Monumento esquecido
Chafariz do Lagarto, projetado por Mestre Valentim, está abandonado na Cidade Nova
Publicada em 20/09/2010 às 23h37m
O Globo
RIO - Uma obra singela, mas de grande importância artística e histórica para o Rio, jaz esquecida no encontro das ruas Frei Caneca e Salvador de Sá, próximo ao Sambódromo, na Cidade Nova.
Responsável por abastecer o Catumbi no período colonial, o Chafariz do Lagarto, projetado por Mestre Valentim no século XVIII, hoje mal é percebido por quem passa pela área.
Como mostra reportagem de Ludmilla de Lima, na edição do GLOBO desta terça-feira, a sujeira tomou conta do monumento, usado como banheiro público e lixeira.
O lagarto de ferro - que não é o original de bronze, roubado no passado - está sem uma parte do rabo.
E, na última terça-feira, alguém deixou um cigarro na boca da escultura, por onde a água para a população jorrava antigamente.
Moradores de rua e viciados invadem o monumento
A inscrição em latim "Ao sedento povo, o Senado deu água em abundância, no ano de 1786", que ficava em um medalhão, está coberta por camadas de tinta branca.
Nas suas paredes descascadas, só se lê a sigla de uma facção criminosa. Atrás do chafariz há uma casa, onde morava uma família.
Hoje, a porta é trancada, mas a vizinhança conta que vê, com frequência, moradores de rua e usuários de drogas pulando o muro do monumento.
A descaracterização do bairro ao longo dos séculos também interferiu na fonte, que ficou isolada na paisagem.
O cenário é desolador, mas o Chafariz do Lagarto é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938.
O Iphan afirma que cabe à prefeitura a conservação de todos os chafarizes da cidade, mesmo que sejam da União.
Já a Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos garante que a responsabilidade, neste caso, é da União.
O órgão do município, no entanto, estuda uma parceria com o governo federal e a Cedae para religar o chafariz no ano que vem.
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