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terça-feira, 13 de novembro de 2012

CENTRO EMPRESARIAL SENADO . . .


Futura sede da Petrobras atrai empreendimentos e revitaliza área do Rio antigo

Os pontos comerciais se multiplicam para disputar cerca de dez mil funcionários da empresa


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Casario no entorno do novo prédio da Petrobras, na Rua do Senado: renovação Foto: Carlos Ivan / O Globo
Casario no entorno do novo prédio da Petrobras, na Rua do Senado: renovaçãoCarlos Ivan / O Globo
RIO - “O lugar está com outro aspecto, de cidade mesmo, sabe?” O comentário da contadora Madalena de Freitas Costa, moradora da Travessa Dídimo, no Centro, vem depois da enumeração de mudanças que tem percebido em sua vizinhança: restaurantes e lojas abrindo, mais segurança à noite e melhor iluminação nas ruas. Como vários outros moradores e comerciantes da região, Madalena vive a expectativa do fim das obras no entorno do Centro Empresarial Senado, nova sede da Petrobras a partir de janeiro, no quarteirão formado pelas ruas do Senado e dos Inválidos, pela Avenida Henrique Valadares e pela Travessa Dídimo. Depois de mais de quatro anos de muita poeira e barulho de máquinas, a ida da estatal para o endereço, aliada a obras de urbanização, começa a mudar a paisagem local.
Os pontos comerciais se multiplicam para disputar cerca de dez mil funcionários da Petrobras, mais quatro mil pessoas que visitarão as torres diariamente, segundo estimativas da WTorre Rio, construtora responsável pelo empreendimento de R$ 600 milhões, que será alugado pela estatal. Na Avenida Henrique Valadares 17, a Galeria da Lapa, aberta há poucos meses, oferece 18 boxes para comerciantes — dez já estão ocupados. O aluguel do espaço de cinco metros quadrados custa R$ 3 mil. Há três meses no ponto, os donos do Mix Café estão ansiosos.
— Já adiaram a inauguração das torres algumas vezes. Esta parte do Rio estava meio morta e agora terá grande circulação. Resolvi apostar aqui — diz Patrícia Pinheiro, sócia do café.
Dono do recém-aberto restaurante Rösti Grill, na mesma avenida, Luis Felipe Murray pensa em adquirir outro imóvel na região para mais um negócio. Mas, na corrida por pontos comerciais, a WTorre saiu na frente e comprou 12 sobrados nas ruas do Senado e dos Inválidos, que estão sendo revitalizados e serão alugados para comerciantes. Outras 13 construções da área, incluindo a Igreja de Santo Antônio dos Pobres, o Palácio da Polícia Central e a Sociedade Brasileira de Belas Artes, também estão sofrendo melhorias — algumas são parte do acordo feito com a prefeitura na aprovação do projeto das torres. A previsão de Antonio Paulo Magalhães, diretor da WTorre Rio, é que as obras, na maior parte de recuperação de fachadas, telhados e estruturas, fiquem prontas até o fim do ano, assim como todo o entorno do empreendimento:
— A área vai virar o ano com novos calçamento e paisagismo, além de postes com iluminação em LED instalados. Só ficarão para 2013 a urbanização do trecho que liga o empreendimento à Central do Brasil, pela lateral do Campo de Santana, e a recuperação da Garagem Poula (uma cocheira da época do Império), que compramos com a intenção de ocupar com uma livraria e um bistrô. Já funcionam na região 12 câmeras.
Os novos tempos vêm acompanhados pela alta vertiginosa dos preços de imóveis que se vê em outras partes da cidade. Um estudo imobiliário sobre a região encomendado pela WTorre Rio mostra um aumento de até 450% nos valores entre 2007 e maio de 2012. A experiência de compra da própria empresa mostra a elevação.
— Na aquisição dos primeiros sobrados, pagamos entre mil reais e R$ 1,5 mil pelo metro quadrado. Nos últimos, o valor já estava em R$ 10 mil — conta Magalhães.
Imóvel de R$ 135 mil hoje vale R$ 450 mil
Outro exemplo é o prédio residencial na Rua da Relação 43, que acaba de ficar pronto. O comandante de embarcações José Carlos Ramos comprou em 2010, ainda na planta, duas unidades de quarto e sala por R$ 135 mil. Hoje, cada apartamento não sai por menos de R$ 450 mil.
Morando de aluguel num imóvel de dois quartos na Travessa Dídimo, o bancário Michel Costa conta que o valor do contrato há dois anos era de R$ 900. Hoje, os proprietários não pedem menos de R$ 2.200.
— Apesar do aluguel mais caro, os moradores estão empolgados. Sofremos um bocado com as obras, várias construções tiveram rachaduras e agora queremos ver o resultado. O trânsito é que ficará um caos — teme Michel.
O Centro Empresarial Senado inclui no subsolo uma garagem com cinco pavimentos e cerca de duas mil vagas, num estímulo ao uso do carro no Centro Histórico que vai na contramão das tendências internacionais de sustentabilidade. Segundo Magalhães, cerca de cinco mil funcionários da Petrobras vão de carro para o trabalho. Moradores como Michel acreditam que as vias estreitas da região não suportarão tamanho movimento de veículos. O diretor da WTorre Rio argumenta, no entanto, que um acordo com a CET-Rio garantirá boa fluidez ao trânsito: serão instalados 14 sinais luminosos na área, que poderão ser ajustados de acordo com os fluxos de cada horário do dia; as ruas ganharão recuos para os pontos de ônibus; e as áreas de estacionamento nas vias serão eliminadas.
Três dos sobrados comprados pela WTorre já têm destino certo. O que fica na esquina da Henrique Valadares com a Rua dos Inválidos abrigará um banco. Já dois sobrados contíguos na Inválidos terão seus espaços internos integrados para receber uma filial de uma rede de fast food. Entre a futura lanchonete e o banco, fica a papelaria Radial, no número 98 da Inválidos. Funcionando ali desde os anos 50, o estabelecimento foi alvo de uma oferta de compra de R$ 6 milhões da WTorre. A resposta dos irmãos proprietários do negócio foi “não”.
— Nascemos e moramos aqui. Não é agora que as coisas tendem a melhorar que vamos nos desterrar. Contribuímos muito para que esse terreno (das torres) não fosse invadido (eles costumavam alertar a polícia para a presença de invasores). Ele ficou abandonado por anos — conta Manuel Silva, um dos donos da papelaria.
Uma das expectativas de Manuel é se a nova rede de drenagem instalada pela WTorre nas ruas da área e o piscinão para captar a água da chuva serão eficientes para dar um fim às constantes enchentes. Segundo Magalhães, as tubulações de esgoto e de águas pluviais foram separadas. Já a capacidade do piscinão — de oito milhões de litros de água — foi definida com base no maior índice de chuva dos últimos 25 anos.
No local viveram Villa-Lobos, Dalva de Oliveira e Mário Lago
Esta não é a primeira vez que o terreno da Rua do Senado onde foram construídas as torres sofre uma grande mudança depois de um período de abandono. Até 1890, ficava ali a Chácara dos Inválidos, uma propriedade decadente que servia de abrigo para pessoas sem moradia. Em seu lugar, naquele ano, começou a construção da Vila Rui Barbosa, que ocupou todo o quarteirão com 145 casas para famílias e 324 cômodos para solteiros em sobrados. A curiosidade é que, nos andares para solteiros, era exigido um casal na extremidade de cada corredor para se manter a decência.
Inaugurada em 1901, a vila só ficou pronta em 1912. Em seu interior, de ruas arborizadas, havia também uma lavanderia, armazéns e uma carvoaria. O conjunto arquitetônico em estilo eclético, construído para ser uma vila operária, acabou ocupado por cariocas de classe média.
No livro “No tempo da Vila Rui Barbosa”, o jornalista Celso Balthazar detalha histórias dos moradores ilustres da vila, que, no final da década de 1910, já se mostrava um forte reduto de festas.
O músico Heitor Villa-Lobos, por exemplo, morou com a mulher no número 10 da Rua Dídimo. Outros nomes de peso da música brasileira na vila foram Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, que levaram para morar lá o parceiro Nilo Chagas, com quem formavam o Trio de Ouro. Já o ator Mário Lago, segundo Balthazar, foi viver na vila ainda menino. O apresentador Silvio Santos e o radialista Luiz Mendes também moraram no conjunto, que acabou demolido nos anos 70. A intenção era construir prédios residenciais no terreno, que ficou desocupado até o início das obras das torres.

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