O Chafariz da Glória
30/03/2011 - 15:34
Enviado por: Paulo Pacini
JB
Dentre todos os governantes do passado colonial, o nome de Gomes Freire irá sempre se destacar pela amplitude de seu trabalho, o qual procurou favorecer a terra em inúmeros episódios fartamente documentados. Sua estatura, como não poderia deixar de ser, projeta certa sombra sobre os demais ocupantes da mesma posição, sendo portanto necessário e justo lembrar os esforços de outros governadores e vice-reis, até porque sua iniciativa legou grande parte do patrimônio.
Dentre as mais importantes obras do passado, em parte existentes, estão os vários chafarizes da cidade, erigidos da colônia ao Império. Obras literalmente vitais à sobrevivência, uniam engenho e arte ao distribuir de água à população. Para sua execução quase sempre eram encarregados os melhores artistas do tempo, com perícia no trabalho da pedra e fundição de metais, como o conhecido Mestre Valentim. A mais importante peça deste gênero, o Chafariz da Carioca, desapareceria em 1925, mas outros subsistem e adornam o cenário urbano, como o Chafariz da Glória.
Chafariz da Glória, obra de mestres do passado e vítima permanente de vândalos
Construído em 1772 pelo Marquês do Lavradio, no caminho da Glória, possuía oito bicas de bronze, as quais abasteciam um conjunto de tanques na parte central e laterais. Com estética e ornatos típicamente coloniais, prestou valioso serviço aos moradores da redondezas por mais de um século. Suas águas provinham de um aqueduto derivado do mais importante da cidade, o da Carioca, a partir de uma conexão no Curvelo, em Santa Teresa. A desativação do sistema das águas do Carioca e a distribuição residencial por encanamento tirariam a função do chafariz, permanecendo, contudo, como relíquia histórica. Durante a gestão do prefeito Pereira Passos, no início do século passado, o monumento foi restaurado e devolvido à coletividade em boas condições.
Em que pese o valor histórico, o chafariz, assim como a maior parte do patrimônio, tem de travar uma luta cotidiana contra abandono, vândalos e ladrões, além de eventuais ameaças de oportunistas procurando ganhar algo com sua destruição. Recentemente, esta obra passou por uma completa restauração sob os auspícios do IPHAN, na qual foram utilizados métodos e materiais originais da época de sua construção. O belo chafariz, com estética renovada, já sofre de novo, contudo, nas mãos dos predadores, que por ignorância e incapacidade de produzir algo de valor, se realizam destruindo o que pertence a todos. Seria necessária uma estrutura de vigilância mais moderna para os monumentos, para que, tendo miraculosamente sobrevivido, assim continuem pelos séculos afora.
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