Iphan analisa tombamento de centro hípico
RIO - Para o historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti, professor da UFF e
integrante do movimento pelo tombamento do espaço, o alagamento pode acelerar o
fim do Centro Hípico, que deu origem à prática do hipismo no Brasil e sediou a
primeira cocheira de veterinária do país. Na área, o Exército inaugurou o
primeiro quartel de cavalaria no Rio de Janeiro, cujo prédio está abandonado. As
cavalariças são do início do século XX, mas ficaram conhecidas como cocheiras
imperiais. Na época do Império, a área integrava a Quinta da Boa Vista e servia
como criatório dos animais da Corte.
Na década de 30, as instalações foram separadas da Quinta da Boa Vista com a
construção do Viaduto de São Cristóvão e da Rua Bartolomeu de Gusmão. Como
informou o Iphan, as estruturas que ficaram fora da antiga propriedade da
família real não são tombadas.
— A construção maior, o picadeiro, é lindíssima, embora seja uma construção
do início do século XX. Só ela já justifica o tombamento — afirma Nireu,
acrescentando que o antigo prédio do quartel é um exemplo de arquitetura militar
de época que também deveria ser tombado.
O historiador lembra que a Quinta da Boa Vista, que foi residência da
monarquia no Brasil, foi perdendo espaço ao longo dos anos após a Proclamação da
República. Nos cálculos do professor, dois terços da antiga propriedade deixaram
de integrar o antigo complexo da família real:
— É algo inadmissível que, em 2012, a prefeitura do Rio queira destruir mais
uma parte da Quinta da Boa Vista.
Ele é autor de um dossiê sobre as cocheiras imperiais entregue ao Iphan. O
instituto estuda a possibilidade de preservação do complexo, que, conforme uma
análise preliminar, está descaracterizado em relação às plantas originais, com
exceção do picadeiro. Na Câmara de Vereadores, tramita desde o ano passado um
projeto de lei, de autoria do vereador Carlo Caiado (DEM), que tomba por
interesse histórico o Centro Hípico do Exército.
De acordo com a proposta, em 1911 foi fundado no terreno o Club Sportivo de
Equitação, que depois daria lugar ao Centro Hípico do Exército.
— Estão repetindo erros em nome de fazer obras para eventos. Derrubamos o
Morro do Castelo pra festejar o Centenário da Independência. Tem que se parar
com essa irresponsabilidade — ressalta o historiador.
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