FALE COM OS MONARQUISTAS !

FAÇA PARTE DO NOSSO GRUPO NO YAHOO

Inscreva-se em DMB1890
Powered by br.groups.yahoo.com

quinta-feira, 29 de julho de 2010

D. PEDRO I - UM IMPERADOR BOM DE GARFO !



Um imperador bom de garfo

Um moço simpático chegou à porta da cozinha da fazenda e pediu um prato de comida.

Quando o viu, o coronel joão Ferreira levou um susto: o moço era d. Pedro I


O Estado de S.Paulo

O primeiro imperador do Brasil, d. Pedro I, foi descrito pelo historiador Pedro Calmon, no livro O Rei Cavaleiro (Edição Saraiva, São Paulo, 1941), como um jovem másculo e corado, tendo os lábios grossos do pai, D. João VI, os olhos vivos da mãe, d. Carlota Joaquina, e o braço robusto capaz de "derrubar touros no picadeiro".





Outros autores destacam seu temperamento instável, que alternava acessos de extrema violência e profundo arrependimento, o caráter aventureiro e possessivo, o exacerbado romantismo, o interesse compulsivo pelas mulheres, a habilidade em montar e a inspiração musical que o fez compor o Hino da Independência e uma ouverture em mi bemol maior apresentada em Paris pelo italiano Gioacchino Rossini.





Tudo isso é verdade. Mas nem sempre lembramos que D. Pedro também era bom de garfo e copo. Afortunadamente, não precisava cuidar da dieta, pois não herdou do pai glutão a propensão à obesidade. Grande admirador da França, apreciava a cozinha daquele país e tudo o que viesse de lá. "Seu ídolo era Napoleão, aquele mesmo (....) que humilhou os reis de Portugal e da Espanha, seus pais e avós de ambos os lados", espanta-se a escritora gastronômica Maria Antónia Goes no livro Brasil na Hora de Temperar (Colares Editora, Sintra, Portugal, 2008). Tanto que teve no Rio de Janeiro um cozinheiro francês. Chamava-se François Pascal Boyer.

Nascido em Marselha, foi contratado pela imperatriz d. Maria Leopoldina, primeira mulher de d. Pedro I, senhora de bom gosto e elevada cultura, filha do imperador Francisco I da Áustria. O chef estrangeiro, nascido em Marselha, trabalhou para o casal de 31 de maio de 1825 a 26 de novembro de 1826.





Mas o requinte gastronômico de d. Pedro I estava limitado à mesa da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, onde morou com d. Maria Leopoldina a partir de 1817, reclamando dos gastos da cozinha. Paradoxalmente, achava que a mulher e Boyer exageravam na quantidade dos alimentos.

Quando viajava para outros lugares, comia de tudo. Até porque, segundo o biógrafo Octávio Tarquinio de Sousa, no livro A Vida de d. Pedro I (3 volumes, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1972), nosso primeiro imperador "tinha hábitos de extrema simplicidade, destoantes por vezes de sua condição de rei".

Em agosto de 1922, antes de partir para São Paulo e empreender a cavalo a viagem durante a qual proclamaria a Independência do Brasil, mostrou a disposição espartana. Prometeu enfrentar de peito aberto o árduo caminho de montanhas, matas fechadas, rios e riachos.

"Dormirei sobre uma esteira e farei de travesseiro uma canastra", declarou. "Alimentar-me-ei de feijão e, à falta de pão, não desdenharei a farinha de mandioca."





Nessa expedição, saboreou uma das manifestações inaugurais da cozinha brasileira. A 17 de agosto, esperava-o um jantar na Fazenda Pau d'Alho, pertencente ao coronel João Ferreira de Souza e situada em São José do Barreiro, no Vale do Paraíba.

Esmerando-se na recepção, o proprietário acordou de madrugada e, acompanhado do filho Francisco, galopou para encontrar o então príncipe d. Pedro, na entrada de seus domínios.

"Na Pau d''Alho, Maria Rosa de Jesus (a dona da casa) cuida dos últimos retoques", relata a professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro, no livro Na trilha da Independência (Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro, 1972). "Na cozinha, as mucamas de um lado para outro; na travessa azul, imensa, o leitão dourado e cheiroso, com um limão na boca, atrapalhando-lhe o sorriso; em outras, guisados, frangos, virado, arroz."

A tradição vale-paraibana conta que um dos pratos encantou o futuro imperador: o frangão à moda dos Moreiras. O desfecho do jantar foi divertido.

De repente, apareceu na porta da cozinha um moço simpático. Disse pertencer à comitiva real. Explicou que se adiantara porque sentia fome. Pediu um prato de comida e, como a mesa principal aguardava o homenageado, saboreou-o em outra singela. Pouco depois, chegou o coronel João Ferreira e levou um susto. O moço simpático era d. Pedro.





Mas, sempre que possível, o primeiro imperador do Brasil viajava com garrafas dos melhores vinhos tintos franceses, procedentes de Bordeaux. Isso aconteceu na ida à Bahia, em fevereiro de 1826, que demorou 25 dias.

Acompanharam-no d. Maria Leopoldina, d. Maria da Glória, filha mais velha do casal e futura rainha de Portugal, e cerca de 200 pessoas, entre as quais Domitila de Castro Canto e Melo, a poderosa amante de d. Pedro I, a quem ele fez primeira e única marquesa de Santos.

A comitiva embarcou em esquadra formada pela nau Pedro I, fragatas Piranga, Paraguaçu e Aretusa. Só na embarcação do imperador, que transportava 82 passageiros, foram quatro caixas de vinho Château Margaux e seis de Château Larose. Tarquinio de Sousa se espantou com o volume de gêneros.

Além dos vinhos, o porão da nau Pedro I levou 800 galinhas, 300 frangos, 200 marrecos, 20 perus, 50 pombos, 260 dúzias de ovos, 30 carneiros, 6 cabras de leite, 15 leitões, 1.000 laranjas, 600 limões, 600 limas, 36 queijos flamengos, 93 queijos de Minas, bem como muito café, chá, chocolate, geléias, conservas inglesas, biscoitos, bolachas e passas. Todos beberam e comeram até se fartar, inclusive o imperador.












Receita







Frangão à moda dos Moreiras



Ingredientes







1 frango caipira grande





Suco de 3 limões





½ xícara (chá) de gordura de porco





1 colher (sopa) de sementes de urucum (ou colorau)





2 dentes de alho socados





1 maço de cheiro-verde picado





Farinha de milho (fubá) para esfregar no frango





Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto







Preparo







Limpe o frango, corte-o pelas juntas e coloque-o de molho em água com o suco de limão, por no mínimo meia hora. Retire-o e esfregue-o com a farinha de milho para limpá-lo. Passe em água corrente e escorra. Numa panela de ferro, frite as sementes de urucum na gordura quente. Junte o frango e doure-o de todos os lados. Tempere com o alho, o sal, a pimenta e misture bem. Cozinhe em fogo brando, pingando água aos poucos, para não secar. No final do cozimento, coloque o cheiro-verde.



Um comentário:

Dirce maria Corrêa de Souza disse...

Que alegria ler a historia de D. Pedro I.Gostei da receita do frango.