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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Rio antigo - O Convento da Ajuda




Paulo Pacini




JB



A Cinelândia foi, durante muito tempo, o centro da vida noturna da cidade, especialmente no tempo da capital federal. Além de cinemas, o teatro de revista floresceu, lançando artistas de sucesso. Mas suas origens, diferentemente do que se imagina, não foram nada mundanas, tendo na verdade uma motivação oposta à fama adquirida no século 20.



No ano de 1705, a coroa portuguesa finalmente concedia a autorização para a instalação do primeiro convento de freiras da cidade, a ser construído no mesmo local onde, desde o século 16, existia a ermida de N.Sª da Ajuda, na atual Cinelândia. Era a vitória final da viúva Cecília Barbalho que, em 1678, decidiu se recolher com suas três filhas e duas meninas. Como não havia nenhuma casa deste tipo na época, ofereceu seus bens a uma instituição que a criasse. A coroa tergiversava, pois preferia que as mulheres se casassem e tivessem filhos, povoando a colônia de tão escassos habitantes.



A construção do convento, contudo, só iniciaria em 1745, sob o comando do Brigadeiro Alpoim. Cinco anos depois, em 1750, seria inaugurado com grandes festejos e a presença do governador Gomes Freire. Dedicado a N.Sª da Conceição da Ajuda, teve como fundadoras quatro freiras da Ordem de Santa Clara, enviadas de Salvador, junto com cinqüenta escravas. A área do convento incluía a igreja de N.Sª da Ajuda, que passou a receber os restos mortais da família real, depois da vinda da côrte.



Com o passar do tempo, as freiras da Ajuda ficaram conhecidas pelos seus dotes culinários, especialmente os doces, encomendados por ocasião dos mais diversos festejos, principalmente no século 19. Mas o convento também teve seu lado sombrio, pois era usado como prisão para filhas desobedientes, que não aceitavam o noivo escolhido, e também para esposas que se rebelavam contra o marido. Nesses tempos, a autoridade do chefe de família em sua casa era absoluta, com o apoio do estado, pelo menos até certa época.



O convento, bela obra dos tempos coloniais, não resistiu às transformações que a cidade sofreu no início do século 20, sendo vendido à Light, que o demoliu em 1911. Nada se construiu então, tendo surgido nossa conhecida Cinelândia só no final dos anos 1920, por obra de Francisco Serrador. Após mais de 160 anos de uma história ligada ao sagrado, iniciava-se a etapa profana do local, que também acabaria passando, como tudo mais, aliás.



Segunda-feira, 27 de Julho de 2009 - 00:00

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