26/01/2010 - 22:54 Enviado por: Paulo Pacini
A história do bairro de Copacabana está ligada, como se sabe, à precoce implantação da infraestrutura de serviços necessários, anterior à plena ocupação do local, com destaque para os meios de transporte.
Em 1892 era inaugurado o serviço de bondes da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico pelo Túnel Velho, construído para tal, fazendo com que a vasta e desolada extensão se incorporasse ao resto da cidade.
À beira-mar, contudo, sua mais famosa rua ainda não fora construída.
A Avenida Atlântica, tida como parte indissociável de Copacabana, talvez só existisse na mente de algum incorporador, sonhando com obras e investimentos futuros.
Havia apenas a faixa onde a terra se encontra com a areia, fustigada pelas ondas de um mar desinteressante, pois quase ninguém pensava nele entrar.
Muitas das primeiras casas tinham os fundos voltados para a praia e entrada pela Av. Copacabana.
Avenida Atlântica em 1936, já famosa no mundo inteiro
Tudo mudaria em 1906, quando surge a avenida, integrando-se ao recente acesso pelo Túnel Novo, inaugurado no ano anterior.
Iniciativa do prefeito Pereira Passos, que, através de várias obras na orla, como a Av. Beira Mar e a urbanização da Praia de Botafogo, criou um novo caminho onde podiam ser contempladas algumas das mais belas paisagens da cidade.
A nova avenida definiu a aparência e a tônica do bairro, daí em diante constituindo-se como seu centro de gravidade.
Mas nem tudo foi fácil, pois o mar castigava a pequena via, que, com apenas seis metros de largura, e quase sem nenhuma proteção, sucumbia periódicamente ao castigo das ondas.
A ressaca de janeiro de 1919 foi mais violenta, e, tendo a destruição chegado quase até as casas, fez-se necessária uma completa reconstrução, concluída nesse mesmo ano, com pista duplicada e iluminação central, que formava o famoso colar de pérolas de luzes à noite.
Em 1923 surgia seu prédio mais famoso, o Hotel Copacabana Palace, que não só se transformou em ícone do bairro como também estimulou a febre por novas obras, instituindo o prédio de apartamentos como construção preferencial, em substituição às casas pioneiras.
Um ano antes da inauguração do hotel, a mesma avenida foi palco de um acontecimento que marcaria sua história de modo diverso, quando militares do Forte Copacabana, revoltados com a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, saíram em marcha para encontrar as forças governistas.
Dentre os participantes destacam-se os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos, que desempenhariam importante papel no movimento político conhecido como tenentismo.
O tempo só aumentou a fama da Atlântica, e foram necessárias algumas operações de maior ou menor monta para adaptá-la às novas demandas.
O alargamento e duplicação das pistas se impôs em função da prioridade concedida ao automóvel como meio de transporte.
Na década de 70, foi a vez do interceptor oceânico, além do calçadão, este último dando uma nova amplitude ao local e renovando a marca visual desta avenida, linha de frente em um dos cenários mais belos e conhecidos do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário