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quarta-feira, 21 de março de 2012

AVENIDA GOMES FREIRE



Avenida Gomes Freire

Escrito por Paulo Pacini   
Qua, 21 de Março de 2012 12:09
É prática comum, tanto aqui quanto noutras cidades, homenagear personagens do passado atribuindo seu nome a ruas e outros logradouros, como praças, largos, etc. Isso muitas vezes ocorre de forma arbitrária, eliminando a expressão popular baseada em longa tradição local, cortando os vínculos com a história e mutilando assim a memória coletiva. Em alguns momentos, contudo, a lembrança é mais que justa, sobretudo quando até então não se havia recompensado um grande vulto. Foi o caso da rua e posterior avenida Gomes Freire.

 
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Avenida Gomes Freire nos anos 30, vista da Visconde do rio Branco




Talvez o mais importante dos governadores do período colonial, Gomes Freire de Andrade iniciou seu mandato em 1733, tendo realizado inúmeras obras em favor da cidade de sua adoção. É mais conhecido por ter construído os Arcos da Carioca, em substituição aos antigos, que se encontravam em estado precário, mas também efetuou a reconstrução de todo aqueduto, desde sua captação na serra do Corcovado. O Paço dos Governadores, posteriormente Imperial, também é iniciativa sua, auxiliado pela perícia de seu engenheiro, o Brigadeiro Alpoim. Iniciou as obras da nova Sé, que deram origem a Escola Politécnica, prédio onde funciona o Ifics da UFRJ, no Largo de São Francisco, além de trabalhos em fortalezas, abertura de ruas e muito mais. Gomes Freire faleceu em 1763 e foi enterrado no Convento de Santa Teresa, mais uma obra que também havia tornado possível, merecendo por esta razão a gratidão das religiosas reclusas.
 
 O ilustre personagem, contudo, não havia até 1917 recebido a justa homenagem pelos seus trinta anos de serviços em favor do Rio de Janeiro, prestados aliás em uma época assaz difícil. A nova via foi aberta entre a rua do Riachuelo e a Visconde de Rio Branco, em uma área originalmente ocupada por diversas valas, e que foi lentamente drenada. O grande quadrilátero formado pelas ruas do Riachuelo, Inválidos, Lavradio e Visconde do Rio Branco começou a ser conquistado pelo vice-rei Marquês do Lavradio em 1771, abrindo a rua que até hoje leva seu nome. A dos Inválidos foi aberta pelo Conde de Resende 20 anos depois, sendo assim chamada após a construção do asilo dos Inválidos em 1794, para soldados desvalidos ou enfermos. O nome original da rua era São Lourenço, e o asilo ficava em uma chácara onde está hoje um prédio monstruoso que tantos problemas causou aos imóveis da região.
 
 
Mapa de 1796 feito pelo engenheiro Correia Rangel mostrando as diversas valas na região
onde foi aberta a Avenida Gomes Freire




A Avenida Gomes Freire cruzava a Avenida Mem de Sá, aberta durante gestão de Pereira Passos na prefeitura, e seu encontro logo foi chamado de Praça dos Governadores, em lembrança aos ilustres personagens. O local foi posteriormente rebatizado de Praça João Pessoa, iniciativa política totalmente estranha à história local. Seria oportuno e mais que justo que voltasse a ser chamado pelo seu nome original, resgatando à memória coletiva, ainda que de forma modesta, um pouco de sua própria história.

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