Rio
Palácio Guanabara passa por quinta reforma e está ficando um brinco
O Palácio 'envelopado' Foto: Divulgação
José Luiz de Pinho, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Quem passa pela Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, se espanta ao ver o Palácio Guanabara totalmente descaracterizado. A impressão é de que ele foi ensacado. Coberto por andaimes, tapumes e telas de proteção, a imponente construção do século 19 está recebendo um choque de beleza.
Um turista desavisado que vem pela primeira vez ao Rio jamais definiria o prédio como um palácio. Mas o candidato ao governo do Rio que vencer as eleições deste ano, não terá do que se queixar.
– A restauração do Palácio Guanabara simboliza a recuperação das instituições do Estado – define o secretário estadual da Casa Civil, Arthur Bastos. – Quando chegamos, em 2007, ele estava degradado, daí a necessidade de uma grande reforma.
A partir de fevereiro de 2011, o chefe executivo estadual despachará num palácio novinho em folha. O projeto de restauração, aprovado pela Secretaria Estadual de Cultura, está orçado em cerca de R$ 9 milhões, divididos em três cotas de aproximadamente R$ 3 milhões cada.
Duas cotas já garantidas vieram das empresas Light e Embratel. O governo agora busca a captação da terceira cota. As empresas patrocinadoras terão, em contrapartida, a oportunidade de investimentos através de leis de incentivo fiscal.
A recauchutagem do palácio começou em setembro. Até o próximo mês de fevereiro, o atual governador, Sérgio Cabral, vai despachar no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do Executivo estadual.
Construído no século 19, o palácio passa pela sua quinta reforma. A última geral aconteceu em 1987, e a prioridade foi o interior do prédio principal.
Desde então, além da pintura da fachada, das esquadrias de madeira e das paredes internas, apenas pequenas obras de manutenção e reparo foram feitas, de forma paliativa.
– Por ser um local de trabalho, o Palácio foi modificado ao longo do tempo e acabou desfigurado – entende Arthur Bastos. – É a originalidade do prédio que estamos resgatando com a recuperação.
Há controvérsias
Mas nem todo mundo que passa em frente ao palácio fica satisfeito ao ver a imensidão da obra.
– Em vez de gastar R$ 9 milhões nessa reforma, o Estado deveria investir o dinheiro público, do contribuinte, em saúde, ensino e outras prioridades – criticou o advogado Sérgio Fischer. – Nós é que estamos pagando isso.
Portadores de necessidades terão acessos exclusivos
Inaugurado em 1929, pelo então presidente Washington Luiz, o Palácio Guanabara terá entre as melhorias previstas, uma mais do que significativa: a adaptação de seus acessos aos portadores de necessidades especiais. Mas a intervenção inclui também a troca de todas as instalações elétricas e hidráulicas, além da restauração geral dos telhados, pisos e paredes.
Engenheiros e técnicos responsáveis pela reforma detectaram a necessidade de outras melhorias no palácio que sedia o governo do Rio.
As paredes, erguidas no século 19 com pedra de mão e argamassa à base de óleo de baleia, sofreram um processo contínuo de deterioração de seu revestimento e precisam de reparos.
As cúpulas metálicas das rotundas (entradas laterais do palácio), de procedência francesa, apresentam acentuado grau de desgaste. Desde a sua construção, tinham passado apenas por reparos pontuais.
Outra carência estava no sistema de ar condicionado. Instalados abaixo das janelas, os aparelhos causaram estragos nos revestimentos das fachadas, como infiltrações, dando um péssimo aspecto visual.
Como alternativa para eliminar o problema, será instalado um sistema de ar condicionado central.
Os jardins do palácio também são alvo da reforma, já que tiveram sua última restauração em 1920. Além dos jardins, serão reformados chafarizes, esculturas, o paisagismo, a iluminação e o mirante do palácio.
Da nobreza a Getúlio, hóspedes ilustres
A primeira grande reforma feita na área do Palácio Guanabara aconteceu em 1865. O prédio ganhou um estilo neoclássico para ser a residência oficial de um casal da nobreza brasileira: a Princesa Isabel e o Conde d’Eu.
Localizado na antiga Rua Guanabana, hoje Rua Pinheiro Machado, foi construído, em 10 anos – de 1853 a 1863 –, pelo português José Machado Coelho, sendo residência particular até 1860.
Na época, o acesso ao palácio era pela Rua Paissandu, que ganhou uma centena de palmeiras imperiais. O prédio pertenceu aos príncipes até a proclamação da República, em 1889, ano em que foi confiscado pelo governo militar e passou a ser patrimônio da União.
O palácio foi utilizado pelo presidente Getúlio Vargas como residência oficial durante o Estado Novo (1937-1945). A partir de 1946, foi sede da Prefeitura do Distrito Federal até 1960, ano da criação do Estado da Guanabara.
Deixou de ser a residência oficial, quando esta retornou para o Palácio do Catete e foi, mais tarde, transferida para o Palácio Laranjeiras, a dois quarteirões de distância.
O palácio foi doado ao governo do estado da Guanabara pelo presidente Ernesto Geisel (1974-1979). Desde a fusão é sede do governo do estado, transferida do Palácio do Ingá em Niterói.
Mas a residência oficial do governador é o Palácio Laranjeiras, que fica no mesmo bairro.
21:08 - 30/07/2010
Um comentário:
Belissimo post sobre o palacio Guanabara. A Princesa Isabel e toda a importancia que tem na Historia do Brasil merece que sua casa seja restaurada e desta forma seja um testemunho vivo de uma epoca aurea de nosso pais. Do Solar Santa Rita de Cassia, Quarai-RS.
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