A Lagoa de Socopenopã
07/11/2010 - 08:31
Enviado por: Paulo Pacini
JB
Um dos primeiros governadores do Rio de Janeiro, Antônio Salema, procurando incentivar o desenvolvimento local, teve o apoio da coroa portuguesa para instalar um engenho nas proximidades da lagoa de Socopenapã, distante do centro urbano.
Apesar de boas as intenções, o projeto fracassou, sendo vendido em 1598 a Diogo de Amorim Soares.
Da iniciativa de Salema, contudo, ficou estabelecido o acesso à região, o qual incluía uma ponte sobre o rio Carioca no Flamengo, conhecida como Ponte do Salema.
No século XVIII, as terras do engenho, indo do Humaitá até os Dois Irmãos, pertenciam a Rodrigo de Freitas Castro, fidalgo da Casa Real, que acabou emprestando em definitivo seu nome à lagoa.
A propriedade permaneceu nas mãos de seus descendentes até a chegada da Côrte, em 1808.
Lagoa, belo cenário a acompanhar a história carioca desde seu início no século XVI
Em junho desse mesmo ano, através de decreto, as terras seriam incorporadas à Coroa, com o objetivo de lá instalar uma fábrica de pólvora e fundição de armas.
Essas oficinas desapareceriam em um incêndio, no ano de 1851.
Na mesma área, foi criado um "jardim de plantas exóticas", onde se aclimatavam espécies vindas das colônias portuguesas do oriente, tais como cravo, cânfora, jaca, pimenta-do-reino e outras.
Daí se originou o Jardim Botânico, cujo desenvolvimento foi estimulado pelo trabalho de Frei Leandro, ainda no primeiro reinado.
D. João VI visitou algumas vezes a fábrica, mas no caminho que margeava a lagoa, havia, a certa altura, uma enorme pedra que se inclinava sobre a estrada.
O rei, com medo que o rochedo desabasse sobre si, preferia ir pela água, embarcando no Saco da Piaçaba, que ficava onde é a Fonte da Saudade, para saltar mais próximo, contornando o ameaçador penedo.
A "pedra santa", como era conhecida, foi demolida em 1837, desimpedindo a passagem pelo local.
A chegada do bonde na década de 1870 iniciaria o processo de desenvolvimento e ocupação que levou até os dias de hoje, mas a lagoa pagou o preço, perdendo parte enorme de sua área em aterros, além de ter as águas poluídas pelo lançamento de dejetos, levando às repetidas manchetes sobre mortandade de peixes.
Nos últimos anos foram desenvolvidos esforços no sentido de eliminar os lançamentos clandestinos, condição básica para a saúde e equilíbrio do ecossistema.
Espera-se que a proximidade da olimpíada de 2016 favoreça a melhoria das condições, se é que permanece a intenção de utilizar suas águas em competições como o remo.
Só um esforço ininterrupto de saneamento poderá resgatar esta jóia da natureza, verdadeiro cartão-postal a adornar a cidade maravilhosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário