FALE COM OS MONARQUISTAS !

FAÇA PARTE DO NOSSO GRUPO NO YAHOO

Inscreva-se em DMB1890
Powered by br.groups.yahoo.com

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CENTRO HISTÓRICO DO RIO, PATRIMÔNIO AMEAÇADO PELA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA !


Venda em bloco de casarios históricos da Rua da Carioca pode despejar lojas centenárias


Lojistas inquilinos de imóveis tradicionais como Bar Luiz e A Guitarra de Prata temem ser despejados

Publicado:

O tradicional comércio da Rua da Carioca pode perder 19 de suas lojas
Foto: Domingos Peixoto / O Globo
O tradicional comércio da Rua da Carioca pode perder 19 de suas lojasDomingos Peixoto / O Globo
RIO - A Rua da Carioca, um dos mais tradicionais endereços do comércio de rua do Rio, com estabelecimentos centenários como Bar Luiz, Vesuvio e A Guitarra de Prata, teve parte de seu casario histórico posto à venda. Há pouco mais de um mês, comerciantes de 19 imóveis da rua começaram a ser informados da venda pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, proprietária das lojas, dentro de um lote de 42 edificações em 13 ruas do Centro e da Zona Sul, como noticiou a coluna Gente Boa, do GLOBO. Avaliados em R$ 54,85 milhões, os imóveis deverão ser vendidos em bloco. Segundo documento ao qual O GLOBO teve acesso, a instituição religiosa estaria se desfazendo de parte de seu patrimônio devido a dívidas bancárias, fiscais e previdenciárias.

As notificações sobre a venda começaram a ser entregues no início de julho, dando prazo até 18 de agosto passado para que lojistas interessados na compra se apresentassem. Segundo comerciantes, contudo, a venda em bloco inviabilizaria a compra, devido ao alto valor pedido. Dizendo-se de mãos atadas, eles temem eventuais despejos ou mudanças nos contratos de locação.
O presidente da Sociedade Amigos da Rua da Carioca e Adjacências (Sarca), Roberto Cury, diz que os lojistas se reuniram para discutir o assunto. Mas eles não teriam como arcar com a aquisição em bloco:
— São muitos imóveis, em muitas ruas. Na Carioca, vão vender do número 11 ao 53, com exceção do Cine Íris e do Shopping Matriz, que já foram vendidos. As notificações davam 30 dias, como prevê a Lei do Inquilinato. Mas não houve como exercer essa preferência de compra. Os lojistas estão desesperados.
Outro receio é da perda da tradição das lojas, caso os imóveis sejam comprados por um único empresário que queira mudar o destino dos estabelecimentos. O casario da Rua da Carioca é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) desde 1983, e o conjunto arquitetônico é protegido por legislação municipal do Corredor Cultural.
Com 125 anos, o Bar Luiz ocupa um dos imóveis da lista. Fundado em 1887 na Rua da Assembleia, o bar se mudou para a Carioca em 1926. Foi um dos primeiros a servir cerveja e chope no Rio. A possibilidade de ter que sair do local preocupa frequentadores e funcionários.
— O bar chamava-se “Braço de Ferro” porque, no início, a cerveja era disputada no braço. Os bares só vendiam vinho — diz o garçom João Natal, um dos mais antigos do Bar Luiz.
Vizinho de parede do bar e também na iminência da venda, a loja de instrumentos musicais A Guitarra de Prata já atendeu clientes famosos como Pixinguinha, Dorival Caymmi, Nelson Gonçalves e Paulinho da Viola. Na loja, há 125 anos no mesmo endereço, o compasso é de espera.
— Nosso contrato vence em dois anos. Mas há muita falta de informação. É uma insegurança grande e uma pena — diz o gerente, Afrânio Capitine.
O GLOBO procurou a Ordem Terceira, mas não obteve retorno. No texto das notificações, a instituição afirma que a “alienação em bloco de imóveis é imprescindível à instituição, diante da urgente necessidade de quitar parte de seu passivo fiscal, tributário, previdenciário e bancário, e à continuidade das atividades do Hospital Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência”.
Subsecretário de Patrimônio faz críticas à venda em bloco
O subsecretário municipal de Patrimônio, Washington Fajardo, disse ter sido procurado por inquilinos receosos do destino da Rua da Carioca. Ele criticou a venda em bloco dos imóveis pela instituição:
— A venda em lote impede a compra pelos inquilinos. O valor é alto. Não tenho dúvida de que, se a venda fosse fracionada, seria feita rapidamente. A venda em lote busca o lucro, sem considerar inquilinos históricos. É um modo pouco cristão de cuidar do patrimônio. Um capitalismo selvagem sendo praticado por uma ordem religiosa.
Os imóveis à venda ficam à esquerda da Carioca, nos limites do Morro de Santo Antônio. O lote de 42 imóveis inclui quatro na Avenida Rio Branco 100, na área chamada de “Ferro de Engomar”, pelo formato triangular do terreno. Os demais imóveis ficam nas ruas Miguel Couto (5), Teófilo Otoni (4), Primeiro de Março (1), Sete de Setembro (1), Gonçalves Dias (1), Senhor dos Passos (1), Uruguaiana (2), Mem de Sá (1) e Visconde de Pirajá (1), na Travessa do Ouvidor (1) e Largo de Santa Rita (1).


Nenhum comentário: