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segunda-feira, 8 de março de 2010

A RUA DO CANO


08/03/2010 - 09:13 Enviado por: Paulo Pacini

Na maioria dos países banhados pelo mar, sempre houve a tendência a uma concentração populacional em cidades litorâneas, desde os primórdios da civilização.
A facilidade nas trocas comerciais pelo acesso direto aos oceanos incentivou o nascimento e desenvolvimento de vários centros urbanos, especialmente no novo mundo, onde as cidades costeiras foram as sementes da penetração européia no continente, que ocorreria nos séculos seguintes.
Como um dos primeiros pontos da colonização portuguesa, o Rio de Janeiro recapitula em sua história o processo de expansão do litoral para o interior, ocorrido em todo Brasil.
Após as primeiras décadas, com habitações se situando quase exclusivamente no Morro do Castelo, teve início a ocupação de uma faixa de terra à beira-mar entre o Castelo e São Bento, aproximadamente onde é hoje a rua Primeiro de Março.
Desta linha, alguns caminhos se dirigiram para o interior, sendo hoje em dia ruas notórias, como São José, Ouvidor, Rosário e Alfândega.
Uma das vias mais conhecidas, contudo, percorreu o caminho inverso, do interior para o litoral.
É a singular história da Sete de Setembro, antiga rua do Cano.


7 de Setembro em 1908, após as reformas de Passos


Nos início do século XVII, toda área interna a partir do litoral era constituída por terrenos pantanosos.


No Largo da Carioca havia uma lagoa, e daí até o morro de São Bento uma sucessão de charcos devidos à pouca elevação do terreno, que não permitia seu escoamento rumo o mar.


Assim, em 1641, é construída uma vala para drenar a lagoa de Santo Antônio (Largo da Carioca), indo até a Prainha (Praça Mauá).


O trajeto desse escoadouro daria origem às ruas do Acre e Uruguaiana, esta chamada anteriormente de Vala.


Nessa época também foi aberto um dreno auxiliar a partir da vala principal até o mar, na área da Praça 15.


Em 1711 já existia uma rua acompanhando este conduto, há tempos conhecida como rua do Cano.


Poderia se pensar que o nome foi devido à tubulação que levava água para o chafariz da Praça 15, mas esta obra é bem posterior, de 1750.


Segundo o historiador Vieira Fazenda, o cano era na verdade a antiga vala, que, durante a segunda metade do século XVIII, recebeu um revestimento de pedra e cal.


Seria coberta, a partir de 1790, pelo Conde de Resende. O mesmo governante mandou prender em 1794 um conhecido morador do local, o poeta Manuel da Silva Alvarenga, considerado suspeito na caça às bruxas após a Inconfidência.


A rua, contudo, ainda não alcançava a Praça 15, terminando nas terras do convento do Carmo.


Só em 1857 finalmente ganharia seu último segmento, formando o trajeto atual.


No início do século XX foi alargada entre a rua Uruguaiana e a Praça 15, na gestão de Pereira Passos, e, em 1913, da Praça Tiradentes à Uruguaiana.


A velha rua do Cano recebeu em 1856 o nome de 7 de Setembro, já sendo então, como é hoje em dia, uma das principais artérias comerciais do centro do Rio.


Sua peculiar trajetória é representativa das inúmeras transformações acontecidas na cidade em seus mais de quatro séculos de história.

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