07/09/2009 - 20:46
Enviado por: Paulo Pacini
JB
Por muitos séculos, a proximidade com o mar conferiu um caráter metropolitano a muitas cidades do mundo, pelo menos até o século XIX.
Muito antes do transporte aéreo, a navegação era a porta de contato com o exterior, através da qual trocavam-se bens materiais e culturais, favorecendo uma transformação dos costumes pela contribuição de diversas influências.
Mas, além de via de intercâmbio, o mar sempre forneceu diversos alimentos, e, nos antigos tempos da cidade, foi mesmo uma de suas principais fontes.
Originalmente, o trecho de litoral entre a Misericórdia e o Morro de São Bento era uma praia, chamada de Praia de Manuel de Brito ou Marinha da Cidade, correndo paralelamente à rua 1º de Março, não muito distante de seu traçado atual.
Ao ocuparem o local, os primeiros habitantes paulatinamente o aterraram, inclusive a área que é hoje a Praça XV.
Nesta época, e até o governo do vice-rei D. Luís Vasconcellos (1779-90), não havia cais.
As canoas encostavam na praia para descarregarem ou para o transporte de passageiros.
O antigo mercado do peixe da Praça XV, onde é a Bolsa atualmente
No trecho da praça oposto ao Paço dos Governadores, junto ao mar, se formou, ainda na colônia, um mercado cujo produto principal eram os peixes. Além destes, eram trazidas verduras e legumes provenientes de plantações ao redor da baía. O comércio da época, contudo, já sofria com os atravessadores, chamados então de "pombeiros". Como se vê, nem tudo muda.
O velho mercado supria grande parte do consumo local, mas era um local lamentável e imundo, só freqüentado por quem realmente lá necessitava ir. Com a chegada da côrte, a presença incômoda do sujo porém necessário mercado tornou-se cada vez mas insustentável. Entretanto, só em 1834, na Regência, é que se iniciaria a transformação desta praça. Sob o comando de Gradjean de Montigny, da missão artística francesa, é construído um novo mercado, com quatro portões de acesso e muitas lojas, que vendiam todo tipo de mercadoria, desde o esperado peixe até ervas, animais vivos e ferragens. Tornou-se o principal do Rio no século XIX, citado em algumas obras literárias.
O mercado de Montigny foi demolido durante as reformas de Pereira Passos, em favor do Mercado Municipal, inaugurado em 1907 no antigo Largo do Moura. Este último também desapareceu, vítima do elevado da perimetral, a obra que mais agrediu a Praça XV, e que agora também se pensa em demolir, fechando um círculo, de certo modo.
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