FALE COM OS MONARQUISTAS !

FAÇA PARTE DO NOSSO GRUPO NO YAHOO

Inscreva-se em DMB1890
Powered by br.groups.yahoo.com

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O HOTEL AVENIDA



17/05/2010 - 06:02 Enviado por: Paulo Pacini


Foi destaque no recente noticiário a divulgação do projeto de reurbanização do centro feito pela prefeitura, no qual a avenida Rio Branco seria fechada ao trânsito e convertida em área de pedestres.


Em muito do que foi escrito, freqüentemente são evocadas imagens de uma "era de ouro" perdida, entre a inauguração em 1905 e o final da Segunda Guerra, quando a avalanche rodoviária e a febre dos espigões apagaram os traços remanescentes do período inicial.


Dos primeiros prédios, um foi particularmente importante e representativo da história local.


Inaugurado em 1911, o Hotel Avenida se transformaria no ponto focal da nova via, catalisando a transformação de hábitos e costumes no centro durante a primeira metade do século XX.



Hotel Avenida, ícone de uma era de vida efêmera


Construído pela Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, era o ponto de retorno dos bondes da Zona Sul, embarcando os passageiros rumo aos bairros.


Além dos 220 quartos do hotel, em seu térreo ficava a Galeria Cruzeiro, dois corredores se cruzando em um pátio interior, adornado inicialmente por uma fonte.


Construção de gosto apurado, abrigou lojas famosas e introdutoras de modismos, além de vários restaurantes.


Durante o carnaval, se tornava um dos principais pontos de aglutinação, recebendo foliões que chegavam nos bondes à procura dos bares, onde a festa continuava.


Apesar da importância e significado para várias gerações de cariocas, nada o salvou da destruição, sendo demolido em 1957 e substituído pelo edifício Avenida Central, um simples centro comercial.


Ícone da avenida, obra que seus criadores esperavam durar cem anos, desapareceria em pouco mais de três décadas, assim como a maioria do conjunto arquitetônico de sua época, fato que deve ser considerado em uma reflexão sobre as transformações anunciadas.


A construção da avenida Rio Branco representou, do ponto de vista econômico, a ocupação desta parte da cidade pelo grande capital, expulsando os donos legítimos com indenizações irrisórias para a seguir vender os terrenos a preços altíssimos.


Os mesmos grupos determinaram a legislação sobre o gabarito local, levando aos arranha-céus e à destruição do conjunto original.


Em Paris, modelo a partir do qual foi decalcada a avenida, leis rígidas preservam até hoje a reforma efetuada no século XIX.


No que foi proposto, é lícito também indagarmos sobre a influência desse mesmo poder no futuro destino da obra, ao determinar medidas políticas que lhes sejam favoráveis pela sua pressão sobre o processo legislativo, e até mesmo junto ao executivo, provavelmente contrapondo-se aos interesses da maioria.


Iniciativas desta ordem terão sempre uma melhor chance de sucesso na medida em que todos interesses estiverem representados, incluindo os da comunidade, totalmente ignorados no passado, e sua realização resultar de um consenso entre as partes.


A história mostra que a imposição autoritária de mudanças produz resultados de duração efêmera, e que os benefícios, por melhores que sejam, acabam se perdendo ao longo do tempo.

Nenhum comentário: