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segunda-feira, 22 de março de 2010

A RUA DO PASSEIO

A Rua do Passeio


22/03/2010 - 07:19 Enviado por: Paulo Pacini


Durante longo período, a comunicação entre a cidade do Rio de Janeiro e sua periferia foi limitada por vários obstáculos naturais, como pântanos e morros.

O acesso por terra à zona sul no século XVII, por exemplo, só era possível através de uma rota que, iniciando junto à ermida de N. Sª da Ajuda, aproximadamente na esquina da rua Evaristo da Veiga com a Cinelândia, contornava a lagoa do Boqueirão, onde é o Passeio Público, seguindo pelas atuais ruas da Lapa e Catete.

Este caminho chamou-se inicialmente Ilharga da Ajuda, mas foi logo conhecido como Caminho do Boqueirão.

Um endereço nada atraente, pois a área era um depósito de imundícies e criadouro de mosquitos.

Só morava no local quem não dispunha de melhor opção.

Tudo mudaria a partir de 1783, quando surge o Passeio Público, construído sobre o aterro da lagoa.

Verdadeira jóia do Mestre Valentim, o Passeio conferiu outra dignidade à região, procurada por poderosos e abastados.

Como ninguém queria se lembrar do que antes existia, o Caminho do Boqueirão mais uma vez mudou seu nome, desta vez para Rua do Passeio.



Biblioteca Nacional e Cassino Fluminense, início do século XX


Nela foi instalada, a partir de 1808, a Biblioteca Real, atual Nacional, a primeira do Brasil.


Permaneceu nesse endereço até a construção da sede na Av. Rio Branco, inaugurada em 1910, e no lugar do prédio original está a Escola de Música da UFRJ.


Na esquina com a rua das Marrecas ficava a casa do Conde da Barca, antigo ministro de D. João VI.


Em sua morada nasceu a Impressão Régia, origem da atual Imprensa Nacional, e também o primeiro jornal do Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, no mesmo ano de 1808.


Em meados do século XIX abrigou duas secretarias do Império, Exterior e Justiça, no mesmo local do prédio do antigo cinema Metro-Boavista.
Ao lado da biblioteca, ficava o antigo Cassino Fluminense, inaugurado em 1860, com projeto do arquiteto Araújo Porto Alegre.


Um dos principais centros de diversão no século XIX, tornou-se em 1910 o Clube dos Diários, que trabalhavam no Rio mas moravam em Petrópolis, indo e vindo cotidianamente.


Em 1924, passa a sediar o Automóvel Clube do Brasil, adquirindo uma dimensão política, pois é onde todos candidatos à presidência da República são apresentados, até 1930.


O antigo prédio foi até locação de filme, na chanchada "O Homem do Sputinik", de 1959, com Oscarito e Norma Bengell, que faz uma divertida paródia de Brigitte Bardot.


Mas o episódio mais importante ocorreu em 30 de março de 1964, quando o presidente João Goulart fez seu último discurso, durante o aniversário da Associação dos subtenentes e sargentos da Polícia Militar.

Tentando se equilibrar entre a necessidade de reformas de cunho social e a legalidade, sua intervenção foi vista como mais uma provocação pelos militares.


No dia seguinte, iniciava o longo período de ditadura, só terminando em 1985.


Cenário de vários episódios de nossa história, o Automóvel Clube é um dos poucos sobreviventes da Rua do Passeio, berço insuspeito de algumas das mais importantes instituições brasileiras.

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