Desabamento acelera projeto do Crea-RJ para
que imóveis tenham “certidão de nascimento”
Centro do Rio tem mais de cem construções em risco, alerta conselho
Do R7 | 16/05/2012 às 05h30
Marcos de Paula/AE
Parte do sobrado na rua do Lavradio desabou e
deixou dois feridos na terça-feira
deixou dois feridos na terça-feira
Os recentes desabamentos no centro do Rio de Janeiro fizeram o Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e a Secretaria de Urbanismo do Rio acelerar o processo de criação de um projeto que prevê o cadastramento individual dos imóveis da cidade. Em 25 de janeiro, três edifícios desmoronaram na rua 13 de Maio, deixando ao menos 17 mortos. Na terça-feira (15), o segundo andar de um sobrado na rua do Lavradio veio abaixo. Duas pessoas que passavam pela calçada se machucaram.
De acordo com Agostinho Guerreiro, presidente do Crea-RJ, a intenção é que os imóveis antigos sejam documentados um a um, para que possam ser acompanhados e vistoriados de maneira mais eficaz.
— Para os imóveis antigos, a ideia é ter uma certidão de acompanhamento, onde tenha todas as informações sobre alteração, reforma, sobre a situação do prédio de forma geral.
No caso dos imóveis mais novos, Guerreiro explicou que o objetivo é criar certidões de “nascimento”, com informações semelhantes às incluídas no documento destinado aos prédios históricos.
— A intenção é que essa certidão de nascimento tenha detalhes da construção e de toda a estrutura do imóvel.
Agostinho Guerreiro explicou que o cadastro dos imóveis poderá ser atualizado pelos proprietários por meio de uma página na internet. Será possível inserir virtualmente informações sobre alterações na construção e até mesmo fazer perguntas sobre o estado de conservação dos edifícios.
— Depois de realizarmos os cadastros, queremos criar uma página para que as pessoas entrem, coloquem perguntas, problemas e indiquem possíveis obras de reforma que serão realizadas. Até uma pessoa que pretende comprar um imóvel, poderá perguntar a situação do prédio, se vale a pena investir ali ou se corre riscos.
Embora acredite que a ideia diminuirá de forma considerável os riscos de desabamento em construções antigas, Guerreiro alertou que não se trata de uma estratégia emergencial. Será preciso tempo para que o projeto entre em vigor, se estabilize e funcione como ferramenta à sociedade.
— É um sistema para médio e longo prazo. Não resolve de imediato. Cada imóvel tem de ser identificado, temos de passar por uma série de processos. Não será feito do dia para a noite. Mas no futuro irá ajudar muito como estratégia de prevenção de novos acidentes como este do sobrado.
Mais de cem construções em risco
Um mapeamento realizado pelo Crea-RJ, que contou com o apoio de denúncia de moradores e frequentadores do centro do Rio, identificou que mais de cem construções estão abandonados e em degradação, o que pode resultar no desabamento parcial ou total dos prédios.
Segundo Agostinho Guerreiro, a região central do Rio, considerando Gamboa, zona portuária e a área de acesso à Tijuca (zona norte), precisa ser vigiada.
— Temos nessa área, com certeza, mais de cem construções com risco de degradação e que podem causar problemas mais sérios no futuro. Estão em situação de abandono.
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