Cabo Frio ganha roteiro de turismo histórico
Beco do Príncipe é um dos destaques do tour que começa neste sábado
RIO - Famosas por suas belas praias e noite movimentada, as cidades da Região dos Lagos têm em sua história atrativos pouco conhecidos pelos turistas. Esse potencial inexplorado motivou o lançamento, a partir deste sábado, de um roteiro gratuito com dez importantes pontos históricos da cidade. Idealizadora do circuito, a jornalista Maria Werneck diz que o objetivo é desmistificar a ideia de que a região só pode proporcionar turismo de praia e sol. Filha do falecido historiador Márcio Werneck, um carioca que se radicou em Cabo Frio, ela cresceu escutando relatos sobre a importância histórica da região, que foi uma das primeiras a ser colonizada no país por causa de sua localização geográfica.
A primeira câmara municipal do Brasil foi construída em Cabo Frio e seu prédio, na Praça Porto Rocha, está lá até hoje, e bem preservado. Pouca gente sabe também que a cidade é apontada em cartas do expedicionário Américo Vespúcio como a primeira feitoria do Brasil, instalada em 1503. O título, porém, é polêmico, já que alguns historiadores garantem que a primeira feitoria foi criada na Ilha do Governador, no Rio.
— Em Paraty e Ouro Preto, por exemplo, vemos um estímulo do turismo para a valorização da história dessas cidades e seus prédios. Cabo Frio foi uma das primeiras regiões a serem colonizadas no país por causa da localização geográfica e da presença de pau-brasil, de grande importância econômica na época. É este potencial que exploramos nesse roteiro — explica Maria Werneck.
Os pontos altos do passeio são o Forte de São Mateus (1617), localizado na Praia do Forte; o bairro da Passagem, que abriga as primeiras construções do município, como a Igreja de São Benedito (1740) e o Beco do Príncipe; o Convento de Nossa Senhora dos Anjos (1696), tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); e a capela do Morro da Guia, onde fica hasteada a bandeira nacional, ao lado da também histórica ponte Feliciano Sodré, sobre o Canal Itajuru.
— Temos aqui resquícios da pré-história, da forte presença dos índios Tupinambás e do período pós-descobrimento. Os portugueses só conseguiram fundar a cidade de Santa Helena, origem de Cabo Frio, em 1615, porque a região era dominada por holandeses, franceses e ingleses que vinham explorar o pau-brasil, abundante aqui — conta o secretário municipal de Cultura, José Correa, lembrando que entre Cabo Frio e Búzios, na Apa do Pau-Brasil, estão as maiores reservas de pau-brasil no país.
A superintendente do Iphan no Rio, Cristina Lodi, disse que a história de Cabo Frio, cujo conjunto paisagístico é tombado pelo instituto desde 1967, se confunde com a própria história da ocupação e defesa do território brasileiro.
— São memórias que começam bem antes da cidade ser fundada e que até hoje se fazem presentes através da rica arquitetura, paisagem e arqueologia locais — disse a superintendente.
A jardineira do roteiro histórico de Cabo Frio parte da Secretaria de Turismo todos os sábados às 16h e o passeio tem duração de duas horas.
O Museu do Surf da cidade, que tem 705 pranchas raras e é apontado como o maior da América Latina e um dos cinco mais importantes do gênero no mundo, ficou de fora do roteiro por não fazer parte do patrimônio histórico. Instalado provisoriamente na Rua Jorge Lóssio 899, no Centro — a nova sede está sendo construída na Praia do Forte —, o museu é um dos locais mais visitados de Cabo Frio. Também estão fora do roteiro a casa do artista Carlos Scliar, no Boulevard Canal, e as áreas de sambaquis da Praia das Conchas e as dunas do Peró, ao longo do acesso a Búzios.
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