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segunda-feira, 1 de março de 2010

A FÁBRICA DE GÁS


28/02/2010 - 07:52 Enviado por: Paulo Pacini

A evolução dos grandes centros urbanos em muito se assemelha à história geológica do planeta, onde um lento processo de transformação da paisagem é intercalado por mudanças súbitas de grande porte, alterando de modo imprevisto o ambiente anterior.
Assim, o desenvolvimento normal das cidades é por vezes abalado por intervenções de larga escala, podendo afetar a vida dos habitantes tanto de modo negativo quanto positivo, e de forma duradoura.
Uma das novidades mais benéficas introduzidas no Rio de Janeiro ocorreu no século XIX, quando a iluminação a gás nas ruas criou uma nova relação dos habitantes com o espaço público.
Necessária e desejada por muito tempo, a construção de um sistema de iluminação de tal porte era uma tarefa totalmente fora do alcance financeiro e técnico da maioria dos empreendedores, fossem brasileiros ou estrangeiros.
Isso até 1851, quando Irineu Evangelista de Souza, futuro Barão de Mauá, vencendo a concorrência aberta pelo governo imperial para implantar o serviço, inicia a colocação dos encanamentos e lampiões nas ruas, assim como a construção da fábrica de gás.
O local escolhido situava-se na rua do Aterrado, posteriormente Senador Eusébio (lado direito da Av. Pres. Vargas depois da Praça Onze), ocupando o quarteirão entre as ruas Carmo Neto e Comandante Mauriti, tendo aos fundos a desaparecida rua General Pedra.


A fábrica de gás de Mauá, um marco no progresso carioca


Neste sítio, fora as instalações necessárias para a produção, armazenamento e distribuição do gás, no prédio da fábrica havia laboratórios e oficinas, além da administração e outros escritórios.


A empresa introduziu um nível de relacionamento moderno e sem precedentes com seus empregados, provendo moradia no local para alguns deles, além de biblioteca, botica, tanques para banho e jardim.


Isto em um país em que a escravidão era considerada a grande força motriz da economia, e o trabalho visto como algo degradante pelas elites, que dele queriam distância.


Os funcionários da fábrica realizavam, além disso, treinamento regular contra incêndios.


Como precaução adicional, foram construídos reservatórios de água para a extinção do fogo, tarefa impossível contando-se únicamente com o volume de líquido fornecido pelos chafarizes públicos.


A Companhia de Iluminação a Gás de Mauá foi vendida aos ingleses em 1865, passando a se chamar "Rio de Janeiro Gas Company, Limited", e 20 anos depois transferida a empresários belgas, que formaram em 1886 a "Societé Anonyme du Gaz", responsável pelos serviços até 1969, quando o Estado da Guanabara criou a CEG, privatizada em 1997.


Uma parte do prédio continua a existir no mesmo local, como testemunho do grande acontecimento quando, em 25 de março de 1854, a luz mágica dos primeiros postes iluminou o centro da cidade, causando profundo impacto na população, que não entendia como pôde viver tanto tempo sem esta melhoria.


A antiga fábrica nos lembra o homem de visão e ação que foi o Barão de Mauá, cujas iniciativas vêm beneficiando a população carioca há mais de 150 anos.

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