Livro de arquiteta conta o deslocamento do poder no Rio pelo tempo
Carolina Monteiro e Flávio Dilascio, Jornal do Brasil
A explicação sobre essas mudanças e as relações de poder que as permearam está em um estudo da arquiteta Rachel Sisson, publicado em 1986 e relançado agora no livro Espaço e poder – os três centros do Rio .
O primeiro centro da cidade, ainda na época colonial e de Reino Unido a Portugal, foi a Praça 15. Uma das vantagens da região era a proximidade com o mar, ou seja, um caminho direto para Lisboa e para o resto do mundo.
– A Praça 15 reunia os prédios mais representativos do poder, entre os quais podemos destacar o Palácio e a Catedral da Sé – comenta Rachel.
A área chegou, inclusive, a ser o centro do império português, quando dom João VI veio para o Brasil, em 1808.
Na Praça 15, estavam reunidos os poderes civil, comercial, político, militar e religioso.
Assim como construções de uso e dimensões especiais que se tornaram marcos.
No período monárquico, o centro do
Àquela época, a área do então centro da cidade ia muito além da que vemos hoje na Praça da República.
O campo de Santana ia até onde é hoje a Central do Brasil. Ali, estava a Igreja de Santana, que deu nome ao espaço.
Segundo a autora, entre as edificações representativas do poder imperial na época, estavam a sede para o Senado da Câmara, que abrigou também a Câmara Municipal e o Supremo Tribunal de Justiça.
– Alguns momentos marcantes da história brasileira aconteceram no Campo de Santana, como a aclamação de dom Pedro I como Imperador Constitucional do Brasil e o seu casamento com Dona Leopoldina.
Os centros se caracterizam por marcos do poder civil, religioso e militar – diz a autora do livro.
O último centro do Rio de Janeiro antes da transferência da capital para Brasília foi a Praça Floriano, mais conhecida como Cinelândia.
Um fator que favoreceu de forma determinante a mudança para lá foi a construção da avenida Central, hoje Rio Branco.
Além da nova via, a transferência do eixo para a Praça Floriano foi resultado da ação do poder vigente, que edificou no local a Câmara Municipal, o Palácio Monroe, a Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal e o Museu Nacional de Belas Artes.
A convergência da avenida Central com a avenida Beira-Mar indicou um novo eixo de expansão do Rio, em direção à Zona Sul, que englobava os bairros preferidos pela elite.
– Achei interessante como o conhecimento dos fatores determinantes na estrutura física do Rio consolida a imagem e o significado do Centro como o conhecemos hoje – comenta a filha da autora, Marta Prochnik, que teve a iniciativa da publicação do texto como livro, pela editora Arcos.
22:44 - 04/04/2010
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