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domingo, 9 de janeiro de 2011

VALENTIM, O MESTRE

Valentim, o Mestre

09/01/2011 - 09:29
Enviado por: Paulo Pacini
JB


Luís de Vasconcellos e Souza, vice-rei de 1779 a 1790, é mais conhecido na história pela repressão à Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789.

Como governante, contudo, não poderia ter adotado outra atitude, e a tragicidade dos acontecimento colocou em segundo plano e relegou ao esquecimento suas realizações, que não foram poucas.

Em grande parte do que foi legado ao Rio de Janeiro esteve presente a mão do grande amigo e um dos maiores artistas do barroco brasileiro, Valentim da Fonseca e Silva, o conhecido Mestre Valentim.



Nascido em Minas Gerais em data incerta, de pai português e mãe brasileira, mudou-se para Portugal com os pais, tendo lá aprendido e se tornado perito em escultura e obra de talha. Ao voltar ao Brasil, dedicou-se inteiramente à sua arte, até porque dela dependia para sobreviver.

Realizando trabalhos excepcionais, como a ornamentação do interior da Igreja da Ordem 3ª. do Carmo, ganhou respeito e notoriedade, recebendo inúmeras solicitações de ourives para projetos de banquetas, castiçais, lâmpadas, etc.





Chafariz das Marrecas, na concepção do historiador Magalhães Corrêa, em sua obra Terra Carioca: Fontes e Chafarizes



Seu talento não passou despercebido a Luís de Vasconcellos, que o encarregou do grande projeto de construção do Passeio Publico sobre o aterro da Lagoa do Boqueirão, tarefa que Valentim se desincumbiu maravilhosamente, criando em 1783 o mais belo jardim do Rio antigo, com várias obras de arte, incluindo a Fonte dos Amores.

Dois anos depois, era inaugurado novo chafariz na rua dos Barbonos (Evaristo da Veiga), considerado sua mais bela obra, onde a água escorria pelos bicos de 5 marrecas, que deram nome ao monumento.

Nele também estavam as primeiras estátuas de bronze fundidas no Brasil, a ninfa Eco e o caçador Narciso, salvas da destruição por Barbosa Rodrigues e atualmente no Jardim Botânico.

Demolido insensatamente no início do século XX para ampliação do quartel da PM, o chafariz também deu nome à rua em frente, aberta em 1789, tendo originalmente o nome de Belas Noites.



A relação de suas obras é impressionante, e sua contribuição talvez seja individualmente a maior do patrimônio histórico carioca no período barroco. Alguns trabalhos dão uma idéia de sua enormidade: além do mencionado, a obra de talha da Igreja da Santa Cruz dos Militares, o altar da Igreja da Conceição e Boa Morte, obras na Igreja do Carmo, Candelária e lampadários de prata do Mosteiro de São Bento e Igreja de Santa Rita.

Também reconstruiu o Recolhimento do Parto, fez o Chafariz das Saracuras, no Convento da Ajuda, remodelou o chafariz da Praça XV, deslocando-o para perto do mar, onde está atualmente. Pode não parecer muito, mas quando se leva em conta o fato de que tudo era feito à mão — e executado com maestria — não se pode deixar de se admirar.





Chafariz de Valentim na Praça XV do tempo de D. Pedro I, em gravura de Debret





Apesar de profissional consagrado e enorme clientela, esse artista terminou a vida na pobreza, falecendo em sua casa na Rua do Sabão (futura General Câmara, lado esquerdo da Presidente Vargas) em 1º de março de 1813, sendo sepultado na Igreja do Rosário.

Gênio incontestável, as obras do velho mestre seguem admiradas pelas gerações que lhe sucederam, as quais jamais deveriam tanto a tão poucos, ou mesmo a um só.



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