Simulações
Cariocas e turistas poderão ver de arquibancadas como eram os cais da Imperatriz e do Valongo, descobertos em escavações
Publicada em 10/03/2011 às 00h11m
Rogério Daflon
O GLOBO
RIO - O tesouro arqueológico encontrado no início do mês no Centro , durante as obras de drenagem do programa Porto Maravilha, na Avenida Barão de Tefé, vai se transformar num memorial. Nele, pavimentos históricos tanto do Cais da Imperatriz como do Cais do Valongo ficarão a céu aberto. Subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, o arquiteto Washington Fajardo fez o projeto do memorial, cujo espaço total será de 1.350 metros quadrados.
- Um ano antes dos Jogos Olímpicos, o Rio fará 450 anos. Com esse memorial, a cidade vai receber um presente antecipado - disse Fajardo, afirmando que a obra começará assim que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) regional do Rio aprová-la.
( Vídeo: conheça o projeto do cais da Imperatriz e do Valongo )
O Cais do Valongo foi construído no fim do século XVIII para o desembarque de milhares de escravos.
- Os historiadores dizem que, de 1790 a 1831, quando o tráfico de escravos passou a ser ilegal, deembarcaram no Rio cerca de 700 mil africanos, e acredito que a maioria foi no Cais do Valongo - afirma o jornalista Rogério Jordão, que faz doutorado sobre o tema.
Já o Cais da Imperatriz - feito na década de 1840 sobre o Cais do Valongo, numa grande reforma com o intuito de receber a futura imperatriz Teresa Cristina, que se casaria com Dom Pedro II - teve na época como arquiteto o renomado francês Grandjean de Montigny, que, com a queda de Napoleão, se exilou no Rio.
Ao detalhar a obra, Fajardo informou que, ao lado dos pavimentos históricos, haverá um espelho d'água simulando o mar (aterrado pelo então prefeito Pereira Passos na década de 1910).
- O projeto terá acessibilidade para portadores de deficiência física, e, ao longo do percurso nos muros em volta, uma linha do tempo com informações sobre a evolução histórica dos dois cais. Duas arquibancadas, uma em frente a outra, darão diferentes perspectivas para se contemplar o memorial.
- Das arquibancadas, alunos das escolas do Rio terão bons ângulos para entender a história da cidade - acrescentou Fajardo.
O memorial contará com duas salas com mais informações sobre os dois cais e a evolução urbana da Região Portuária. Ali, haverá maquetes expondo essas diferentes fases do Porto. O memorial terá ainda iluminação à noite e quase como uma linha o dividindo ao meio a Rua Coelho e Castro, que faz esquina com a Barão de Tefé.
- O espaço de 1.350 metros quadrados foi a maior janela possível diante da revitalização necessária do Porto - disse Fajardo, ressaltando que a obra de drenagem feita ali na Barão de Tefé é fundamental para a revitalização.
Iphan é simpático ao projeto inicial
O superintente do Iphan, Carlos Fernando Andrade, afirmou que a decisão de aprovação do projeto da prefeitura para o Memorial do Cais do Valongo e do Cais da Imperatriz será feita após uma reunião, na próxima semana, com o prefeito Eduardo Paes, com o subsecretário municipal de Patrimônio, Washington Fajardo, e a arqueóloga Tânia Lima, que vem acompanhando as obras de drenagem do Porto por exigência do próprio Iphan do Rio. Carlos Fernando já teve acesso ao projeto de Fajardo.
- Gostei do projeto, mas o Iphan precisa estudá-lo mais - disse Carlos Fernando, ressaltando que a Região Portuária certamente reserva outras surpresas históricas. - Ao longo dos antigos portos, havia vários trapiches. E sabemos que, além dos cais da Imperatriz e do Valongo, outros pequenos foram aterrados naquela região.
O geógrafo Maurício de Almeida Abreu, um dos maiores estudiosos da história do Rio, disse que o projeto do memorial deve ser amplamente discutido, já que diz respeito a diferentes áreas, como história, geografia, arqueologia, arquitetura e paisagismo.
- A descoberta das estruturas dos cais do Valongo e da Imperatriz é de grande importância para o resgate e a manutenção da memória de nossa cidade. A questão sobre como expor e integrar tais estruturas na área, para que não seja apenas mais um monumento, envolve ação multidisciplinar. Idealmente, esses fragmentos do passado deveriam ser expostos de forma a induzir a reflexão sobre as transformações da cidade e da sociedade - analisa.
Para o subsecretário municipal de Patrimônio, Washington Fajardo, o Cais da Imperatriz quis apagar a história do tráfico de escravos e, portanto, do Cais do Valongo. E o prefeito Pereira Passos, por sua vez, quis apagar a história do Império contida do Cais da Imperatriz:
- O projeto do memorial faz convergir os diferentes tempos do Porto. Por isso é tão importante.
C O M E N T Á R I O S
Pinto_PiuPiu
10/03/2011 - 09h 23m
Povo faz bem em reclamar porque o dinheiro é do povo.
E que achar ruim as reclamações que vá dar o ... para o prefeito.
R-Mac
10/03/2011 - 09h 16m
No computador tudo fica lindo! Mas no mundo real, tem mendigos, tem mijões, tem material de má quaidade pois as empreiteiras tiveram que pagar muita propina e resolveram compensar reduzindo a qualidade, tem taxista bandalha, tem apadrinhado político sem experiência chefiando Fundação por indicação política, tem político eleito não querendo dar força para obra de antecessor, ...
Ou seja, tem Rio de Janeiro, tem Brasil !
neuronio
10/03/2011 - 09h 09m
coiotenando, já existe um propjeto para revitalização da Quinta. Antes de reclamar... se informe!
De onde o senhor ou senhra "mcvxa" tirou a tonelada de concreto? Conheces a Rua Coelho e Castro?
Ô povinho para gostar de "recramar"!
Trismegisto
10/03/2011 - 09h 01m
Restaurem a Quinta da Boa Vista, o Museu de História natural é uma piada! O Zoo é ridículo!! O entorno encontra-se degradado e sujo!! demagogia pura!!
Trismegisto
10/03/2011 - 09h 00m
Mais uma obra de maquiagem sem nenhuma utilidade prática, é Paes!
Xangô_Jr
10/03/2011 - 08h 38m
Parabéns para a Secretaria do Patrimônio!
coiotenando
10/03/2011 - 08h 35m
Enquanto isso ali ao lado na quinta da boa vista o palacio esta caindo!!!
Hipocrisia!!
tolima
10/03/2011 - 07h 40m
Parabens por essa importante descoberta,e esse patrimônio fantástico.
Foi no cais do valongo que se teve o maior tráfico de escravos africanos das Américas,ali desembarcaram milhares de navios negreiros.
E ali que tudo começou,é o berço da africanidade do Brasil.
Caesars
10/03/2011 - 07h 27m
Belo projeto que pode trazer à tona um pouco da história da cidade. Contudo é preciso que o conjunto seja permanentemente vigiado e cuidado para que não se transforme rapidamente em mais uma latrina pública para moradores de rua e outros apertados em suas "necessidades". Sinto muita falta de atenção aos monumentos e equipamentos públicos em parques e jardins. Vide os chafarizes desligados, sujos e o abandono do mergulhão da Praça XV. Não sou derrotista mas a experiência no momento pesa negativa.
mcvxa
10/03/2011 - 07h 02m
mais uma tonelada de concreto desnecessária no centro da cidade... será que não dá pra projetar algo pelo menos bonito ou mais leve?
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