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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

LARGO DE SANTA RITA


11/11/2009 - 09:54 Enviado por: Paulo Pacini

Ao contemplarmos antigas obras arquitetônicas de nosso patrimônio histórico tendemos, de modo inconsciente, a lhes atribuir uma origem nebulosa, em um passado remoto, e como sendo criação de importantes figuras do poder.
Nada poderia estar mais distante da realidade, pois na era colonial o estado investia quase únicamente no que facilitasse a extração e exportação das riquezas para a metrópole.
Restava aos cidadãos todo o resto, e grande parte do que foi legado desta época reflete o esforço de alguns indivíduos que, por motivos diversos, transferiram parte do que possuíam para o conjunto da comunidade.
Assim ocorreu quando Manuel Nascentes Pinto, fidalgo vindo de Portugal no início do século XVIII, comprou uma chácara aos pés do Morro da Conceição, a qual incluía a área da Vala, conduzindo as águas da lagoa que havia no Largo da Carioca até a Prainha (Praça Mauá).
Acontece que o fidalgo e sua esposa, D. Antônia, eram devotos de Santa Rita de Cássia, e, tendo trazido um quadro desta, a entronizavam no dia de sua festa em 22 de maio, abrindo a casa para a veneração pública.
A grande afluência fez com que Manuel Nascentes encomendasse uma imagem da santa e construísse uma igreja às próprias expensas e em seus terrenos, inaugurada em 1721.

Igreja e chafariz no Largo de Santa Rita,

em gravura de Thomas Ewbank (1846)


O novo templo, firmemente estabelecido como local de culto, tornou-se o centro desta região urbana nascente, conquistada ao terreno alagadiço.


A área frontal ficou conhecida como Largo de Santa Rita, sendo a igreja elevada à condição de matriz em 1751, quando foi criada sua paróquia.


O terreno do largo foi utilizado como cemitério dos "pretos novos" por muito tempo. Estes eram em sua maioria escravos recém-chegados da África, falecidos nos depósitos do Valongo.


O Marquês do Lavradio (1769-79) proibiu esta atividade, coibindo o abuso de alguns senhores, que chegaram ao cúmulo de sepultar escravos em covas abertas na via pública.


Décadas após, levantou-se um cruzeiro no local, lembrando os mortos, e, em 1839, inaugurou-se um chafariz, substituído em 1884 por outro de ferro fundido.


A pequena e bela igreja de Santa Rita continua a dominar o pequeno largo, mesmo após as grandes reformas de 1905, na gestão de Pereira Passos.


O simpático local, com três séculos de história e um dos mais agradáveis no Centro, é visita obrigatória a todos que desejem conhecer melhor e ao vivo o passado desta Cidade Maravilhosa.

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