JB
Em 1856, um modesto rapaz finalmente conseguia seu primeiro emprego, de auxiliar de tipógrafo, em uma instituição que, apesar existir há poucas décadas, tinha destacada importância.
O recém-empregado era ninguém menos que Machado de Assis, iniciando a vida profissional nas oficinas da Impressão Régia, antecessora da atual Imprensa Nacional.
A história deste órgão inicia com a fuga de D. João e a côrte portuguesa para o Brasil, em 1808, que fez uma encomenda de material tipográfico na Inglaterra ter o endereço de entrega mudado de Lisboa para o Rio de Janeiro.
Antes desses acontecimentos, a Coroa portuguesa impediu qualquer tentativa de estabelecimento de uma imprensa em terras brasileiras, como quando o governador Gomes Freire instalou uma tipografia, destruída a seguir por ordens reais.
O belo prédio no Largo da Carioca, destruído durante o Estado Novo
A primeira sede da Impressão Régia localizou-se no pavimento térreo da casa do Conde da Barca, na rua do Passeio 44, transferindo-se a seguir para rua dos Barbonos (Evaristo da Veiga).
Em 1831 estava na Academia de Artes, na av. Passos (demolida), depois na câmara dos deputados, na Misericórdia, para finalmente chegar em 1860 à rua da Guarda Velha (Treze de Maio), no atual Largo da Carioca.
Depois da peregrinação por vários endereços alheios, uma sede própria, enfim.O prédio, contudo, era bastante precário, e, em 1874, o Visconde do Rio Branco, Ministro da Fazenda, ordenou a construção de novas instalações no mesmo local.
Em 1877 era inaugurado o edifício em estilo gótico, projeto de Paula Freitas, tornando-se o mais recente adorno do antigo Largo da Carioca. Situado próximo ao Chafariz (Largo da Carioca nº1), e antes do Teatro Lírico, mais próximo à atual Almirante Barroso, e em frente ao Liceu de Artes e Ofícios, do outro lado da rua, o majestoso prédio foi durante muitas décadas uma referência no Largo.
Um violento incêndio em 1911 fez com que parte do equipamento se dispersasse em outras repartições, mas a sede continuou no mesmo local até os anos 1940, quando foi demolida pelos geniais reformadores urbanos de então, que transformaram o Largo da Carioca em um grande terreno baldio, usado como estacionamento por décadas.
A Imprensa Nacional continuou suas atividades na av. Rodrigues Alves, transferindo-se a seguir para Brasília, em 1960. Mas o belo prédio no Largo da Carioca, que ainda poderia existir, deixou uma marca indelével na história visual do Rio antigo.
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