando que se tratava apenas de
“jornais entre 2010 e 2012”. Não era verdade. A água atingiu coleções da
primeira metade do século XX, como um exemplar da “Revista Infantil”, publicada
em 1939, e volumes encadernados do antigo “Jornal de Notícias”, que circulou no
Rio há cerca de cem anos. Um vídeo inédito, feito por uma pessoa que esteve no
local na manhã da inundação, mostrou como a água percorrera os corredores e como
funcionários trabalharam para tentar evitar estrago maior.
Um relatório está sendo elaborado e deve ser finalizado na próxima semana. A
biblioteca informou ontem que foram molhados 2.042 jornais e revistas. Desses,
1.699 já foram devolvidos ao acervo para consulta. O restante ainda está em
processo de secagem e higienização, devendo retornar ao acervo na próxima
semana. Trinta fascículos de revistas de variedades, publicadas nos últimos dez
anos, porém, ainda estão em análise no Centro de Conservação, pois tiveram as
páginas coladas pela água. As folhas são separadas por técnicos, mas há o risco
de que o dano seja permanente e que precisem ser substituídas.
O problema não era novo. No início de abril, também por defeito do sistema de
refrigeração, a hemeroteca (setor onde ficam coleções de jornais, revistas,
periódicos e obras em série) do prédio anexo da Biblioteca Nacional, na Praça
Mauá, ficou alagada, atingindo mais de 40 coleções, como exemplares do antigo
“Deutsche Volksblatt”, periódico editado no Rio Grande do Sul entre 1871 e
1960.
Os constantes vazamentos preocupam funcionários e usuários quanto à
conservação do acervo, o maior da América Latina e um dos dez maiores do mundo.
Segundo a direção da Biblioteca Nacional, um estudo está sendo feito para que os
aparelhos de refrigeração, adquiridos na década de 90, sejam trocados e para que
obras estruturais na sede e no anexo. Enquanto isso, são realizados paliativos.
A nota divulgada pela instituição sobre o desligamento do ar condicionado diz
que o laudo técnico deverá ser entregue até 21 de maio.
Por ora, não ha refrigeração, com exceção dos laboratórios de preservação e
digitalização, auditório, salas de exposição e sala cofre. Nas salas de
armazenamento de periódicos e de obras gerais, as janelas são abertas durante o
dia. Ainda não há prazo para a refrigeração voltar a funcionar.
Esta reportagem foi publicada no vespertino para tablet O Globo a
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