Candelária largada vira crise com Iphan
Administrador da igreja alega falta de patrocínio para obras de restauração. Instituto afirma que falta manutenção periódica
POR CELSO OLIVEIRA
O DIA
Rio - Falta de patrocínio para a realização de obras ou simples descuido com a manutenção? Os administradores da Igreja da Candelária, no Centro do Rio, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) têm opiniões divergentes sobre os problemas na infraestrutura de um dos maiores símbolos do corredor cultural carioca.
Vitrais quebrados mostram a situação da Candelária
Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Para José Gomes, provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, que administra a igreja tombada em 1938, não é possível restaurá-la sem a participação da iniciativa privada ou do poder público.
“A irmandade não tem como bancar sozinha. Teríamos que desviar dinheiro das nossas obras sociais e não podemos fazer isso. O patrocínio é nossa maior necessidade hoje”, afirma o provedor.
Segundo ele, são necessárias obras de grande vulto para recuperar o que o tempo desgastou. O projeto de restauração da área externa, por exemplo, idealizado há quatro anos, quando só o telhado foi restaurado, ficou em R$ 18 milhões. O projeto teria sido abandonado justamente por falta de patrocinador.
“Todas as fachadas precisam ser restauradas, além das pedras pichadas, a cúpula do alto e as torres. Esse projeto pode ser adaptado, mas o custo pode ser maior”, salientou o provedor, que não vê risco para as pessoas com a queda de pedaços de reboco, como ocorreu há 3 meses. “Isso acontece numa área que não afeta quem passa na calçada”.
De acordo com Carlos Fernando de Souza, superintendente do Iphan, o que falta na Candelária é manutenção periódica, o que segundo ele pode ser feito pela própria administração da igreja, com baixo custo e sem a interferência do órgão, vinculado ao Ministério da Cultura. “Todo prédio com certa idade tem queda de reboco. E as pichações podem ser limpas. Não precisa de nenhum grande projeto. O que está faltando ali é responsabilidade mesmo”, critica Carlos Fernando.
Vitrais quebrados e ferrugem
Pode ser que o burburinho intenso do trânsito ao redor da Igreja da Candelária não permita a observação detalhada dos problemas no prédio. Mas basta uma rápida parada para se reparar nos vitrais quebrados, na pintura descascada e na ferrugem que toma conta do cume das torres.
Construída entre 1778 e 1898, a Candelária virou cartão-postal do Centro do Rio, impondo-se pela beleza do estilo neoclássico, grandes e pesadas portas de bronze e interior revestido de mármore.
Ponto de concentração para manifestações políticas, ganhou o noticiário internacional em 1993, quando 8 pessoas, incluindo 6 menores, foram mortas na Chacina da Candelária.
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