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quarta-feira, 4 de abril de 2012

A CADEIA VELHA


A Cadeia Velha


Escrito por Paulo Pacini
Qua, 04 de Abril de 2012 11:48
No início do século XVII, o governo e os representantes da cidade do Rio de Janeiro decidiram que chegara a hora de mudarem a cadeia, que, além dos presos, naquele tempo sediava outros setores da administração pública, como os vereadores, justiça, etc. O prédio na qual funcionava, até então, tinha sido um dos primeiros construídos no Morro do Castelo, a partir de 1567. Com o crescimento da cidade na várzea, próxima à atual Praça XV, contudo, crescia dia a dia a vontade de abandonar o morro, trocando este pela comodidade da vida na "cidade baixa". A cadeia estava inclusive em más condições pela falta de conservação, e as fugas de presos eram freqüentes.
Segundo consta, já em 1624 se tratava da construção da nova cadeia, e o local escolhido se situava onde é o terreno da atual Assembléia Legislativa, de frente para a rua da Misericórdia (Av. Pres.Antônio Carlos). Os trabalhos começaram, e em 1639 se tratava da mudança da Câmara, vinda do Castelo. A obra não foi muito bem feita, com materiais de pouca qualidade, o que levou a inúmeras reformas subseqüentes. Esse fato, contudo, não impediu que o local se tornasse palco de alguns dos acontecimentos mais importantes da história colonial da cidade.
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Prédio da Cadeia velha, de onde Tiradentes saiu para o suplício

Corria o ano de 1660, e o governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides, se vendo às voltas com a falta de recursos para remunerar os 350 soldados em serviço, propôs à Câmara a cobrança de um tributo, uma espécie de imposto predial. A idéia foi rejeitada, e, após discussões, a comunidade ofereceu em seu lugar uma contribuição voluntária, a qual foi comunicada ao governador, que fingiu concordar com os termos. Após viajar para São Paulo, Benevides fez um acordo escuso com alguns compadres e outros personagens de sua confiança para que apoiassem a cobrança à traição do imposto que havia sido descartado nas negociações feitas com a comunidade, cravando um punhal nas costas desta.
A reação não se fez tardar, e uma multidão invadiu a Câmara, instalando nova administração e depondo o governador, a quem consideravam indigno do cargo por suas atitudes. Benevides era um político, contudo, e, realizando manobras de bastidores, conseguiu retornar à cidade seis meses depois, prendendo os líderes da revolta. Aproveitando a oportunidade para vinganças pessoais, mandou decapitar Jerônimo Barbalho, desafeto seu tão culpado quanto qualquer outro. Sua cabeça ficou em exposição no pelourinho que se situava então atrás do prédio da Cadeia. O relato do movimento, contudo, foi enviado a Portugal, o que fez aumentar mais ainda o número de inimigos de Benevides, tornando-se uma das razões de sua futura queda.
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Fundos da Cadeia Velha, local onde foi exposta a cabeça decapitada de
Jerônimo Barbalho em 1661


A esse primeiro mártir contra a tirania se juntaria, mais de um século depois, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que esteve preso no mesmo prédio da Cadeia Velha, saindo dali para o suplício. Apesar de sua história ser muito mais conhecida, tanto ele quanto Jerônimo Barbalho combateram o poder abusivo e as injustiças, e sua luta contra forças poderosas nos lembra que muitas vezes o preço da liberdade é muito alto, mas é melhor que uma vida na infâmia.
O prédio da Cadeia, após várias reformas, continuou presente na vida da cidade, e em 1808 passou a abrigar a criadagem da Corte que servia ao Paço Real, através de uma passarela construída para esse fim. Com a Independência, no local se reuniria a primeira Assembléia do Brasil como nação, o que fez mudar tanto a alcunha do prédio, que de Cadeia Velha passou a Assembléia, assim como da rua em frente, a atual rua da Assembléia. A Cadeia Velha desapareceria nas primeiras décadas do século XX, quando a febre de obras e luxo levou à sua demolição e construção do atual Palácio Tiradentes, sem dúvida muito mais belo, mas que não possui nem de longe o valor histórico de seu antecessor.

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