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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A RUA NOVA DO CONDE


12/01/2010 - 11:04 Enviado por: Paulo Pacini

Ao chegar ao Rio no século XVI com os primeiros colonizadores, os jesuítas empregaram seu talento e conhecimentos não só na assistência espiritual, mas também e eficazmente no plano material, ao construir templos e seu colégio no Morro do Castelo.
Além disso, possuíam fazendas, onde se dedicavam ao cultivo da cana e outras culturas, sendo que uma das maiores abrangia parte da zona norte, indo do Engenho Velho, onde está a Igreja de S. Francisco Xavier, até perto da Baixada Fluminense.
Este núcleo agrícola foi o germe da ocupação posterior, gerando a necessidade de comunicação por terra com a cidade, na região central.
As condições do terreno limitavam o acesso, em sua maior parte constituído por pântanos e brejos.
Os dois primeiros caminhos, do século XVII, contornavam os obstáculos, sendo que um deles, aberto acima dos charcos, foi chamado de Caminho para o Engenho dos Padres (Rua do Riachuelo), e o outro, um prolongamento da atual Rua da Alfândega, passava por trechos menos alagados.
Este último era o Caminho de Capueruçu, nome indígena da Lagoa da Sentinela, situada perto do encontro das atuais ruas do Riachuelo, Frei Caneca e Santana, onde as antigas veredas se uniam, seguindo rumo norte.
Por duzentos anos foram as únicas vias existentes.


Frei Caneca, antiga Rua Nova do Conde no início do século XX


Em 1765, o vice-rei Conde da Cunha abre nova rua, um prolongamento da Rua do Piolho (Carioca) até a Lagoa da Sentinela.


Chamada inicialmente de Rua Nova do Conde da Cunha, seria desdobrada em duas no século XIX, ficando o trecho entre a Praça Tiradentes e o Campo de Santana conhecido como rua Visconde do Rio Branco a partir de 1871.


Do Campo até a então drenada Lagoa da Sentinela, mudaria seu nome para Frei Caneca em 1890, em homenagem a um dos líderes da revolta da Confederação do Equador, morto no Recife em 1825.


Recém-aberta e ocupada com novas casas, foi presenteada em 1786 com o Chafariz do Lagarto, obra do genial Mestre Valentim, ainda existente.


Em 1809, sob D. João VI, inaugurava-se mais um chafariz nesta rua, o do Catumbi, que também chegou até nós, apesar de depredado.


Dois monumentos de grande destaque, merecedores de um tratamento mais digno que o atual abandono.


Valorizada no século XIX, sediou a Biblioteca Municipal, de 1874, além de alguns palacetes, como o do Barão de Bela Vista e do Duque de Saxe, marido da princesa D. Leopoldina, mas ficaria mais conhecida pela nova cadeia, perto do Estácio, construída em 1835 e embrião do atual presídio.


No século seguinte a rua passaria a ter um caráter mais comercial, tornando-se ponto de referência no comércio de madeiras, como é até hoje em dia.


Mas seu prédio de maior fama é sem dúvida aquele da Gafieira Elite, nascida em 1930 como Dancing Elite Club, situada na esquina do Campo de Santana em uma casa que originalmente foi residência do Duque de Caxias.


Esta verdadeira instituição do Rio de Janeiro e de sua música popular está na porta de entrada da antiga rua, assinalando um patrimônio histórico de valor, felizmente preservado em grande parte.

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