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domingo, 2 de dezembro de 2012

FAZENDA DA BARREIRA, A CASA DE VON MARTIUS!


Face oposta da Serra do Mar esconde relíquias históricas e cachoeiras desconhecidas


Especialista acredita que falta de divulgação dos roteiros e ausência de cultura, no Brasil, de passeios ao ar livre são fatores que contribuem para que programas sejam ignorados

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Patrimônio preservado . Na antiga Fazenda da Barreira, subsede do Parque da Serra dos Órgãos, em Guapimirim, funciona um museu dedicado ao botânico alemão von Martius, que catalogou a flora brasileira em livro publicado em 1906 Foto: Custódio Coimbra / O Globo
Patrimônio preservado . Na antiga Fazenda da Barreira, subsede do Parque da Serra dos Órgãos, em Guapimirim, funciona um museu dedicado ao botânico alemão von Martius, que catalogou a flora brasileira em livro publicado em 1906 Custódio Coimbra / O Globo
RIO — Desde o alto da Serra da Mazomba, as águas correm límpidas, contornando pedras e formando uma dezena de pequenas piscinas, ideais para crianças se divertirem sem qualquer preocupação dos pais. A calmaria só é interrompida quando um tropeiro cruza o rio com mulas carregadas de bananas, cena não rara por ali. Chegar a esse bucólico parque aquático natural, no entanto, não é fácil. Da Rodovia Rio-Santos à cachoeira principal, são apenas oito quilômetros. Mas faltam placas para orientar os visitantes de primeira viagem, e o acesso é feito por uma estradinha de terra, impraticável para veículos sem tração nas quatro rodas em dias de chuva. As corredeiras de Mazomba, em Itaguaí, são apenas um exemplo de maravilhas não muito longe do centro urbano carioca desconhecidas por muitos. Uma lista que inclui a Cachoeira do Monjolo, em Santo Aleixo (Magé), a Cachoeira das Sete Quedas e a Furna da Onça (em Cachoeiras de Macacu), além da histórica sede de Guapimirim do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso).
Os cenários inexplorados desse lado B da serra são tão diversos e impressionantes que surpreendem até mesmo quem está acostumado a subir e descer morros, encarando aventuras radicais, como é o caso do montanhista e biólogo Ernesto Viveiros de Castro, chefe do Parque Nacional da Tijuca. Ele acredita que a falta de divulgação dos roteiros e a ausência de uma cultura, no Brasil, de passeios ao ar livre são fatores que contribuem para que programas belíssimos sejam ignorados.
— Essa cultura da trilha e dos passeios ao ar livre não é tão forte por aqui, apesar de a segurança ter melhorado bastante nos últimos anos. A informação disponível é muito fragmentada, restrita a alguns blogs. Falta um portal que reúna tudo — analisa Viveiros de Castro, um dos autores do “Guia de trilhas, cachoeiras e montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos”, livro que lista 43 roteiros dentro da unidade de conservação e seus arredores.
Igreja completa 300 anos
Atrás dessas preciosidades escondidas, O GLOBO foi a quatro endereços num raio de até 150 quilômetros do Centro do Rio. Encravada no meio da Rodovia Rio-Teresópolis, a sede em Guapimirim do Parnaso só pode ser alcançada de carro. Conhecida por poucos, esconde um casarão do início do século XIX, hoje sede de um pequeno museu em homenagem ao botânico alemão Karl von Martius; ruínas de uma central de produção de quina (de onde se extraía o quinino, usado no combate à febre amarela), dois campings e trilhas facilmente percorridas por crianças.
Outra construção do local que vale a visita é a Capela de Nossa Senhora do Soberbo. Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), a igrejinha completa 300 anos em 2013. A principal atração, porém, é o Lago Verde, considerado o mais belo poço balneável do Soberbo. Só é preciso ficar atento às possíveis trombas d’água — fenômeno que ocorre quando uma enxurrada desce com muita intensidade e vai arrastando tudo o que encontra pela frente. Em 2008, seis banhistas desavisados foram mortos por uma delas.
O comerciante Rogério Junger, dono de um restaurante nos arredores, acredita que o elevado preço de acesso ao parque — R$ 11 por pessoa, com desconto apenas para moradores de Guapimirim, Petrópolis e Teresópolis — ajuda a explicar a parca visitação:
— Uma família com quatro pessoas não gasta menos de R$ 100, entre pedágio, acesso e lanche. A sede também é tida como o patinho feio da administração, que dá prioridade às sedes de Petrópolis e Teresópolis.
Do topo da mesma serra, em Santo Aleixo, segundo distrito de Magé, desce o Córrego das Pedras Negras, que deságua na Baía de Guanabara com o nome de Rio Roncador. Antes de ficar poluído, ele percorre seu caminho cristalino e furioso, entre enormes formações rochosas.
Uma dessas depressões forma a Cachoeira do Monjolo, com queda de 26 metros. O santuário fica a apenas uma hora de carro da Zona Sul do Rio e tem fiéis protetores: o casal Erhard Kalloch e Mariana Devoto, criadores da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) El Nagual. Com 19 hectares, a reserva fica a poucos metros da cachoeira, que faz limite com o Parque da Serra dos Órgãos.
O acesso é franqueado a todos. Mas a falta de zelo com o meio ambiente, traduzida no lixo depositado no início da trilha, preocupa o casal. A ausência de sinalização também atrapalha.
— Queremos formar uma agrovila na região, reunindo pessoas que se preocupam com o planeta. Nos fins de semana, o pessoal abusa, deixa sujeira na trilha — lamenta Erhard Kalloch, alemão que teve o nome abrasileirado para Eraldo e teria sido cozinheiro dos Rolling Stones.
Trilhas ganharão guia bilíngue
A cidade de Cachoeiras de Macacu não carrega qualquer falsa propaganda no nome. O município abriga nada menos do que 65 quedas d’água. Dentro dos limites do Parque Estadual dos Três Picos, a trilha que leva à Cachoeira das Sete Quedas e à Furna da Onça pode ser vencida em menos de uma hora por crianças e é bem sinalizada. O visual compensa.
— Estamos na fase final de desapropriação da área e no próximo ano implantaremos melhorias e nova sinalização nessa trilha, que é leve e contribuirá para colocar Cachoeiras de Macacu no mapa turístico do Rio de Janeiro — planeja o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente, André Ilha.
Essas melhorias, diz Ilha, fazem parte de um pacote de 24 trilhas em que o governo do estado promete investir para atrair turistas que venham para o Rio assistir à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos. Na mira estão trilhas também do Maciço da Pedra Branca e da Serra da Tiririca (entre Niterói e Maricá):
— Os parques terão também guias de trilha bilíngues, nos mesmos moldes dos que publicamos para o Parque do Desengano, no Norte Fluminense, além de Unidades de Polícia Ambiental (UPAMs).

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